O plano que funciona

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Estamos relativamente perto da sereia quando paro bruscamente de nadar. As minhas damas acabam se batendo em mim e me encaram confusas.

- Como isso aconteceu? - Eu pergunto visivelmente irritada.

- Isso oque majestade - questiona Say arregalando os olhos.

- Vocês não me ensinaram a manejar uma espada - cuspo as palavras.

- Nos perdoe - diz Mari ficando ofegante. - Acabamos por esquecer desse detalhe. Mas não se preocupe.

- Como não me preocupar? - Começo a entrar em pânico. - Vamos morrer.

- Nenhuma sereia aprende a lutar - diz Say. - Aprendemos sozinhas.

- Mas eu sou metade humana - falo com os olhos marejados.

- Mas... - Mari começa a falar, mas é interrompida pela sereia do mau.

- Chega de papo furado - ela diz e nada velozmente em minha direção.

Não penso duas vezes, até por que não daria tempo, levanto a espada e consigo bloquear seu golpe. De soslaio consigo ver outras varias sereias saindo de trás de um rochedo. Levanto a espada e começo a golpear a sereia, ela defende a maioria, mas uma força me invade e consigo cravar a espada em seu peito. Respiro ofegante ao ver o sangue se misturar com a água. Olho para minhas damas e elas estão quase sucumbindo. Nado a uma velocidade alarmante até elas e cravo a espada nas costas de uma sereia que estava por cima de Mari. Ela logo parte pra cima de outra enquanto eu ajudo Say a matar as três que a cercam. Vejo Mari ser arrastada pelos cabelos por uma sereia um pouco maior que as outras. Nado na direção dela.

- Não - ela diz implorando. A encaro confusa. - É UMA ARMADILHA.

Não tenho tempo de nada, apenas sinto uma rede me envolver. Luto contra ela, até que sinto uma forte pancada na cabeça e minha visão se rende a escuridão. Fracassei.

Acordo em um lugar escuro, ainda estou nas cavernas profundas, só que agora estou presa. Sinto a cabeça latejar só de abrir os olhos. Olho em volta mas não avisto Say e nem Mari. Aprumo os ouvidos e ouço um dialogo não muito distante.

- Ela acordou - diz uma voz sombria em algum lugar.

- Já estava na hora - diz outra voz. - Levem-na para a sela especial.

- Quando vamos mata-la? - Pergunta uma vozinha esganiçada que me faz fechar os olhos de dor.

- Não será possível mata-la querida, precisamos dela viva.

- Vamos majestade - diz a primeira sereia ironicamente quando se aproxima de mim, as sereias corrompidas são todas iguais, assim fica difícil saber qual é qual.

- Onde estão...

- Calada - ela me interrompe se aproximando um pouco mais. Retira uma adaga do suporte preso em seu braço esquerdo e corta as cordas presas as rochas. - Vou leva-la para seu aposento real. - Ela ri maleficamente.

Sai me puxando por alguns corredores de pedra até parar em frente a uma sela. Ela abre o portão e me joga dentro dela, saio rodopiando pela água até bater de costas na parede. Uma dor latejante percorre minha espinha até chegar em minha cabeça, tenho a sensação de que meus olhos irão explodir a qualquer momento.

- Fira? - Ouço um fraco sussurro ao meu lado.

- Say? - Pergunto vasculhando o escuro. - É você?

- Sim - ela responde movendo a cauda para que possa vê-la. - Mari está desacordada ainda.

Nado e sento ao lado dela. Mari está deitada no colo de Say.

- O que aconteceu? - Pergunto passando a mão pelo rosto de Mari, ela está medonhamente gelada.

- Eu não sei - responde Say. - Depois que você foi atrás dela elas me apagaram, acordei aqui.

Aos poucos meus olhos se acostumam com a escuridão. A dor em minha cabeça diminui. Sinto a barriga roncar e em seguida uma bandeja de "sopa" é atirada em nossa direção.

- Não vou comer isso - digo colocando a mão na boca para não vomitar ao sentir o cheiro de mariscos podres.

- Não coma então - retruca a sereia dando de ombros.

- Precisamos sair daqui Say - digo quase implorando.

- Sei disso princesa - ela diz cabisbaixa. - Vamos esperar Mari acordar e pensaremos em algo.

Concordo com a cabeça e deito em um canto, acabo pegando no sono. Acordo com alguém tossindo alto. Desperto rapidamente e nado até minhas damas.

- Já sei como sairemos daqui - diz Say sorridente.

Ela me conta seu plano e nos preparamos para coloca-lo em ação. Sigo para o canto da sela e me apoio na parede, começo a respirar ofegante. Puxo cada vez mais água pela boca, ao mesmo tempo que começo a tossir desesperada.

- SOCORRO - grita Mari se agarrando nas grades enquanto Sayonaha nada até mim, tentando ajudar.

- Pare de gritar sua demônia - vocifera uma das sereia do mau se aproximando da grade.

- Por favor - implora Mari, sua voz é de choro e o desespero é visível em seu rosto. - Ela tem asma, vai morrer. Ajude por favor.

- Vocês não me enganam - debocha a sereia.

Nesse momento sinto minha cabeça latejar, estou respirando muito rápido e isso não está me fazendo bem. Levo as mãos ao pescoço e caio no chão, me contorcendo de dor. A sereia encara meu rosto, levemente roxo, através das grades.

- Loufra - ela chama. - A prisioneira está passando mal.

- Deixe que morra - diz a sereia, que deve ser a Loufra.

- Precisamos dela viva - a que nos observava voa para o pescoço de Loufra.

Ouço o som de chaves e vejo o portão se abrir. Normalizo a respiração assim que as duas sereias passam pela porta e Mari agarra as espadas das duas. Joga uma para Say e ataca Loufra. Sayonaha parte pra cima da outra sereia e eu me recomponho como posso. Assim que as duas estão inertes no chão passamos pelo portão da sela. Avisto nossos pertences em uma rocha e os agarro, colocando a espada em minha cintura. Nadamos em busca da saída quando sinto uma rede me cercar. Luto, mas não consigo me livrar dela.

Say e Mari se encaram e concordam com a cabeça. Começam a nadar em volta das sereias, formando um redemoinho. Aos poucos a correnteza fica muito forte e as sereia são lançadas pra todo lado. Me livro da rede e me junto a elas, nadando em circulo o mais rápido que posso.

- PODER AZUL - grita Mari quando só resta a sereia maior no meio do redemoinho.

As caudas de ambas começam a brilhar em um azul muito forte. Um raio se forma e atinge a sereia em cheio, depois explode no chão, formando um enorme buraco no mesmo, de onde escapam varias bolhas de ar.

- NÃÃÃÃÃO - gritam todas as sereias corrompidas que ainda estavam vivas.

Olho confusa, achando que estão assim por causa da sereia que matamos. Mas quando olho para o buraco uma forte luz vermelha invade o ambiente. Não vejo mais nada depois disso, pois meus olhos se fecham e eu desmaio.




Fortes emoções.

O que acham que é essa luz vermelha?

Beijos Nildos

NatáliaB.

Filha do Mar [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora