Capítulo 34

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* Rafaela

Fui deixada na entrada de um hotel, a Dany disse que estava na hora de fazermos um programa de mulheres e acabei por concordar – realmente merecíamos um descanso, e os ficavam com as crianças. Sendo assim, partimos as duas em direção a um hotel onde iria aturar um cantor que ambas apreciamos, Sam Smith, e no dia seguinte relaxaríamos no spá e de tarde irias passear pela cidade. O entanto, quando chegamos ao hotel, a Dany lembrou-se que se tinha esquecido de algo em casa e, depois de quase me expulsar do carro, foi-se embora.

Ainda atordoada com a sua reação, entro no hotel com o intuito de subir para o quarto. Mas, na receção, quando anuncio o meu nome, o gerente sorri e entrega-me um envelope.

Curiosa, apreço-me a abrir o envelope. De dentro retiro uma folha pequena, que emana o cheiro do perfume do Dinis. Ao longo do papel vejo a sua letra tosca -ás vezes até difícil de entender.

"Olá, meu amor.

Quando chegares ao fim irás encontrar uma surpresa, mas para isso, terás de te lembrar de todos os pormenores da nossa história. Eu lembro-me e nunca me esquecerei, porque ela, tal como tu, pertencem á parte mais importante da minha vida. "

Sorrio com cada palavra. Claro que conheço.

" lembras-te de como nos conhecemos? Então a próxima pista está lá.

Te amo. "

Parada na entrada do hotel observo todo o ambiente. Eu e o Dinis conhecemo-nos numa floresta depois de eu ter fugido do colégio. Ele parecia um desgraçado qualquer, um sem abrigo muito atrevido.

Ao fundo vejo um canteiro com flores artificiais. Observo cada planta e, No meio das rosas, encontro o segundo envelope. Dentro dele existe mais um papel e ainda uma folha de jornal.

"No meio da floresta, que lugar mais exótico e estranho para nos conhecermos. Mas não há um dia em que me arrependa de te ter albergado na minha humilde tenda. Amaste-me pelo que sou e não pelo que tinha. Parecia um vagabundo mas tu ficaste.

E o jornal? Lembras-te quais eram os fins do jornal? Ainda me lembro da tua cara quando viste um jornal com quinze dias e te expliquei para o que é que ele servia. Pois bem, consegui encontrar um jornal da época para recordação. "

Leio o jornal com atenção. O seu conteúdo tem apenas factos políticos sem relevância e cujos já não me recordava. Mas no dorso da folha, havia várias palavras sublinhadas.

"O... Corredor... Pista... "

Avanço pelo corredor e encontro outro vaso com rosas.

E mais um envelope.

"Lembras-te da nossa primeira vez juntos? Eu lembro-me.

O número do quarto onde dormimos juntos menos o número de anos em que estivemos separados é o mesmo andar onde a próxima surpresa se encontra"

Encosto-me á parede a pensar qual era o número do meu quarto no colégio. Já se passou quase duas décadas! Uso a Dany como minha ajudante e depois de alguns minutos a pensar, lembramo-nos do número 10.

10-7=3

Subo para o terceiro andar e uma funcionária sorri para mim e entrega-me outro envelope.

" Isso tudo amor. Estivemos sete anos separados. E sabes quantos anos vivi nessa altura? Nenhum. Limitei-me a sobreviver."

Um segundo funcionário esbarra-se propositadamente comigo e no ato deixa cair um novo envelope.

"Que desajeitados estes funcionários! Lembras-te do nosso casamento? Andava tudo às avessas. A Dany não sabia para onde se virar, o Lucas andava lá por ver andar o mundo. Nós caímos algumas vezes da cama... Éramos uns desajeitados.

Segredos Perversos - A disputa (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora