§ Daniela
Nunca desejei tanto a morte de alguém como desejo a do Afonso. Antes de sair de casa olhei várias vezes para a cozinha e controlei a mina vontade de pegar numa faca e guardá-la na minha mala para, quem sabe, usá-la no Afonso. Mas a razão ganhou a batalha e saí desprovida de qualquer objeto mortífero.
Assim qua anuncio o meu nome da receção a mulher manda-me logo subir para o quarto do Afonso. Bato á porta mas não obtenho resposta, continuo a bater insistentemente, a força começa a aumentar – eu sei que ele está dentro deste quarto. Uma empregada corre apressadamente na minha direção.
Num hotel de luxo não pode ocorrer situações embaraçosas...
A senhora olha assustada para mim e manda-me parar, ela está cada vez mais próxima e então diminui o ritmo de caminhada, recompondo-se dos últimos metros de corrida.
- Desculpa senhora, está a importunar os hóspedes deste hotel. Peço, por favor, que se retire.
- Lamento mas não posso sair, não enquanto não falar com o desgraçado que está do outro lado da porta.
- Senhora, por favor, retire-se ou terei de chamar a segurança.
A porta finalmente se abre e o Afonso surge de tronco nu, a empregada engole em seco ao vê-lo e tenta balbuciar umas quantas palavras, porém impossíveis de compreender.
- Lamentamos o incomodo – Consegue-se perceber – Mas a segurança já vem a caminho e...
- Não é necessário, esta senhora é uma amiga minha. – Ele sorri para ela e depois segura no meu braço – Desculpa pela demora, mas estava no banho e esqueci-me de deixar a porta aberta.
- Desculpas aceitas, agora mexe-te para dentro desse quarto, temos de falar! – Ordeno. Ele afasta-se da porta e, de forma irónica, estica o braço para o interior do quarto, dando-me permissão para entrar. Logo de seguida oiço a porta fechar-se e sinto a sua respiração no meu pescoço.
- Por que é que tens de ser assim? Por que é que tudo tem de ser assim? – Pergunta enquanto desliza o seu nariz pelo meu pescoço. A sua mão segura na minha cintura com possessividade e, de um momento para o outro, força-me a girar e ficar de frente para si. – Devias ter ficado comigo, devias ter ficado em Nova Iorque.
- Eu nunca iria ficar contigo, tu és um monstro.
- Mas quando te meteste na cama comigo logo no dia em que nos conhecemos não pensavas o mesmo.
- Eu ainda não conhecia o traste que tu és. Eu tenho nojo de ti.
A mão livre dirige-se ao meu rosto e acaricia-o suavemente, afasta os meus cabelos e volta a acariciar o rosto. A sua expressão já impassível, não consigo detetar o que vai dentro daquela cabeça e arrependo-me de ter deixado a faca em casa.
- Nojo de mim?! – Ele atira-me com força para cima da cama – Nojo de mim? Eu dei-te tudo o que querias, eu sempre fiz tudo o que querias, eu estive ao teu lado enquanto o teu amantezinho aproveitava a vida com vadias. EU FIZ-TE FELIZ! E O QUE ME DESTE EM TROCA? TRAÍSTE-ME! EU É QUE DEVIA TER NOJO DE TI.
- Então por que é que não tens? Por que é não me deixas em paz?
Ele respira fundo e encosta-se á parede.
- Porque continuo a amar-te e perdoo-te por tudo o que fizeste.
- Tu és doente! – Exclamo enquanto me levanto. Afago suavemente, e irreflexivamente, a barriga, devido á pressão por ter caído de barriga em cima da cama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredos Perversos - A disputa (livro 3)
RomanceSejam bem-vindos a mais uma aventura destes quatro amigos!! O passado emerge e uma nova luta surge... Depois de 7 anos a viverem vidas separadas mas com um filho em comum, as vidas da Rafa e do Dinis voltam a unir-se após uma tragédia. Na casa ao l...