Herói

1.6K 170 12
                                    

Entrei em pânico. Minha respiração ficou ofegante e tive a impressão de que todo o oxigênio do mundo não era o suficiente naquele momento. O individuo se posiciona a minha frente e me encara torpemente. Olhei para cima, encarando-o e ele sorriu maliciosamente se preparando para se abaixar e me agarrar. Não tive uma ideia melhor, apenas levantei o pé em direção a ele e o acertei bem no estômago. Ele levou as mãos a barriga e me encarou furioso. Quando veio novamente em minha direção, um vulto preto, surgido do nada, se lançou em sua direção. Pelo pouco que vi era um garoto, grande e forte. Os dois rolaram pedras abaixo e o "vulto" começou a socar o rosto do marginal. Eram socos violentos e cheios de raiva. Levantei depressa assim que voltei de meus pensamento assustados e desci das pedras em direção a areia. Comecei a correr pela praia, lágrimas inundaram meus olhos, impedindo-me de ver com clareza qualquer coisa a minha frente. A areia remexida pelas diversas cadeiras de praia dificultava minha corrida. A cada passo era como se a areia me puxasse para trás.

Percorri uma média distancia quando sinto mãos me segurarem pela cintura. Sem pensar duas vezes começo a me debater e gritar o mais alto possível, mesmo sentindo que minha voz não sai com clareza o suficiente. O individuo se ajoelha no chão me levando com ele. Me envolve em seus braços e passa a mão por meus cabelos, no momento só penso em conseguir sair correndo a qualquer custo.

- ME SOLTAAAA - grito o mais alto possível. - SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA POR FAVOR - começo a soluçar incontrolavelmente e minhas mãos ficam tremulas. Todas as reportagens sobre meninas molestadas passam por minha mente como um filme.

- Ei, calma - diz o individuo ao meu ouvido, torço o pescoço tentando escapar. - Sou eu, Cafira.

Olho para ele tentando afastar as lágrimas para ver melhor. Ele respira ofegante e me encara assustado. - Maik?! - Digo aliviada e confusa assim que o reconheço. Desando a chorar quando o abraço fortemente.

- Já passou, está segura agora.

- Foi horrível, Maik.

- Eu sei Fira - ele diz afagando meus cabelos. - Se ele fizesse alguma coisa com você eu seria capaz de mata-lo.

- Me leva pra casa? - Pergunto me sentindo fraca. Só quero me encolher em um canto e chorar até me sentir melhor.

- Claro - ele se coloca de pé e me ajuda a levantar.

Andamos em silencio pela praia. Ele passa o braço por meu pescoço e eu o encaro por alguns segundos. - O que foi? - Ele pergunta.

- Como sabia onde eu estava?

- Fui até sua casa pra saber como você estava. Seu avô começou a me contar sua reação e tal, quando ouvimos o barulho do espelho quebrando. Eu subi correndo as escadas e te vi correndo para a praia. Seu avô me pediu para seguir você, só pra ter certeza de que estaria bem - ele me encara. - Sorte sua eu ter feito isso.

- É - digo sorrindo sem mostrar os dentes. - Eu tenho muita sorte por ter você.

Trocamos sorrisos e voltamos pra casa. Assim que pisamos no quintal, Kiara começou a latir e meu avô saiu pela porta.

- Cafira - ele diz correndo em minha direção. - Onde se meteu, menina?

- Bom - diz Maik antes que eu possa responder. - Eu já vou indo Sr. White - ele vira-se para mim. - Depois conversamos, se cuida. - Ele beija minha testa e sai em direção a seu carro.

- Foi horrível vovô - digo me jogando em seus braços e voltando a chorar. Ele me olha com cara de interrogação e eu conto tudo a ele assim que entramos em casa.

Subo para o quarto e me jogo na cama, pego o celular e vejo uma mensagem de Maik.

*Vai ficar bem?* - M

*Acredito que sim :(* - C

Jogo o celular no meio das cobertas e sigo para o banheiro. Tomo um banho quente e demorado. Luto para fechar o registro, já que a água me acalma. Fico cinco minutos encostada na pia vendo o vapor se dissipar do espelho. Tomo coragem e volto para o quarto. Visto apenas uma camisa de rock do meu avô, que fica gigante em mim, e me jogo novamente na cama quando recebo outra mensagem.

*Quer que eu vá ai?* - M

*Não é de todo mal* - C

*Blz, chego ai daqui a pouco. Quer que eu chame o pessoal?* - M

*Não, vem só você. Não contou nada pra eles, né?* - C

*Tá. Não contei não. Faz brigadeiro* - M

* Obrigada. :p não* - C

* :( * - M

* Vem logo* -C

* Indo* - M

Respiro fundo, reunindo forças e levanto da cama. Me enrolo no cobertor e desço as escadas. Todos já estão dormindo então a casa esta completamente escura. Acabo caindo perto do sofá, pois pisei na coberta e fui de encontro ao chão. Sento no sofá, rindo da minha própria estupidez e espero Maik chegar. Brinco com uma linha solta da minha blusa quando escuto o carro estacionar em frente a minha casa. Levanto empolgada e me dou conta de que estou apenas com a blusa.

- Ops - digo correndo de volta ao sofá para pegar o cobertor, me enrolo nele em seguida.

- Cafira - Maik sussurra na porta e bate na mesma.

- Já vou - respondo no mesmo tom de voz.

Abro a porta com cuidado para não fazer barulho e Maik mergulha para dentro da escuridão. - Por que está tão escuro aqui? - Pergunta apalpando meu rosto para saber onde estou.

- Todos já estão dormindo - respondo o puxando até o sofá.

- Seu avô vai me matar se me pegar aqui? - Sinto o medo em sua voz.

- Claro que não - digo rindo meio alto. - Só não quis ligar a luz.

- Entendi. Fez o brigadeiro?

- Eu disse que não faria - digo abraçando uma almofada.

- Chata, eu faço então. - Ele diz indo até a cozinha e ligando a luz depois de procurar o interruptor por alguns minutos.

- Oba - salto do sofá sem o cobertor. Me abaixo rapidamente quando percebo isso e bato o joelho com força no piso gelado.

- O que foi Fira? - Ele pergunta colocando a cabeça pela porta da cozinha. - Caiu?

- Não, eu estou bem - recupero o cobertor e sigo para a cozinha.

- O que é isso que está usando? - Ele pergunta quando passo pela porta. - É uma nova moda?

- Não seu bobo, é que não quero colocar um shorts.

- Mas você está em casa, é só subir as escadas- diz pegando uma panela do armário abaixo da pia.

- Este é o problema - digo sentando na bancada e fazendo uma careta. - Não quero subir as escadas.

Ele termina o brigadeiro e sentamos na sala. Ficamos conversando durante horas. Acabo subindo para pegar um shorts, pois fico com calor com aquele cobertor.

- Não vai contar o que aconteceu para a Bia e o Carlos? - Ele pergunta enquanto raspa a panela do brigadeiro com o dedo.

- Não estou muito afim de contar, não - respondo roubando a panela das mãos dele.

- Ei - protesta chupando dedo carregado de brigadeiro.

Mostro a língua e ele joga uma almofada na minha cara. - Foi você quem contou? - Pergunto devolvendo a panela.

- Para o seu avô? - Afirmo com a cabeça. - Não, foi a Bia.

Não falamos mais nada. Assistimos a um filme de comédia e dormimos na sala.







Maik meu herói. Amei ele salvando a Cafira <3

Espero que gostem do capítulo

Beijos

NatáliaB.

Filha do Mar [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora