Chegamos em minha casa e subimos correndo as escadas em direção ao meu quarto. - Como foi a prova peixinho? - Perguntou tia Lia parando com os braços cruzados na porta.
- Então, titia querida... - começo a falar mas logo sou interrompida.
- Ela se ferrou Lia - disse Bia se jogando em minha cama.
- Cafira, que decepção - disse me encarando - Tudo bem Biazinha?
- Tudo ótimo - disse Bia docemente enquanto eu a fuzilava com os olhos.
- Relaxa tia, eu vou recuperar - falo com ar positivo.
- Acho bom mesmo, até porque as regionais são mês que vem - ela me olhava maleficamente, o que me deixa confusa. - Acho melhor subir essas notas, ou vai assistir a competição da areia.
- Pode deixar tia - mordo o lábio inferior e ela sai do quarto fechando a porta. - Obrigada Bia, agora sim estou ferrada.
- Sim, você realmente esta ferrada. Vai ter que estudar muito - retruca ela brincando com minhas almofadas.
- Sei disso - falei me jogando ao lado dela na cama. - Acontece que estou precisando relaxar - meu rosto se ilumina com um sorriso.
- Cafira White - ela me olhou decepcionada. - Achei que iriamos estudar. E além do mais, relaxar de que? Você não faz nada além de surfar.
- Hoje não boba, amanhã estudamos. Hoje preciso sentir o mar - falei olhando para o teto. - E pra sua informação eu não vivo apenas surfando... bem que eu gostaria.
- Amanhã? - Pergunta me olhando cuidadosamente.
- Sim, dorme aqui em casa - respondo fazendo jóias com os dedos.
- Certo, certo. Amanhã sem falta Fira - ela disse apontando pra mim.
- Dou minha palavra - falei levantando a mão em sinal de promessa.
- Meninas o almoço esta pronto - ouvimos minha tia chamar da cozinha.
Descemos correndo, eles já esperavam sentados a mesa. Lavamos as mãos e sentamos para comer o grande peixe que tia Lia e vovô prepararam para nós. - Pescou esse hoje vô? - Pergunto enquanto levo uma grande colher de arroz ao prato.
- Sim, apesar de que hoje o mar não estava pra peixe, mas considerei uma boa pesca - disse sorrindo para mim.
- Senhor White... esta simplesmente divino - elogiou Bia, ela sabe como meu avô gosta quando alguém elogia sua comida. - Lia, parabéns também, está maravilhoso - tia Lia apenas sorriu em agradecimento, não é de falar muito.
- Obrigado querida - agradeceu orgulhosamente meu avô. Comemos em silencio, apreciando o delicioso peixe assado.
- A louça é com vocês meninas - diz tia Lia se levantando.
- Eu lavo - dizemos eu e Bia ao mesmo tempo.
- Sou a visita - Bia mostra a língua.
- Droga - reclamo enquanto empilho os pratos - odeio secar a louça.
Bia sai saltitando ate a cozinha. Quando terminamos de arrumar tudo, subimos para trocar de roupa e nos preparar para pegar ondas.
[...]
- Onde pensa que vai? - pergunta vovô quando abro a porta da frente.
- Vamos a praia - respondo inocentemente.
- Negativo.
- Vô, por favorzinho, só hoje vai - imploro chorosa.
- Ela me prometeu que amanhã vamos estudar - ajuda-me Bia.
- Tudo bem, espero que estude mesmo, ou de adeus as regionais.
- Iupi - dou um beijo na bochecha de meu avô e saio correndo pela porta.
Carlos já está esperando por nós com seu irmão mais velho, Maik o garoto mais incrível que já conheci, na grande picape preta. Ele nos ajuda a colocar as pranchas no suporte e seguimos rumo a melhor praia de Florianópolis, a praia Brava. Amo pegar ondas lá.
Assim que chegamos já preparamos as pranchas e caímos na água. A água estava morna, pois o sol se manteve forte a manhã toda. Começo a remar com os braços cada vez mais para o fundo. Quando estou no mar me sinto realmente em casa, amo a sensação da água batendo em minha pele e dos respingos acariciando meu rosto.
Chego a uma boa altura para pegar ondas e logo vejo uma. Começo a remar no sentido da onda e me preparo para ficar em pé. Para a primeira onda decido simplesmente deslizar ao longo da onda, quando chego quase no fim, antes que ela quebre, abro os braços e me jogo para trás, esse é meu "ritual", faço isso em toda primeira onda do dia.
Ficamos na praia durante muitas horas, só vamos embora quando já esta escurecendo. Amo este lugar e nunca tenho vontade de voltar para casa. Sinto como se as ondas chamassem meu nome, isso que da ter sido praticamente criada por elas.
Quando chego em casa meu avô esta dormindo na rede e tia Lia esta fazendo colares de conchinhas. Decidimos ajuda-la por um tempo antes de tomar banho. Quando estamos prontas para dormir nos deitamos e logo adormecemos, estamos muito cansadas por termos ficado a tarde toda na praia.
Nessa noite tenho um sonho um tanto curioso. Estou no mar, mas não vejo nada então suponho que seja noite. Não sinto nenhum movimento, apenas uma voz que ecoa até meus ouvidos, essa voz é doce e calma, mas desconheço de quem seja, ela chama meu nome. De repente algo escuro nada velozmente em minha direção e "gruda" em meu rosto, fazendo com que não consiga respirar, espera, eu estava respirando em baixo da água? Acordo assustada mas continuo deitada, afasto os resquícios do sonho e volto a dormir, alias foi apenas um sonho. Pelo meno é o que eu espero.
Beijos
NatáliaB.
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Filha do Mar [Em Revisão]
FantasíaCafira vivia a vida comum de uma típica adolescente de 16 anos, mas tudo vira de cabeça para baixo no seu décimo sétimo aniversário. Uma voz do além, uma profecia e uma cauda? Muitas coisas precisam ser explicadas a ela. Será que Cafira obterá as re...