O sorriso aumento no rosto de meus pais. - Mas meu lugar não é aqui, pelo menos não aqui em baixo, eu amo o mar, mas amo a superfície. Foi lá que vivi minha vida toda e é lá que quero ficar. - Sinto-me triste por ter que dizer tudo isso. - Amo vocês e virei visitar sempre, mas minha vida é lá em cima, espero que entendam.
- Eu...- começa minha mãe.
- Entendemos filha - meu pai a interrompe quando ela se debulha em lágrimas. - Sabíamos que essa seria sua escolha, mas sua mãe tinha esperanças e por isso perguntamos. Apoio sua decisão de viver com seu avô, mas só se me prometer que virá nos visitar sempre.
Sorrio derramando algumas lágrimas. - Prometo meu pai, eu amo vocês e não quero decepcionar ninguém, e fico feliz que aceitem minha escolha.
- Você não nos decepciona filha - diz minha mãe me abraçando. - Temos orgulho de você e se você não vive conosco é por erro nosso e não seu. - Ela olha no fundo de meus olhos. - Vá em paz, mas volte sempre.
A festa prossegue animada. Danço com meus pais até não aguentar mais. Ao final da festa, já de madrugada, todos vão para suas casas, mas não antes da seção abraços na princesa que salvou o oceano.
Durmo com meus pais, já que partirei na manhã seguinte, quase não consigo dormir já que sou esmagada por quatro braços ansiosos por não me deixarem escapar.
Penso por muito tempo se devo realmente partir, amo estar aqui, mas não é onde me vejo, sendo a princesa perfeita levando uma vida de mordomias, não é isso que quer para mim. Até porque o meu amor está na superfície, já não consigo imaginar minha vida sem Maik.
Sou a primeira a acordar na manhã seguinte. - Pai, mãe - chamo.
- Você está sonhando - diz meu pai com os olhos fechados, o encaro divertida. - Ainda não amanheceu, não está na hora de partir.
- Para com isso pai - digo rindo. - O sol já nos agracia com sua luz.
Ele levanta e puxa minha mãe junto, me preparo para partir e sigo até a sala do trono, onde meus pais me aguardam.
- Não quero que vá - diz Sayonaha me surpreendendo com um abraço apertado, seu rosto está inchado devido ao choro. Mari se junta ao abraço.
- Meninas - digo. - Amigas, isso não é um adeus, eu vou voltar sempre.
- Promete? - Pergunta Mari limpando as lágrimas.
- Prometo de cauda - digo, todas juntamos nossas caudas e nos abraçamos novamente.
Sigo até meus pais e me despeço deles. - Eu digo que terás muitas alegrias ao longo de sua vida, desejo a você toda a felicidade do mundo. - Diz minha mãe segurando meu rosto.
- Se aquele Maik a magoar - começa meu pai tomando ar sério. - Já sabe onde me encontrar.
- Pode deixar - digo sorrindo.
- Estaremos sempre aqui lhe esperando - minha mãe me envolve em um último abraço.
- Não fiquem tristes com minha ida - digo, quase como uma ordem. - Você são novos, tenham mais filhos para alegrar esse lugar.
- Não é uma má ideia - meu pai abraça minha mãe e a beija carinhosamente, rio da cena.
- Querido - repreende minha mãe passando a mão pelos cabelos sedosos. - Pare com isso.
Pisco para meu pai e me preparo para sair. - Quero irmãozinhos, já estou avisando.
- Quer que alguém a acompanhe querida? - Minha mãe me olha com o rosto vermelho pela vergonha.
- Não mãe - respondo. - Já me despedi de todos, não quero chorar mais.
Com um aceno me despeço e disparo pela porta. Meu arco e minha espada servirão para manter viva a lembrança de tudo que vivi aqui. Me despeço de todos que passam por mim pela vila.
[...]
- AMIGOS - grito logo que chego perto do barco. - CHEGUEI. - Retiro a espada e o arco e os coloco no barco. - Desejo ser humana. - Minhas pernas voltam e eu subo no barco sentindo a dor causada pelo ferimento.
- CAFIRA - gritam em uníssono e se jogam em cima de mim, me levando ao chão.
- Oi amigos - digo em meio as risadas. - AI.
- O que foi? - Pergunta Bia levantando rapidamente e me analisando.
- Lembranças da minha luta com Malena Blood - respondo apontando para o curativo.
- Você venceu? - Pergunta Carlos.
- É claro que venci - respondo dando um soco fraco em seu braço. - Quer que eu te mostre como?
- Eu já sabia - diz Maik convencido. Me jogo em seus braços e o beijo animada.
- Finalmente esse casal decidiu se assumir - diz Carlos. - Né amor? - Ele passa o braço pelo pescoço de Bia e beija sua bochecha.
- É sério? - Pergunto pulando nos dois. - Vocês estão juntos?
- Pois é - Bia cora.
- Isso - comemoro satisfeita.
- O que acham de irmos pra casa? - Pergunta Maik. - Será uma longa viagem e Cafira terá muito tempo para nos contar como foi tudo.
- Acho uma excelente ideia - concordo correndo para a cozinha, preciso comer algo de verdade, que não seja frutos do mar.
Conto a meus amigos todos os acontecimentos, eles escutam a tudo quase que sem respirar. Agora não quero mais nenhuma aventura, por mim chega, só quero surfar e aproveitar cada minuto perto de quem eu amo de verdade.
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Filha do Mar [Em Revisão]
FantasyCafira vivia a vida comum de uma típica adolescente de 16 anos, mas tudo vira de cabeça para baixo no seu décimo sétimo aniversário. Uma voz do além, uma profecia e uma cauda? Muitas coisas precisam ser explicadas a ela. Será que Cafira obterá as re...