Rafaela
Fiquei tão feliz quando o Lucas me ligou há três dias atrás a informar que vinha hoje para Portugal. São 10 da manhã e supostamente ele já deveria de ter chegado, no último telefonema disse que já estava quase a chegar. O Jonas sai disparado para a porta assim que a campainha toca.
- Olá tio. - Cumprimenta abrindo a porta. É hilariante ver o Jonas envergonhado a olhar para o Lucas. Ele nunca conviveu com o Lucas apenas falava com ele por telemóvel ou por alguma rede social.
- Tu estás enorme.
- Não, não estou, ainda nem sou do tamanho do pai.
- Um dia vais chegar lá pequeno gigante. – Intervenho.
Os abraços do Lucas sempre souberam muito bem, é como se eles resolvessem qualquer problema. Ele sempre foi o meu apoio mesmo quando esteve longe e a morte do Telmo e todas as mudanças que ocorreram e me assombraram. Ele não esteve presente fisicamente mas falávamos muito e isso ajudou-me a seguir em frente, para não falar que foi ele que deu um empurrãozinho para que eu e o Dinis nos voltássemos a aproximar. Ele ligou ao Dinis quando fui despejada da casa do Telmo e fui parar ao apartamento do Lucas.
- Tinha tantas saudades tuas que se não fosse por ela. - Diz aprontando para a Sílvia que está com o Gonçalo ao colo. - E pelo meu filho já tinha voltado. - Faz uma curta pausa. - Há é verdade vocês já conversaram imensas vezes mas vou vos apresentar pessoalmente na mesma. Rafa a Sílvia. Sílvia a Rafa.
- Olá. – Cumprimento-a rindo-me. - Jonas porque que não levas o Gonçalo para brincar contigo.
- Está bem. – Fala abanando a cabeça.
Tenho muita pena que as coisas entre o Lucas e a Dany não tenham dado certo, todos pensavam que tanto ódio ia dar amor, e chegou o amor mas depois a Dany destruiu quando lhe deu tal facada, agora entendo que foi para salvar o Jonas, mas o Lucas não o sabe e talvez fosse diferente a vida daqueles dois se soubesse no momento certo.
Entretanto o Lucas mudou radicalmente o rumo da sua vida, foi para África como médico voluntário e numa das suas vindas a casa, que agora por opção tinha passado a ser em Espanha, ele descobriu a Sílvia a mulher que lhe deu um filho e uma vida aparentemente normal.
- Conta-me lá como vão as coisas com o boy?
- O Lucas está em versão adolescente. - Intervém Sílvia.
Entretanto sentamos-mos a tomar um café e uma fatia de bolo que fiz ontem com a ajuda dos meus filhos, a cozinha ficou um autêntico campo de batalha quando o acabamos. Se um diz que quer ser ele a meter a farinha o outro resmunga que também quer e lá começa uma luta com o pacote da farinha, não vamos falar dos ovos. Eu quase ganhei cabelos brancos só por fazer um bolo com aquelas pestes.
- Fiz uma apenas uma pergunta, e quero uma resposta. - Fala ajeitando-se na cadeira.
- Eu não tenho respostas para ti. Estamos bem, estamos bem juntos mas eu quero ir tudo com a máxima calma possível, agora já não somos só nós os dois que as mudanças só afetam a nós próprios, agora há os miúdos.
- O que tem os miúdos?
- As mudanças podem ser muito difíceis para eles. E o Jonas já teve a sua dose de mudanças bruscas.
- Mas eu não quero saber se vais para casa dele ou essas coisas. Quero saber se o homem está bom ou se precisa de alguma coisa.
- Perdi-me.
- Tenho que ter uma conversa com ele. Está visto.
- Tu ainda estás pior que antes meu querido.
- Eu nem digo nada.- Finaliza Sílvia.
- Mãe. - Chama a minha filha sonolentamente a arrastar o seu peluche pela sala até mim.
- O que se passa princesa?! - Digo pondo-a no meu colo.
- Tenho fome.
- Queres leite?
- Sim.
Deixo-a sentada na minha cadeira.
- Que bonequinha. - Fala o Lucas. - Queres brincar comigo? - Pergunta fazendo voz de bebé.
- Tu já és velho pa binca.
Eu e a Sílvia rimo-nos da cara do Lucas mas ele reage á situação.
- Mas eu gosto de brincar. Eu ainda sou uma criança.
- Uma ciança? Mas tu és dos anos do pai.
- Ela acha-me mesmo velho. - Diz-me. - Dás-me o teu bebé?
- Não, tu já tens o teu bebé. - Fala prendendo o peluche ao seu peito.
- E como se chama o teu bebé?
- Lili. Não queo fala mais.
- A senhora manda.
- Pega. - Digo pondo-lhe o leite á frente. - Senta-te direita, não faças asneiras olha que ele está quente.
O Lucas parece estar bloqueado na Carol não tira os olhos dela nem por um segundo. Isto faz-me pensar como seria a relação dele com a Emily.
O Dinis chega ao final da tarde ainda de fato e gravata o que deixa o Lucas desconfortável – palavras dele.
- Vais- te casar ou isso é promessa?
- Isso o quê?
- Essa gravatinha e esse fatinho há cota.
- Estou sexy diz lá?
- Ah... Não, não mesmo. Deixa-me desconfortável saber que te deixaste influenciar pelos engravatados. A minha irmã não gosta de engravatados.
- Na cama não costumo usar roupa por isso não te preocupes pelas preferências dela.
- Ai sim?! Não a minha opinião não interessa...- intervenho, estava a ouvir a conversa daqueles dois na cozinha, enquanto fazia o jantar.
- Não foi isso que eu disse.
- Já foste! Hoje dormes na rua.
- Poque que o pai vai domi na ua? - Pergunta assustada.
- Não vou filha, não te preocupes.
- Carol faz um favor a mãe, vai chamar o mano e o Gonçalo, o jantar já está pronto.
O Dinis tira a sua gravata e abre a sua camisa, pondo-se confortável, nunca uma camisa ficou tão sexy a alguém.
Nunca tinha tido tanta gente cá em casa para jantar. Nunca me esqueci destes jantares com a companhia destes dois homens maravilhosos, mas agora não é a Dany que está cá mas sim a Sílvia e temos miúdos a nossa volta que nos obriga a controlar as conversas.
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Segredos Perversos - A disputa (livro 3)
RomanceSejam bem-vindos a mais uma aventura destes quatro amigos!! O passado emerge e uma nova luta surge... Depois de 7 anos a viverem vidas separadas mas com um filho em comum, as vidas da Rafa e do Dinis voltam a unir-se após uma tragédia. Na casa ao l...