Capítulo 27 -parte 1

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§ Daniela

Nunca desejei tanto a morte de alguém como desejo a do Afonso. Antes de sair de casa olhei várias vezes para a cozinha e controlei a mina vontade de pegar numa faca e guardá-la na minha mala para, quem sabe, usá-la no Afonso. Mas a razão ganhou a batalha e saí desprovida de qualquer objeto mortífero.

Assim qua anuncio o meu nome da receção a mulher manda-me logo subir para o quarto do Afonso. Bato á porta mas não obtenho resposta, continuo a bater insistentemente, a força começa a aumentar – eu sei que ele está dentro deste quarto. Uma empregada corre apressadamente na minha direção.

Num hotel de luxo não pode ocorrer situações embaraçosas...

A senhora olha assustada para mim e manda-me parar, ela está cada vez mais próxima e então diminui o ritmo de caminhada, recompondo-se dos últimos metros de corrida.

- Desculpa senhora, está a importunar os hóspedes deste hotel. Peço, por favor, que se retire.

- Lamento mas não posso sair, não enquanto não falar com o desgraçado que está do outro lado da porta.

- Senhora, por favor, retire-se ou terei de chamar a segurança.

A porta finalmente se abre e o Afonso surge de tronco nu, a empregada engole em seco ao vê-lo e tenta balbuciar umas quantas palavras, porém impossíveis de compreender.

- Lamentamos o incomodo – Consegue-se perceber – Mas a segurança já vem a caminho e...

- Não é necessário, esta senhora é uma amiga minha. – Ele sorri para ela e depois segura no meu braço – Desculpa pela demora, mas estava no banho e esqueci-me de deixar a porta aberta.

- Desculpas aceitas, agora mexe-te para dentro desse quarto, temos de falar! – Ordeno. Ele afasta-se da porta e, de forma irónica, estica o braço para o interior do quarto, dando-me permissão para entrar. Logo de seguida oiço a porta fechar-se e sinto a sua respiração no meu pescoço.

- Por que é que tens de ser assim? Por que é que tudo tem de ser assim? – Pergunta enquanto desliza o seu nariz pelo meu pescoço. A sua mão segura na minha cintura com possessividade e, de um momento para o outro, força-me a girar e ficar de frente para si. – Devias ter ficado comigo, devias ter ficado em Nova Iorque.

- Eu nunca iria ficar contigo, tu és um monstro.

- Mas quando te meteste na cama comigo logo no dia em que nos conhecemos não pensavas o mesmo.

- Eu ainda não conhecia o traste que tu és. Eu tenho nojo de ti.

A mão livre dirige-se ao meu rosto e acaricia-o suavemente, afasta os meus cabelos e volta a acariciar o rosto. A sua expressão já impassível, não consigo detetar o que vai dentro daquela cabeça e arrependo-me de ter deixado a faca em casa.

- Nojo de mim?! – Ele atira-me com força para cima da cama – Nojo de mim? Eu dei-te tudo o que querias, eu sempre fiz tudo o que querias, eu estive ao teu lado enquanto o teu amantezinho aproveitava a vida com vadias. EU FIZ-TE FELIZ! E O QUE ME DESTE EM TROCA? TRAÍSTE-ME! EU É QUE DEVIA TER NOJO DE TI.

- Então por que é que não tens? Por que é não me deixas em paz?

Ele respira fundo e encosta-se á parede.

- Porque continuo a amar-te e perdoo-te por tudo o que fizeste.

- Tu és doente! – Exclamo enquanto me levanto. Afago suavemente, e irreflexivamente, a barriga, devido á pressão por ter caído de barriga em cima da cama.

Segredos Perversos - A disputa (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora