Capítulo 5

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∞ Dinis

Sorrio como um pai babado ao vê-los brincar, juntos, dentro do insuflável. O Jonas é o meu maior orgulho, tem apenas sete anos mas comporta-se como um homem que cuida e protege a irmã, com apenas dois anos. Ela não é minha filha biológica mas apaixonei-me por estes olhinhos no momento em que os vi e adotei-a, para mim, como filha. Sempre detestei o pai dela, ele foi um intruso na minha vida mas ele agora está morto e a menina precisa de um pai. A minha luta para conquistar a Rafa continua e a cada dia que passa sinto-a ceder um pouco mas o facto de não ignorar a Carolina e trata-la como trato o Jonas deixa-a muito feliz e isso faz com que ela me deixe estar mais presente na vida deles.

- Jonas! – Chamo – Vamos embora?! Já está a ficar tarde.

Ele olha-me de lado mas acata a ordem e chama a irmã. Ela corre até mim aos tropeços e salta para o meu colo enquanto o Jonas caminha, graciosamente, ao meu lado. Fico descansado ao saber que tudo o que é meu ficará bem entregue um dia mais tarde.

Assim que a Rafa abre a porta, a Carolina salta para o colo dela e começa a narrar a tarde nos insufláveis, é verdade que grande parte do que ela diz é muito difícil de traduzir mas o seu sorriso completa tudo. Permaneço junto á porta a observar as duas, sentadas no sofá a conversar sobre a tarde, a Rafa a fazer-lhe perguntas enquanto a vai despindo para o banho e a menina a responder.

- Eu vou dar-lhe um banho, parece que andou na guerra. – Informa enquanto pega, de novo, nela ao colo – Olha... tu... queres ficar para jantar?! Ele está quase pronto, é só tempo de dar um banho á Carol.

- Claro que fico, precisas de ajuda com ela?!

Ela sorri com a pergunta.

- Não é preciso, obrigada.

Vejo-as desaparecer dentro de uma divisão, a porta fecha-se de forma a criar uma barreira entre nós. Sem nada para fazer decido adiantar o trabalho na cozinha. Pareço uma barata tonta á procura de talheres, pratos e copos... até o frigorífico abri – só não sei é o porquê!

- Está tudo bem, pai?! – Pergunta o Jonas surgindo do nada e encarando-me de uma forma curiosa.

- Dava-me jeito encontrar a loiça nesta casa!

- Vais ficar para jantar connosco?!

- A tua mãe convidou-me... mas se não quiseres que eu fique diz.

- Claro que quero! – Exclama e suspiro de alívio. – Eu ajudo-te a pôr a mesa.

Beijo os seus cabelos e recomeço, desta vez com a ajuda do Jonas, a tratar da mesa.

- Pai, tu ainda gostas da mãe?!

- Amo-a.

- Achas que algum dias vocês podiam ficar juntos outra vez?!

- É o que mais quero, ter-te a ti, á tua mãe e á Carolina em minha casa, sermos uma família novamente. E vou lutar pela tua mãe porque a quero muito.

Oiço um pigarreio e vejo-a parada em frente á porta a observar-nos. O seu olhar procura o meu e demora-se uns segundos lá. O desejo e a saudade aumentam a cada minuto que passa, durante estes sete anos quase morri sem a poder ter comigo, sem poder estar com ela, sentir o seu toque, o seu calor, os seus lábios... saber que tudo o que me pertencia estava agora nas mãos de outro homem, que a felicidade e o prazer dela estavam ao encargo de outro.

O jantar decorre calmamente, quer dizer, calmamente dentro dos possíveis porque a Carolina e o Jonas tornaram-se nuns tagarelas e tomaram posse da palavra durante toda a refeição. Já eu mantenho-me vidrado na sua imagem e nas suas gargalhadas enquanto acompanha as narrativas dos filhos. Por vezes o seu olhar recai sobre mim mas, timidamente, ela afasta-o de novo.

Segredos Perversos - A disputa (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora