Segredos Perversos - A disputa (livro 3)

Capítulo 39-parte 1

O fim-de-semana passou rapidamente, quando dei por mim estava a chegar a hora do Lucas partir de novo. Ele dormia ao meu lado, o seu braço a segurar o meu corpo com possessividade, a sua respiração calma junto ao meu pescoço enquanto eu encarava o relógio, contando, em silêncio, os segundos que faltavam para o ter longe de mim, outra vez. Recordava cada palavra de carinho trocada, cada gesto, cada beijo e cada carícia. Já sentia saudades sem sequer partir. Cada vez que fechava os olhos o meu coração acelerava como um louco, como se quisesse sair do meu peito.

O sol invade o quarto, o Lucas geme algumas palavras indecifráveis enquanto esconde o rosto no meu peito. Acaricio os seus cabelos e chamo-o baixinho, ignorando o medo de vê-lo ir-se embora.

- Eu não quero ir... - Reclama.

- Nem eu quero que vás mas...

- Mas é perigoso! – Interrompe-me – Dizes sempre o mesmo Dany. Eu não sou nenhuma criança, já sei cuidar de mim. Pensa em nós, pensa nos nossos filhos – ele acaricia a minha barriga – queres que eles fiquem longe de nós? Podemos ir embora e esquecer isto tudo.

- Esta história precisa de um ponto final. Já sofreu muita gente, está na hora de a terminar. – Beijo os seus lábios devagar – Dá-me uns dias e depois poderemos finalmente ser uma família.

Ele suspira derrotado.

- Como queiras.

Fico na cama a vê-lo vestir-se e depois a vê-lo sair. O meu coração parou no exato momento em que a porta se fechou. Respiro fundo antes de me levantar e vou ao encontro do Dinis.

- Já 10 homens foram presos. – Informa assim que me sento ao seu lado – E todos eles estão a dar novos nomes. Há muita gente importante metida ao barulho mas o maior é o Américo Dias, o pai...

- O pai do Afonso. – Concluo – Por isso é que sabia do que se tinha passado no colégio.

- A Interpol já emitiu um mandato de captura assim como para o Afonso. Em breve vai estar tudo resolvido.

Sorrio aliviada mas sem saber que a maior provação estava prestes a chegar. A manhã passa lentamente, a polícia a entrar em constante contacto connosco, o meu pai a tentar falar comigo...

- Como é que estás? – Pergunto enquanto lhe entrego um café.

- Cansado disto. Estive a falar agora com a Rafa, os miúdos estão fartos de perguntar por mim, ela não sabe mais o que lhe dizer...

- Dinis... - Forço-o a olhar-me nos olhos – Vai ter com eles, a sério. Isto já está encaminhado, eu posso tratar do resto do processo. O Lucas partiu esta manhã, ele está seguro, os meus filhos também estão. Mas a tua família não, eles precisam de ti ao lado deles. Tenho um voo para daqui a três dias para Nova Iorque e o Lucas vai lá ter também, depois vamos para um lugar seguro até tudo isto acalmar.

- Não posso deixar-te...

- Eu sei cuidar de mim Dinis. – Sorrio – Já não sou aquela menina indefesa que vivia colada a ti, há muito tempo que a deixei. Agradeço tudo o que fizeste por mim durante todo este tempo, agradeço do fundo do meu coração. Amo-te como um irmão e nunca vou esquecer do que fizeste por mim. As nossas famílias estavam mergulhadas em segredos terríveis, segredos perversos e temos suportado tudo isso, mas agora a história está a mudar... Finalmente a nossa história será reescrita e prevejo um final feliz. Mete-te no primeiro avião que houver para Itália e vai ser feliz ao lado da tua mulher e dos teus filhos. Mantém-te longe das câmaras, longe do estrelato, mantém-te longe de tudo o que vos possa comprometer até tudo isto acalmar. Eu vou fazer o mesmo. E um dia voltaremos a estar juntos. Tenho a certeza que sim.