Capítulo 11

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∞ Daniela

As investigações sobre o pai do Afonso continuam a ser uma prioridade neste momento, há anos que tentamos estabelecer uma ligação entre ele e todos os atentados contra a minha família, mas existe sempre alguma fenda nos raciocínios. Paralelamente a esta investigação, procuro também saber qual a chave do tão famoso cofre, sei onde ele está mas não posso aceder a ele porque não sei a palavra passe. Durante anos tentei milhares de possíveis palavras, até o advogado me ajudou mas nunca conseguíamos encontrar a chave correta. Pelo que me foi informado, pelos responsáveis do banco suíço, basta apenas termos a combinação correta e teremos livre acesso á ala onde está guardado o cofre.

O meu raciocínio é interrompido pelo som incessante do telemóvel. Vejo o nome da Íris e o número de chamadas não atendidas e assusto-me com a quantidade de vezes que me tentou ligar.

Assim que atendo a chamada sou atingida por uma crise de choro, a minha secretária é muito eficiente no seu trabalho mas o histerismo é um ponto negativo na sua personalidade. Já com uma terrível dor de cabeça, acabo por apoiá-la numa mão e massagear a testa numa tentativa de aliviar a dor, enquanto espero que o seu ataque passe e me explique a que se deve esta chamada. Os minutos passam e ela continua a chorar e a murmurar palavras indecifráveis, respiro fundo várias e várias vezes e tento não associar esta crise a algum problema na empresa.

- Íris, importas-te de te acalmar? Eu não consigo perceber o que tens nem te poderei ajudar se não me explicares o que se passou.

- Chefinha, a minha vida está arruinada!

- O que é que se passou?

- Chefinha, eu tentei juro que tentei tudo para engravidar, a chefinha sabe dos esforços todos que fiz para conseguir ter estes dois doces.

Durante meses a fio o seu tema predileto nas conversas eram a maternidade, ela e o Simão tentaram durante muito tempo ter um filho, fizeram tratamentos, fizeram os possíveis e impossíveis para conseguirem aumentar a família mas cada vez parecia que essa vontade teria de ficar assim mesmo: como uma mera vontade. O nascimento da Emily foi doloroso para ela porque ela também desejava ter um filho e não conseguia... e acabava por invejar todas as mulheres que engravidavam. No entanto, ao fim de alguns anos ela finalmente conseguiu, e engravidou de gémeos: a Clarisse o Miguel.

- Mas eu fiz uma coisa muito feia para os ter... - Ela funga de novo e receio um novo ataque de choro mas, incrivelmente, ela controla-se – Eu traí o Simão para conseguir engravidar.

- Desculpa?! Tu o quê?

- Chefinha, a senhora sabe que amo aquele gatinho, fiquei logo doida no dia em que o vi na sua empresa. Mas quando chegaram os resultados de uns exames que tínhamos feito e vi que ele é estéril quase morri. Eu queria tanto ter filhos, não era justo todas as minhas amigas engravidarem e eu aqui sem nenhuma criança no colo. Fiquei tão mal que saí á noite e dormi com o primeiro homem que apareceu á minha frente.

Fico sem reação com a história dela e, ao perceber que da minha boca não sairiam quaisquer palavras, ela continua:

- O problema é que o raio do homem descobriu que é o pai dos meus meninos e tem vindo a extorquir-me dinheiro nestes últimos meses e eu pagava sempre, cada vez mais e mais. Mas nesta última vez cansei-me e ele foi procurar o Simão.

- Chefinha!! O Simão odeia-me! – Grita e desaba novamente num choro sofrido – Ele não me pode ver á frente.

- É normal que agora esteja chateado, dá-lhe tempo para assimilar tudo e depois tenham uma conversa, vocês estão juntos há muitos anos e acredito que conseguirão ultrapassar esta situação.

Segredos Perversos - A disputa (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora