Sozinha

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 Cafira narrando:

Olho para o alto e avisto Maik jogando uma sereia para cima. Meu rosto se ilumina com um sorriso, mas ele some quando vejo Maik ser atingido pela descarga elétrica do grande peixe. Fico sem reação quando seu corpo para, inerte. A mulher, que deve ser minha mãe, abre os braços e uma onda de bolhas, para o fundo do mar até que tem muitas bolhas de ar aqui em baixo, varre a imensidão do oceano. Vejo que ela está com a boca aberta e respira ofegante.

Olho para Sayonaha e ela sorri radiante. A onda que a rainha emitiu matou os peixes elétricos e fez as sereias corrompidas agonizarem de dor. Saio de meus pensamentos e nado o mais rápido que posso até Maik, que já está jogado no chão do labirinto.

- De novo não - choramingo segurando sua cabeça. - Não faça isso comigo. Você prometeu que ia voltar pra mim - as lágrimas pulam por meus olhos. - VOCÊ PROMETEU. - sacudo-o inconformada.

Sinto a aproximação de alguém. - Posso? - A voz mais gentil e doce que já escutei chega a meus ouvidos. Faço sinal com a cabeça, mas já perdi as esperanças quando não senti seus batimentos. - Obrigada por me salvar - diz a linda sereia ao ouvido de Maik. - Por se sacrificar - não posso acreditar que ela só está agradecendo, poderia ter esperado. - Mas ainda não chegou a sua hora. - Ela apoia, delicadamente, a mão sobre o peito nu de Maik e fecha os olhos. - Vamos rapaz, você ainda tem muito para viver.

Olho boquiaberta aquela cena, mas nada acontece. O fio de esperança escapa por meus dedos e por mais que eu tente não consigo recupera-lo na imensidão azul.

- Onde está Mari? - Say pergunta olhando em volta.

- Estou aqui - Mari aparace intacta e aparentando alegria, as duas se abraçam e eu volto minha atenção a minha mãe.

- Não era nessa situação que eu queria te reencontrar filha - diz minha mãe alegremente.

- Como pode sorrir em meio a isso? - Pergunto falhando em segurar o choro.

- Ei - chama ela erguendo meu queixo. - Tudo ficara bem minha princesa. Vamos - ela faz sinal para que Mari e Say carreguem Maik, passa seu braços por meu pescoço e vamos nadando juntas até chegarmos em uma caverna para passar a noite.

- Ele irá acordar? - Questiono apavorada quando percebo que Maik voltou a respirar e uma fraca pulsação anima suas veias.

- Ele irá ficar bem minha querida - minha mãe se mantém distante, sabe que eu preciso de um tempo para me recuperar. - Voltará para você, assim como prometeu.

Um sorriso fraco escapa por meus lábios enquanto fito seu rosto angelical. - Não se arrepende por ter abandonado a superfície para viver sem a família aqui em baixo? - A pergunta pula por minha boca antes que eu me de conta.

- Não me arrependo disso - ela diz sorrindo sem jeito. - Larguei tudo para ficar onde mais amo e com o homem que eu amo. Você foi uma feliz consequência do nosso amor. Infelizmente tive que ficar afastada de você - sinto a dor em suas palavras. - Mas espero que você possa me perdoar por ter te deixado.

- Está tudo bem - digo tranquila. - Sei que fez isso para me proteger, e embora eu tenha crescido longe dos meus pais, eu cresci com as melhores pessoas que eu poderia querer - encaro o rosto pálido de Maik quando me refiro a meus amigos.

- Não sente raiva por ter sido afastada dos pais e de repente precisar retornar para salva-los por um erro deles? - a pergunta dela me surpreende, nunca pensei que ouviria isso.

- Não, mãe. - Sei que tudo o que fizeram foi pensando no melhor para todos.

Poupamos as palavras. Todos se aconchegam em um cano da caverna escura para passar a noite. Me deito no peito de Maik e fico a observar minha mãe admirar o céu. Sou muito parecida com ela, é quase como me ver mais velha em um espelho. Seu ar inocente de menina ainda reina em sua face, se não soubesse arriscaria dizer que é minha irmã. Mesmo sem ter convivido com ela tenho orgulho por ser sua filha.

Filha do Mar [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora