Capítulo 8

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∞ Rafaela

O dia cinzento deu lugar a uma noite chuvosa e com trovoada á mistura. A Carol está sentada no meu colo, as suas feições completamente assustadas procuram algum apoio e confiança em mim; já o Jonas acha este episódio muito banal, o Telmo sempre lhe ensinara a não ter medo da trovoada, inclusive, levava-o para a janela e ficavam a observar o céu. Várias eram as vezes que os via, lado a lado, debruçados sobre o parapeito – o Jonas em cima de uma cadeira – a calcular a distância a que estavam os raios, esta distância é calculada contando o tempo de diferença entre o aparecimento da luz e o som do raio e depois o número é transformado em quilómetros.

Consigo sentar a Carol no sofá e mantê-la lá, e afasto-me em direção á cozinha. Termino de limpar a bagunça que eles fizeram e regresso para junto deles, mas quando regresso um sorriso cresce no meu rosto e o meu coração enche-se pura alegria. Vejo-os a ambos, parados junto á janela a observar a paisagem exterior, o Jonas segura na mão da Carol, transmitindo-lhe a força necessária para se manter firme ao lado do irmão... do meu homenzinho, que me surpreende a cada dia. Junto-me a eles e ficamos os três a olhar para a tempestade.

É o som da campainha que interrompe o nosso momento de contemplação da Natureza e fere o silêncio que nos rodeava.

- Pensei que não vinhas está um tempo horrível! – Exclamo ao ver o Dinis parado junto á porta.

- A Dany ligou. - Comunica invadindo a minha casa.

Nem tive direito a um beijo!? É bom saber.

- E...?

- E?... E? Tu tens noção da porcaria que fizeste? Não tinhas nada que ligar ao outro a dizer que a Emily era filha dele.

- É a filha dele. É o direito dele.

- Tu não tens mesmo noção do que fazes, é a vida do nosso filho que está em risco. Caraças.

- O Jonas?! O que tem o Jonas a ver com isto, Dinis?

A nossa voz está alterada e os miúdos já devem ter entendido que estamos a discutir, não quero isto para mim, tê-lo de volta só para discutirmos.

- Nada! Diz ao Lucas só para se manter calado e quieto.

- Não obedeço a ordens de nenhum homem, e muito menos de ti. Ainda ontem me prometeste que nunca mais havia segredos entre nós e agora estás-me a tentar esconder algo que envolve o meu filho, a Emily, a Dany e o Lucas.

- O Afonso ameaçou o Jonas antes mesmo de ele nascer, a vida dele depende deste afastamento entre a Emily e o Lucas. Eu preciso que me prometas que não vais falar disto a ninguém, muito menos ao Lucas.

- E eu preciso que saias.

- Rafa?!

- Sai! - Ordeno.

- Pai...- A Carol surge e salta para o colo do Dinis.

- Então princesa com correu o teu dia?

- Pintei um desenho hoje, com as mãos. - Fala mostrando-lhe as mãos.

- A sério?! Isso parece muito fixe.

- E foi. Pai? Vais domi hoje aqui?

O Dinis olha-me e eu repondo por ele, pegando na Carol do seu colo.

- Não filha, o pai hoje vai dormir na casa dele, e tu já devias de estar a dormir. - Viro a cabeça para o Dinis e finalizo antes de entrar no corredor dos quartos. - Quando saíres fecha a porta.

Segredos Perversos - A disputa (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora