Capitulo 103

2.1K 118 1
                                    

Cloe
Sem revisão



- Vamos ao que interessa - o gordinho disse

Ficamos tanto tempo envolvidos um ao outro que me esqueci aonde estava, e a voz ensaiada do anão nos fez afastar-se e encarar a realidade

- O que você quer? - disse por impulso

- Que tal sentar-mos? - com um sorriso debochado ele indicou uma cadeira aparentemente confortável

- Não estou afim!

- Meu amor, senta - a doçura da voz de meu pai me fez olhá-lo

Com a aparência mal cuidada, cabelos um pouco crescidos, e com um olhar cansado, ele aparentava pedir socorro em silêncio. Meu coração apertou de uma maneira tão grande que me controlei para não sair lágrimas em meus olhos. Puxei a poltrona para ele sentar e me sentei ao seu lado, o tal gorducho ficou nos encarando, ora meu pai, ora a mim. Aquela seja já estava me deixando intrigada então resolvi agir

- O que você quer?

- Você trouxe o que eu pedi?

- Trouxe! - tirei o colar do meu pescoço e segurei

- Que bom, agora me dê! - ele estendeu a mão

Por baixo da mesa meu pai colocou a mão na minha perna, o olhei e mesmo em silêncio entendi, que ele não queria que eu entregasse

- Por que quer tanto isso? - minha curiosidade falou mais alto

- Então quer dizer que você não sabe? - um sorriso divertido se formou naquele redondo rosto

- Se estou perguntando é porque certamente, não sei!

" Esse homem faz cada pergunta sem noção " pensei

- Seu querido pai já trabalhou para nós, e ele não segui as regras então tivemos que tomar providências. Agora não tenho que dar mais explicações a você, me dê esse colar - ele se levantou e estendeu a mão

Fiquei olhando, do colar para o gorducho, do gorducho para o colar, e derrepente um dos seguranças do anão pegou-o de minhas mãos e entregou a ele

- Boa menina - ele disse me olhando - agora leve ela e seu paizinho para o porão e os tranque lá - e assim ele saiu do cômodo

- Como assim? O trato seria meu pai ir embora... - nem tenho tempo de terminar minha frase, e já estou sendo arrastada para o porão

Meu pai desce sem precisar ser levado, e depois que chamamos na escada meu pai toca no braço do homem e ele me solta. Descemos até chegarmos em uma porta preta e ela se abre, e como se fosse acostumado ele entra e o acompanho

O lugar é limpo, um tapete de veludo cobre todo o chão, quatro poltronas brancas de couro ficam em um canto da parede, um televisor, som, estante cheia de livros estão ao lado, a cama de casal fica do outro lado da parede, é uma porta surge na minha vista, que deduzo ser o banheiro, o cômodo é na cor vermelho, e de certa forma dá um ar de aconchego

- Pai? - minha voz falha mas ele ouve

- Sim filha

- Acho que o senhor pode começar a me contar o que tá acontecendo

Ele indica a cama para mim sentar, obedeço seu gesto e então ele se senta ao meu lado, de frente para mim

- Tudo começou antes de conhecer sua mãe, na minha infância sempre foi meu sonho trabalhar na polícia, fazer investigações ou coisa do tipo, minhas brincadeiras, minhas redações, trabalhos escolares, sempre tinham tudo haver com o assunto. O tempo foi passando e eu quis ir em busca do meu sonho, fui em todos os lugares possíveis que tinham empregos disponíveis, mas não consegui nem um, tentei, tentei, mas não consegui, e com o passar dos anos acabei aceitando a ideia de seguir outra carreira, foi aí que conheci sua mãe - os olhos de papai começaram a brilhar - namoramos, e nos casamos, e então depois de algum tempo meu amigo Thomás, que também tinha o mesmo sonho que eu conseguiu um emprego na maior agências de agentes secretos - ele falava perto do meu ouvido e quase em sussurro - e por tanta insistência ele me levou pra lá também, e começamos a trabalhar juntos. O tempo foi passando e pra mim tudo estava perfeito, eu tinha uma esposa maravilhosa, e ainda por cima estávamos esperando você, e meu emprego estava melhor do que nunca, não recebia muito mas amava i que eu fazia, sua mãe trabalhava e também estava realizada foi aí que você nasceu, sua mãe ficou de resguardo e recebeu todos os direitos que ela merecia, e então o resguardo acabou e ela foi demitida, não nos apavoramos, comecei a pegar mais de um caso por semana e depois dois, três, e chegava dias que resolvia dois casos, para poder ajudar nas despesas, Pamela não conseguiu arrumar emprego algum, e os anos foram passando e fomos tocando a vida como dava, você foi crescendo e logo recebemos a notícia de que teríamos o Davi, aí as coisas começaram a piorar, suas mãe tinhas as consultas, exames, pre-natal e tantas outras coisas que ficamos meio que sem saída. Os casos pequenos já não bastavam mais, precisava dos grandes, e o nosso chefe ficou sabendo da minha situação e me ofereceu o caso que tinha o valor tão alto que dava para nós sustentar por cerca de um ano, e mesmo sendo o mais perigoso aceitei. No começo pensei em desistir, mas ao ver as coisas se agravando mais resolvi encarar o desconhecido, busquei, pesquisei e fui me aprofundando no caso, até me infiltrei no meios deles, me tornei amigo deles, fui espião e tudo mais, e na época Davi já estava com um ano. Depois de muito esforço consegui saber detalhes sobre o caso, entreguei todos os detalhes para o corpo onde trabalhava, consegui a peça que eles tanto queria, as provas dos tantos crimes de pessoas de altos renomes, e era isso, minha função era dar informações e conseguir me infiltrar no meio deles, e assim fiz, más, o resultado foi além do imaginado da corporação, a situação era tão grave, os homens são tão perigosos que ele resolveram deixar isso para uma grade maior de componentes, recebi meu pagamento e foi solicitado o cancelamento do caso, e pra mim havia acabado, mas não acabou, fui até eles dizer que queria sair, disse que não estava a fim de fazer aquilo mais, mas eles não aceitaram, eu era o braço direito do cabeça de tudo, ele me confiou uma das coisas que poderia colocar todos eles na prisão, um micro chip, e guardei comigo o que eles pediram, e eles ameaçaram fazer com vocês o que eles faziam com as demais pessoas, tentei me afastar, tente de todas as formas meu amor, eu juro pela minha vida, tentei voltar para vocês, tentei ficar com vocês, mas eles me pegaram, e até tentaram me matar, mas o Celso, que é o que comanda isso tudo impediu, e disse para me deixar aqui, que eu ajudaria ele como antes, e eu teria a condição de ver vocês. Eu vi vocês crescer, vi de longe, nunca pude abraçar vocês, nunca pude levar Davi pra escola, nem ensinar ele a jogar bola, nunca pude ouvir ele me chamar de papai, eu não pude estar do lado de vocês. Então forjaram minha morte, e desde então me trancaram aqui - os olhos de meu pai estavam marejados e como um impulso o abracei forte, tentando o reconfortar

ACONTECEU POR ACASO ( Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora