Sayonaha me puxa de volta para a sala do trono, tenho minhas duvidas quanto a ela ser um pouquinho maluca. Saio de meus pensamentos quando ela começa a nadar para cima dos tronos. Somos sereias, temos caudas, então não precisamos de escada. Ela abre uma porta no topo do castelo e entramos em uma sala com duas arcas de vidro sustentadas por dois pilares brancos. Em uma delas se encontra uma linda coroa adornada por pérolas assim como meu trono e na outra uma espada com o cabo também de pérolas. Olho admirada enquanto Say nada em círculos e Mari passa pela porta toda sorridente.
- São suas - diz ela segurando Say pelo braço antes que ela caia por cima da arca da coroa. - Por hora você usara apenas a espada, pois não queremos que a coroa chame a atenção.
Concordo com a cabeça e Mari abre a arca da espada, retirando a mesma e a entregando a mim, ela tem a mesma cor que minha cauda, roxa.
- Tenho uma pergunta - digo prendendo a espada em minha cintura.
- Diga majestade - diz Mari me encarando.
- Quando cheguei aqui mais cedo, minha cauda estava amarela - digo pensativa. - Por que?
- Você é da realeza - diz Say. - Seu humor é transpassado pelas cores de sua cauda.
- Roxo é a cor dela mesma, assim como seu cabelo - continua Mari. - Amarelo significa saudade.
Não respondo, vou logo passando a mão nos cabelos e os puxando na altura dos olhos. Com tanta coisa acontecendo nem percebi as grossas mechas roxas que surgiram por ele. Logo sou guiada a meu quarto, ainda admirada.
- Partiremos amanhã bem cedo - diz Mari abrindo a porta. - Descanse.
- Qualquer coisa é só chamar - diz Say.
Sou deixada sozinha pela primeira vez no dia. Retiro a espada e a coloco ao meu lado na cama. Começo a pensar em tudo que está acontecendo na minha vida. Deixo algumas lágrimas escaparem. Acabo pegando no sono.
- Fira - ouço alguém me chamar e logo acordo. Vejo Sayonaha me olhando com seus grandes olhos animados.
- Você é normal? - Questiono diante da animação dela logo cedo.
- Qual é a graça de ser? - rio com a resposta, mas ela fala séria.
- Você nunca fica triste? - Pergunto me sentando.
- Pra quê? - Ela pergunta sorridente. - Na vida, as pequenas coisas me fazem feliz. Não tenho motivos para ficar triste.
- Gostei - digo a puxando para um abraço.
Me levanto passando a mão pelos cabelos. É estranho não precisar tomar banho. Mari passa pela porta com uma bandeja com frutos do mar. Como tudo em um piscar de olhos, nem tinha percebido o quanto estava faminta. Pego minha espada e seguimos para fora do castelo.
- Olha - diz um tritão apontando para mim. - A princesa retornou.
- Finalmente - diz uma sereia. - Nossa salvação está próxima.
- Ai - digo olhando para minhas damas. - Que pressão. Saber que a vida de toda nossa espécie está em minhas mãos.
- Você consegue - diz Say nadando a minha frente para indicar o caminho.
Nadamos por intermináveis minutos. De tempos em tempos quase ultrapasso as meninas, mas me contenho, pois não sei o caminho. Meu poder de super velocidade já começa a se manifestar. Chegamos em uma caverna profunda e Say desaparece dentro dela, sigo logo atrás com Mari ao meu lado. Nadamos cada vez mais para baixo. A pressão começa a ficar forte, castiga meus ouvidos e penso que irão explodir. Sereias são seres fortes, mas eu ainda não estou acostumada a altas pressões. Aos poucos alivia, pois começo a me acostumar. Chegamos ao fundo da enorme caverna e consigo ouvir os lamentos dos que estão pressos nas profundezas da mesma. Olho com atenção cada cantinho a procura de meu pai.
- O que fazem aqui? - Pergunta uma sereia, mas ela é diferente das outras, é feia. Já deduzo ser uma das banidas.
- Estamos aqui para... - começa a dizer Say, mas a interrompo, sou a princesa e tenho que me impor, mostrar que não estou interessada em joguinhos.
- Estamos aqui para resgatar o rei tritão, soberano do oceano e de todos os habitantes do mesmo - falo imponente, nunca me senti tão poderosa. - Exijo que o solte imediatamente.
- Não está em posição de exigir nada - a sereia feia cospe as palavras com desprezo enquanto me olha de cima a baixo.
- Estou na posição que quiser - digo secamente.
- E por que acha isso? - Ela pergunta ironicamente. - Está querendo ser a heroína das sereias fracas e oprimidas?
- Não acho nada - falo alterando o tom de voz. - Tenho total certeza de poder exigir isso - ela me olha com deboche. - Sou a princesa Cafira, herdeira do trono do mar e filha de Kai, o rei do oceano e de Kaylane, rainha do oceano. Exijo que o solte. AGORA - grito a plenos pulmões e ouço meu grito ecoar pela caverna.
- Perdoe-me, princesa - debocha a feiosa. - Terei que negar o seu pedido.
- Acontece que não foi um pedido - digo calmamente sacando a espada, vejo Mari e Say fazerem o mesmo. - Foi uma ordem - avançamos para cima da criatura, infelizmente não notamos a presença de outras onze sereias condenadas escondidas atrás de uma rocha. Quando percebemos já é tarde de mais. Estamos cercadas e em desvantagem.
Arrasou Fira
O que acharam dela se impondo e sendo topissima?
Beijos
NatáliaB.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filha do Mar [Em Revisão]
FantasíaCafira vivia a vida comum de uma típica adolescente de 16 anos, mas tudo vira de cabeça para baixo no seu décimo sétimo aniversário. Uma voz do além, uma profecia e uma cauda? Muitas coisas precisam ser explicadas a ela. Será que Cafira obterá as re...