Capitulo 104

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Cloe
Sem revisão


As lágrimas de meu pai pareciam não ter fim, ele soluçava como um criança no colo da mãe. Aquela cena me causava dor, ver ele assim me trazia um desinquietamento, e mesmo querendo chorar me segurei, e tentei tranquilizar o homem que mais amo na vida

- Ei, pai, tá tudo bem - mesmo com estas palavras ele não cessava de chorar, levantei o seu rosto e olhei no fundo dos seus olhos - olha pai, o senhor não tem culpa, do que aconteceu, não tem por que estar assim, não precisa ficar se remoendo por algo que você não pôde mudar. Eu tenho orgulho de você. Eu te amo muito papai, muito! - e com isso meus olhos encheram de lágrimas, não pela situação toda, mas por eu ter a oportunidade de dizer o que sentia a ele mais uma vez

Ele me abraçou por um longo período, não sei ao certo se foi para me reconfortar ou pela saudade acumulada. Durante esses anos todos, não consegui esquecer o seu cheiro, e por incrível que pareça ainda era o mesmo, e ao sentir um pingo de alegria me invadiu. Nos afastamos e então enxuguei suas lágrimas, e logo um sorriso doce se formou na sua face

- Eu tentei fugir, e na minha concepção eu poderia desaparecer por algum tempo, até eles esquecerem de mim, e poderia voltar pra vocês, mas não deu certo, eles conseguiram me pegar, e Thomás não estava lá, então eles me espancaram. Sempre fui invejado por ter conseguido o tal cargo em tão pouco tempo, todos daqui quer meu lugar, já tentaram me matar diversas vezes, já apanhei muito aqui, mas sempre Thomás me acudiu, alguns meses atrás tornaram a me espancar, fiquei à beira da morte, quase tive traumatismo craniano, e ele ficou sabendo, na mesma hora ele mandou uma das ajudantes dele vir me buscar, me levaram para o hospital, a moça não pode ficar comigo, então o rapaz que acompanhava ela, resolveu ficar para me ajudar no que for preciso. Fiquei internado um mês, e quando sai recebi a notícia que todos os que me agrediram foram mortos por traumatismo craniano, Thomás disse que ninguém mexeria comigo de novo, mas eu sei que eles só me deixaram vivo porque ainda iriam precisar de mim, eu era o único jeito de você trazer o que eles tanto queriam, e sem mim eles não teriam isso - ele olhava com desdém o céu que brilhava pela vasta janela, e virou para mim, com os olhos cheios de significados - Meu medo é o que eles iram fazer com você - ele colocou uma mecha na minha orelha e sorriu tristemente

- Vai ficar tudo bem papai!

A única coisa que eu consegui dizer foi isso. Minha mente tentava relacionar as informações que acabei de receber, meus pensamentos estavam a mil, e mesmo tentando organiza-los eu não conseguia. Saber que meu pai estava vivo esse tempo todo me causava uma certa culpa, culpa de não ter buscado o motivo da sua morte, o Dna do corpo, buscado meus direitos, culpa de ter abaixado a cabeça e aceitado de maneira fácil minha perda. Me sinto culpada pelas várias vezes que Davi perguntava como era o papai, como era sua voz, seu jeito. Por ver minha mãe chorando pelos cantos, por ver ela envelhecendo e não aceitando a ideia de arrumar um outro amor, porque segundo ela Eduard sempre foi e sempre vai ser o amor da sua vida

Meus pensamentos foram sendo encaixados aos poucos e fui absorvendo cada detalhe dito pelo meu pai. Mas o que não sai da minha cabeça, uma pergunta que é praticamente a chave de tudo isso

Estava de noite, e meu pai e eu estávamos deitados, conversamos sobre tudo, e mesmo naquela situação ele não deixou seu velho e bom humor de lado, apenas não lhe contei sobre David, mas breve irei contar. Tentei de todas as formas me esquecer da tal pergunta que me perturbava, retomamos assuntos várias vezes e mesmo assim não consegui esquecer, e então me virei para ela decidida a perguntar

- Papai o que tem naquele colar de tão valiosos, é porque eles querem ele tanto? - ele estava com semblante alegre, a ao ouvir esta pergunta derrepente sua alegria se transformou em tenção, e ao mesmo tempo eu temia pela resposta

ACONTECEU POR ACASO ( Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora