Capítulo 33

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∞ Daniela

O Lucas parece uma barata tonta, caminhando apressadamente de um lado para o outro. O barulho dos seus sapatos contra o soalho irrita mas controlo-me. Acabei de lhe contar sobre as pretensões do Afonso em relação ao Gonçalo e á Emily.

- Aquele filho da mãe não me vai tirar o Gonçalo nem a Emily. Já me manteve afastado durante tempo demais. Eles não vão sair daqui!

- Lucas, eu sei que os queres muito mas se ficarem aqui vai ser muito mias perigoso.

- Dany, não continues essa frase.

- Desculpa, mas a segurança dos miúdos é a minha prioridade. Sei que o Afonso não os magoaria mas seríamos impedidos de os ver, nunca mais na nossa vida voltaríamos a ter contacto com eles. Queres mesmo perder o Gonçalo e a Emily para sempre? – Pergunto desesperada.

O seu desespero também aumenta e pela primeira vez, depois de muitos anos, vejo-o chorar. Lágrimas traiçoeiras dão lugar a um choro silencioso mas incessante. Sento-me ao seu lado e abraço-o com força. Agora começo a entender o desespero dos meus pais quando se viram embrulhados nesta vida miserável. O medo de perder os nossos filhos é uma das maiores formas de tortura. Odiei-os por me terem enviado para longe mas agora chegou a hora de repetir as suas decisões. E finalmente, consigo perdoá-los.

- Eles precisam de sair daqui. – Afirmo – Já tinha pensado nisto e só estava á espera de uma oportunidade para falar contigo, mas acho que já não podemos adiar mais.

- Adiar o quê?

- Eu quero mandar a Emily de volta para Nova Iorque, mas em segredo.

- O quê?! – Pergunta irritado, enquanto se levanta da cadeira num salto – Tu queres o quê?

- Ela não pode continuar aqui. Eu pensei em falar com o James...

- Tu queres mandar a nossa filha para o outro lado do mundo com o gajo que te comeu e que te enganou durante anos? Estás a brincar, só pode.

- De momento, esse é o único "gajo" que pode levar a Emily sem que o Afonso descubra. Ele nem sequer sabe que o James está cá. Eu consigo coloca-los num avião e mandá-los em segredo. E o Gonçalo também pode ir. Eles ficarão mais seguros longe de nós do que connosco.

- Não Dany... não me podes pedir isso.

- Vem comigo, vamos conhecê-lo. Vamos falar com ele e depois tu decides o que fazemos. – Respiro fundo e encaro-o – Desta vez estou a tentar fazer tudo certo, a tentar manter-te dentro dos acontecimentos, das decisões. Mas por favor, não os faças sofrer riscos desnecessários por motivos banais. Sei o que James me mentiu, mas o facto é que ele sempre cuidou bem da Emily e é a nossa única oportunidade de salvaguardarmos a vida deles.

- Eu só quero que eles estejam em segurança... - Murmura contra o meu pescoço, num abraço apertado.

O caminho até ao hotel e feito em silêncio. A minha mão descansa sobre a sua coxa, transmitindo um pouco de paz no meio de um ambiente de guerra; e por vezes, a sua desliza até alcançar a minha e entrelaça os nossos dedos.

- Lucas... - Chamo quando paramos em frente á porta do quarto do James - O James é um tanto... Excêntrico. Por isso, não ligues muito ao que ele diz.

Ele bufa mas, com esforço, consigo arrancar um beijo e um sorriso dos seus lábios antes de bater á porta.

- Olá gatinha!- Exclama mal abre a porta, e abraça-me – Diz-me que me perdoaste, por favor, já não sei viver sem ti perto de mim. Sei que fiz porcaria e errei contigo mas fi-lo para te proteger.

Segredos Perversos - A disputa (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora