Capítulo 30

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· Rafaela

A minha vida está uma autêntica montanha russa, o ano começou a menos de 24 horas e já aconteceu de tudo, uma família normal não tem tantos desastres em um ano e nos conseguimos numa só noite.

Deitei-me com o coração nas mãos não queria nada ter deixado o Gonçalo sozinho, não somos os pais então não mos deixaram passar lá a noite. Felizmente as queimaduras com que ele ficou são de primeiro e segundo grau e o médico disse que se ficar com marcas elas vão ser quase impercetíveis.

Adormeci quase duas horas depois, andava as voltas e voltas na cama a pensar em tudo e mais alguma coisa e não conseguia adormecer. E quando consegui tive um pesadelo horrível. Estava de novo na casa do Telmo, eramos de novo uma família como em tempos fomos. Mas desta vez a mãe dele também estava connosco. O Jonas estava ao pé da porta da sala a olhar para nós a chorar. A mãe do Telmo fazia insinuações sobre mim e o Dinis enquanto o Telmo me batia a ouvi-las.

" -Ela estava com ele meu filho. Ela ainda o ama."

"- Não Telmo, não. - Falo apavorada enquanto me tento proteger bom as mãos e os braços."

Mas nada ajuda a que doa menos ou que o faça parar. O Jonas continua a chorar enquanto vê o Telmo a me bater.

Apesar de tudo, eu sempre consegui afastar o Jonas das nossas discussões, na vida real ele nunca pronunciou o Telmo a me bater.

" Porque, porque que ainda o queres? Tu és tão burra que não consegues entender que ele está a destruir a nossa família."

Ele dizia sempre algo deste género quando a porrada que me dava era ter ciúmes do Dinis. O que era quase sempre o motivo. Mesmo que fosse apenas o Jonas a falar do pai, o Telmo arranjava sempre maneira dê-me culpar por ele estar a falar do Dinis, fazia questão de mencionar que eu é que fazia a cabeça do Jonas para ele gostar assim tanto do pai e que eu era uma cabra por isso e por trai-lo.

Começo aos berros quando já mal consigo me manter de pé.

Ele está agarrado ao meu pescoço a cuspir-me umas quantas palavras.

Acordo sobressaltada.

- Não. Não... - falo com a respiração acelerada.

- O que se passa Rafa? - Pergunta sonolento Dinis tocando-me no ombro.

- Não me toques. -falo assustada quase saltando da cama.

- Calma Rafa, sou eu.

- Eu preciso de ficar sozinha. - Digo saindo da cama.

- Rafa? Rafa, onde vais?

Eu tinha prometido a mim mesma que não ia comprometer o presente e o outro com o Dinis por causa do passado com o Telmo. Mas eu estou a estragar tudo. Eu estrago sempre tudo. Ele vai-se encher de mim, e disto tudo. Eu...

Sento-me na sala, enquanto tento controlar as lágrimas, a respiração e todo o meu corpo.

Ouso os passos do Dinis a descer as escadas. Eu amo-o mas neste momento só queria que ele não descesse aquelas escadas, que ele se mantivesse longo para não tornar as coisas mais difíceis ao que elas já estão.

Ele senta-se atrás de mim, mas não fala fica uns dois minutos em silêncio, até arranjar coragem para começar.

- Rafa foi só um pesadelo.

- Não, não foi Dinis.

- Então olha para mim e explica-me o que se passa.

- Deixa-me por favor.

- Desculpa rafa, mas não posso aceitar que me afastes. Estamos juntos, confia em mim por favor.

- Não há nada para confiar Dinis, tanto eu como tu tenho uns sete anos afastada de ti, e esses meus anos foram... - Pela primeira vez olho-o, mas logo perco a coragem.

- Eih, eih tenha acontecido seja lá o que for, eu estou aqui. – Fala abraçando-me.

- O Telmo era muito ciumento e por vezes tornava-se agressivo. – Falo ainda com os seus braços a proteger-me do mundo.

- Diz-me que não me vais dizer que ele te batia. Por favor Rafa. – Fala largando-me.

Ele vai-me odiar. Eu sei que vai. Apesar de tudo eu gostava de verdade do Telmo, eu gostava da vida que tínhamos por-de-trás das agressões e das discussões. Ele conseguia ser o melhor amigo do Jonas, conseguia-a protege-lo, ama-lo. O Jonas adorava quando ele o levava para o mar.

- Como é que tu nunca me disseste nada. O Jonas vivia com vocês.

- O Jonas nunca prenunciou nada. – Apreço-me a dizer. – Ele nunca tocou no Jonas.

- Eu daria tudo só para ter aquele desgraçado vivo a minha frente só mais una vez. – Fala nervoso de um lado para o outro da sala.

- Para Dinis. – Digo parando-o. – sou eu que estou aqui a tua frente, a dizer-te o que aconteceu e não ele. Na vale de nada pensar em bater num morto, mesmo que ele estivesse vivo não valia de nada bater-lhe, só lhe ias estar a fazer o que ele me fez a mim, ias perder a razão todo.

- Rafa... Não.... Eu só ia... - Ele para uns segundos olhando para todo o lado menos para mim. – Desculpa, desculpa. – Fala agora mais calmo e abraçando-me de novo, enquanto me beija a nuca. – Porque que nunca confiaste em mim, eu ter-te-ia ajudado a sair daquela casa, daquele ambiente.

- Era a minha vida, os meus problemas não os teus Dinis. Nós já nem marido e mulher eramos

- Eramos amigos, sempre fomos para além de namorados e de casados, eu iria te ajudar fosse a circunstancia e a altura que fosse porque sempre foste e sempre serás importante para mim. És a mãe dos meus filhos e isso, isso ninguém nem pessoas novas na nossa vida podem mudar. – Faz uma curta pausa. – Já passamos por tanto juntos. No colégio, quando foste raptada, quando terminamos e o simão quase... e depois superamos tudo e casamos ...

- E depois separamo-nos de novo.

- Mas também superamos isso. Aconteça o que acontecer nos acabamos sempre juntos. – Fala me beijando.

- Promete-me uma coisa Dinis.

- Tudo o que quiseres.

- Quando olhares de novo para a Carol, não a olhes como a filha do Telmo, não a odeias por tudo o que se passou. Ela foi concebida naquela altura em circunstancias difíceis, mas ela é a nossa filha.

- E sempre será a nossa filha. Nunca a vou deixar sozinha. Eu amo-a como se fosse minha de verdade.

- Obrigado. – Falo sorrindo e depois beijando-o.

- Sempre que quiseres falar sobre isto fazê-lo. Não deixes estes tormentos todos só para ti.

- Eu não quero falar mais disto. Nunca mais. E prefiro esquecer que isto aconteceu.

Sinto-me aliviada por ele saber, eu tinha prometido que ela nunca saberia de nada, mas agora sei o quanto errei quando tomei essa decisão, devia ter confiado nele desde do início.

Já estávamos no corredor em direção a nossa cama quando uma joaninha de chupeta na boca e com um peluche a arrastar pelo chão vem ao nosso encontro.

- A esta hora a senhorita devia de estar a dormir.

- Eu queo domi contigo. – Sussurra tirando a chupeta da boca. – Po favo.

- Tudo bem. – Falo o Dinis pegando nela ao colo. – Mas na cama dos crescidos não é permitido este tipo de coisas. – Termina tirando-lhe a chupeta.

Acabamos os três a dormir na nossa cama. Tenho muita sorte pela família que conquistei. Um marido extraordinário, os filhos maravilhosos e a Dany e o Lucas para os tios e ouvintes prefeitos.  

Segredos Perversos - A disputa (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora