Casos de Família

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 Ando nervosamente de um lado para o outro na frente do imponente prédio da escola de ensino médio Juarez Durval. Minhas pernas se movem com grande velocidade e giro nos calcanhares assim que chego ao fim da calçada.

- Atende vovô, atende - resmungo com o telefone encostado no ouvido. Meus dedos batucam na perna impacientemente.

- Desiste Cafira, você já deve ter ligado umas 50 vezes - reclama Bia assim que me jogo ao lado dela no chão frio.

- Preciso fazer xixi amiga, e a escola está fechada - digo fechando fortemente os olhos.

- Calma loira, se não estiver aguentando segurar, tem uma moitinha te esperando bem ali - Carlos aponta para um pequeno arbusto cheio de flores amarelas e azuis.

- Não, obrigada - nesse momento avistamos o carro de Maik curvar na esquina da escola. - Maikizinho meu amor - digo pulando para a janela do carro assim que ele freia bruscamente, diminuindo o volume do som.

- Ta querendo o que Fira? - Pergunta desconfiado.

- Me leva pra casa, por favor - digo dando pulinhos e implorando com as mãos juntas.

- Entra aê - responde sorrindo.

Me jogo para dentro do carro como se fosse a ultima coisa que faria.

- Acelera Maik - digo grudando as unhas em seu ombro.

- Ai, o que você tem mulher? - Ele me encara pelo retrovisor.

- Ela está precisando ir ao banheiro - diz Bia sentando ao meu lado.

- Anda logo - puxo a perna de Bia para dentro e fecho a porta com um forte puxão.

O carro avança pela rua velozmente, e meus amigos riem da minha situação. - Vai pra sua casa Bia? - Pergunta Maik ligando o pisca para virar na rua de Bia.

- Nada disso, vai me levar primeiro, a não ser que queira que seu carro vire o meu banheiro - ameaço seriamente.

- Nem pensar Cafira - diz assustado. - Vou te levar primeiro.

Ele acelera o máximo que o limite da rua permite e para em frente a minha casa com uma freada que me faz bater a cara no banco da frente. Abro a porta e saio correndo. - Obrigada meus amores, depois ligo pra vocês. Mergulho porta adentro e ouço o carro partir. Subo as escadas de três em três degraus e me dirijo para o banheiro. Trancado. - PELO AMOR DE JESUS CRISTO, ABRE ESSA PORTA. - Grito a plenos pulmões enquanto dou socos fortes na porta.

- O que deu em você menina - espanta-se minha tia assim que abre a porta com a escova de dentes ainda em sua boca e um rastro de pasta em sua bochecha sinalizando o susto que levou. Não respondo, apenas a puxo banheiro afora e entro fechando a porta atrás de mim. Sento no vaso e sinto um alivio envolver o meu corpo. Respiro aliviada enquanto agarro o papel higiênico. - Mas que loucura foi essa Cafira? - Pergunta tia Lia assim que ponho o pé para fora do pequeno banheiro.

- Desculpe tia, é que eu estava me mijando - minha respiração ainda está ofegante.

- Quase me matou de susto - ela repousa a mão sobre o peito.

- Culpa do vovô, liguei para ele mais de 50 vezes e nada cruzo os braços e franzo o cenho.

- Ele foi buscar a família no aeroporto - ela me encara como se fosse obvio. Deixo meu queixo cair e arregalo os olhos. - Não me diga que esqueceu, eles já devem estar chegando. Todo ano eles vem Cafira, como pode esquecer?

- Não sei, apenas esqueci. Droga, terei que aguentar aquelas pestes - reviro os olhos, enfezada.

- Não fale assim de seus primos menina - tia Lia me repreende voltando ao banheiro.

Filha do Mar [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora