Atrasos

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Levanto as pressas, não tenho nem a opção de voltar a dormir, tenho prova de física hoje. Quem foi o bendito que inventou essa matéria infernal? E pra ajudar na minha favorável situação, o celular resolve não despertar na hora certa.

- Atrasada de novo pequena sereia? - pergunta meu avô passando a cabeça pela fresta da porta de meu quarto.

- Nem me fale vovô, detesto esse celular, vive fazendo eu perder a hora. Me da outro por favorzinho - falo fazendo biquinho e tentando ser meiga, só tentando mesmo.

- Já conversamos sobre isso menina - diz ele sorrindo docemente. - Se quiser fazer a prova infernal terá que se apressar. - Fala balançando o braço que contem o relógio de pulso.

- Meu Deus - exclamo e saio correndo pelo quarto, pego a primeira roupa que encontro. Uma calça branca toda rasgada, uma blusa da escola e minha sapatilha preta. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e desço as escadas como um foguete, sinceramente, acabo caindo no ultimo degrau, mas me levanto tão rápido como cai. Na cozinha encontro minha tia Lia fazendo o café, o cheio delicioso de torradas recém tiradas da torradeira invadem minhas narinas. Mas, infelizmente, não tenho tempo para as "gordices" matinais.

- Tchau tia Lia - grito para ela e passo correndo pela sala grudando minha mochila que está largada no sofá.

- Tchau querida - ela grita em resposta - boa sorte na prova.

Não tive como responder, a porta bateu forte atrás de mim, só pude ouvir ela rindo baixinho, entrei no carro as pressas. Meu avô já me esperava lá, com o carro ligado, ele ria da minha atrapalhação.

- Mete o pé vô - digo batendo a porta do carro com força e puxando o cinto de segurança.

- Você me alegra sabia? - Fala puxando cinto de segurança enquanto guia o carro com apenas uma mão.

- Pare de rir de mim... - finjo estar zangada. - Se não fosse por esse celular velho isso não estaria acontecendo - conclui cruzando os braços.

- Pare com isso Cafira, sabe que a culpa é sua, você que não cuida de suas coisas. - Rebate dando um peteleco em minha orelha.

Mostro a língua e me olho no retrovisor, como sai de casa assim, totalmente horrível? A picape ganha velocidade e aproveito para arrumar a cara enquanto não chegamos a escola.

Meu avô canta pneu na curva da escola, isso chama a atenção de alguns alunos que chegam atrasados também. Abro a porta e desço correndo, com isso meu celular, que estava em cima de minha mochila, cai no chão. - Viu atrapalhada - fala ele gargalhando.

- Obrigada vô - falo rindo e já correndo para a porta.

- Boa prova - diz ele se espichando para fechar a porta que acabei deixando aberta.

- Obrigada - agradeço, mas estava correndo de costas e acabo me batendo com alguém.

- Ei, olha pra frente loira - diz Carlos sorridente.

- Desculpa Ca, acordei atrasada - digo puxando-o pela mão em direção a nossa sala de aula.

- E qual é a novidade? - Pergunta franzindo o cenho.

Dou um soco em seu braço, e começo a correr pelos corredores escorregadios. - Ei, machucou - ele grita e vem correndo atrás de mim.

Chegamos na sala fazendo um barulho considerável, o professor nos encara furiosamente. - Senhorita White, senhor Lopez - fala ele nos encarando - atrasados de novo, para variar.

- Desculpa professor... - começo a elaborar uma desculpa.

- Quieta - ele me corta. Pisco rapidamente e passo a mão na bochecha, nunca entendi como essa cara consegue cuspir tanto quando fala. - Sentem-se, a prova é em dupla, espero que os dois tenham estudado, pois vão fazer juntos.

Nos encaramos por um momento e sentamos nas primeiras fileiras que vemos, logo recebemos a prova. - Você estudou loira? - Carlos sussurra em meu ouvido.

- Você estudou Ca? - Retruco sorrindo.

- Droga, ferrou - diz ele enterrando o rosto nas mãos.

- Pode crer - digo dando tapinhas em suas costas.

- Silêncio - ordena o professor cara azeda, Bruno.

- Mas a prova não é em dupla? - Questiono irônica - Como vamos fazer sem conversar com nosso par?

- Argh, falem mais baixo então - reclama ele enfezado.

Carlos me olha e gira o dedo ao redor da orelha. Rio com a cena, esse professor realmente tem alguns parafusos a menos. O tempo vai passando e nos conformamos que não tiraremos uma nota aceitável. Somos os últimos a entregar a prova, o professor sorri cínico ao ver nossos rabiscos na folha. Saímos da sala e andamos derrotados ate a cantina.

- AMORES - grita um ser escandaloso do outro lado da cantina.

- BIA - gritamos juntos. Corremos e abraçamos a individua amorosa.

- Atrasados de novo queridos? - Pergunta fechando os olhos.

- Nem me fale amiga... - respondo indo em direção a nossa habitual mesa.

- A prova estava fácil, não acharam? - Pergunta confiante.

- Esta brincando? - Pergunta Carlos indignado. - Porcaria de matéria, e ainda fiz dupla com a loira que sabe menos que eu.

- Ei, eu estou aqui tá? - Digo o encarando.

- Eu sei loira, por isso estou dizendo, da próxima vez estuda e me passa cola - diz beijando minha testa.

- Palhaço, estuda você - retruco.

- O amor é lindo né gente? - Diz Bia sonhadora, mas não entendo o motivo, já que ela é caidinho por Carlos desde o fundamental.

- Para Bia, não viaja - digo recostando a cabeça na mesa.

- Já volto meninas, vou falar com meu irmão, rapidinho - diz Carlos se afastando de nós.

- Tem o aniversario de alguém chegando - Bia fala toda empolgada balançando as mãos no ar sem dar a minima para Carlos.

- Tem mesmo, daqui a dois meses, e esse alguém ficara em casa dormindo e comendo porcarias - respondo entediada.

- Só por cima do meu cadáver - ela fala olhando para o teto e apontando para cima, como se falasse com um ser voador invisível. - Vou preparar uma festinha pra você, sera incrível.

Não discuto, pois sei que sera em vão, quando Bia põe algo na cabeça, só um milagre pra ela mudar de ideia. - Atenção alunos e alunas, devido a um problema de saúde, a professora Clara não poderá dar a ultima aula. Os alunos que teriam a ultima aula com ela estão liberados para irem para casa. - A voz do diretor ecoa por todos os corredores.

- Obrigada Deus - pulo do banco e puxo Bia para a saída.

- Calma garota, você é boba? - Diz Bia rindo do meu desespero.

- Vamos lá pra casa sua boba - digo saltitando. Corremos até a saída e ligo para que meu avô venha nos buscar.

()

- Alô

- Oi vô, a escola liberou mais cedo. Pode vir nos buscar? - Pergunto sentando no chão ao lado de Bia.

- Claro, estou voltando da praia agora, espera ai na frente que em dois minutinhos eu chego.

- Beleza.

()

Logo ele chega cantando pneu como de costume. Nós pulamos para dentro do carro e seguimos em direção a minha casa.




Espero que gostem da história.

Beijinhos Nildos

NatáliaB.

Filha do Mar [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora