Capitulo 102

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Cloe
Sem revisão

O caminho era deserto, o sol adentrava o carro, e conforme a velocidade ia aumentando o vento alvoroçavam meus cabelos. Resolvi fechar a janela e me concentrar no que iria fazer a seguir, disse a mim mesma que iria sair de lá viva e trazer meu pai

Mas a pergunta que não quer calar dentro de mim é como ele viveu durante esses anos? Como ele foi enterrado e está vivo, como?

Isso não sai da minha mente.

Meus olhos começaram a querer derramar as lágrimas que já estavam acumuladas a tempo, mas às segurei, eu teria que ser forte, tratar da situação com cautela e sabedoria. Fiquei navegando nos meus pensamentos, as formas possíveis de como tudo pode terminar, das hipóteses de meu pai realmente estar vivo, que nem me dei conta que havia quase chegado

A estrada era deserta, e os matos em volta cobria a grande fábrica que havia por detrás. Estacionei meu carro um pouco longe de lá, em um arbusto que duvido muito que de para ver pelo local. Respirei fundo, tirei a chave com cautela e ainda com a mão no volante tentei me tranquilizar mentalmente sobre o que viria a acontecer, mas não funcionou, minhas pernas estavam sem força, minhas mão suavam e o nervosismo me invadiu. Fiquei assim por alguns minutos e por fim abri a porta e sai de lá de dentro

A pequena trilha de cascalho me levou até uma grande porta, a casa passo meus pés tremiam, e as pequenas folhas se quebravam fazendo um barulho inquietante. A porta foi aberta antes mesmo de mim aproximar, e um homem, moreno pouco calvo, forte e estranhamente assustador surgiu com uma enorme arma nas mãos, me olhou de cima em baixo com o mesmo semblante

- Quem é você? - a voz grossa chegou aos meus ouvidos em forma de choque

- Cloe Lancaster - disse em um tom mais confiante que pude

- Então quer dizer que a mocinha se orgulha de ter um lixo como pai?

- Guarde sua opinião para você, e me leve até o responsável de tudo isso! - meu tom foi tão audacioso que o homem nem hesitou, apenas me levou até dentro da fábrica

Goteiras, barulhos de ratos, bichos, insetos, mal cheiro, tudo que eu imaginava ter em uma fábrica abandonada, não tem nesse lugar. Por incrível que pareça, tudo é organizado, móveis de auto padrão, tapetes impecável, e a limpeza é de cair o queixo. Subimos até o andar de cima, e na terceira porta do corredor o homem que estava acompanhando bateu na porta, e logo uma voz mandou entrar. Ele então abriu a porta e me deixou entrar e depois fechou, me deixando a sós com um anão careca

- Como vai senhora Lancaster? - seu tom era alegre, e ao me ver ele sorriu e indicou que eu sentasse na poltrona a sua frente

- Aonde está meu pai?

A sala é toda revestida no veludo preto, e com ar de sofisticação os moveis combina como todo, o anã roliço está expurrachado em uma poltrona larga, e seus minúsculos pés mal tocam o chão

- Pelo visto a senhora é rápida! - seu tom é irônico e minha paciência começa a diminuir

- E pelo visto você não entendeu minha pergunta - minha ansiedade estava tomando conta de mim

O desejo de ver meu pai é maior que tudo. Quando adentrei o lugar, olhei para todos os lados, direita, esquerda, todos os lados mesmo, procurei discretamente vestígios que possa ter meu pai, que possa ao menos conter o cheiro dele, más, não encontrei. Durante esse tempo, quase não dormia, meus olhos pesavam, mas minha mente trabalhava tanto, a ponto de explodir. Ter meu pai de volta traria alegria para os meia dias, eu poderia ter aquele colo de novo, aquele abraço acolhedor, eu teria meu pai de volta. Durante a sua suposta " morte " pensei que não conseguiria suportar, imaginei que morreria dias depois, más, o tempo foi passando e sem querer conseguir esquecê-lo um pouco, pensava nele com menos frequência, e isso era horrível para mim, na minha cabeça eu teria que pensar nele todos os dias, que era minha obrigação lembrar dele, era como se fosse meu agradecimento, mas eu não sabia que um dia poderia me acostumar com a ideia de que ele se foi, e quando isso aconteceu, recebi a notícia de que ele estaria vivo!

- Traga ele aqui - três simples palavras que fizeram meu corpo desmoronar

Meus pés formigavam, e minhas pernas estava bambas, más, mesmo assim eu queria levantar para vê-lo, abraçá-lo, sentir aquele perfume outra vez. Aqueles segundos se transformaram em minutos, horas, minha ansiedade me perturbava, e meus olhos buscavam pela a porta, e meus ouvidos pelo barulho dela sendo aberta

E depois da minha espera, que pra mim durou uma eternidade, a porta se abriu. Surgiu o mesmo homem que me recebeu do lado de fora e logo veio um homem atrás dele, de cabeça baixa, mãos para trás e costas encurvadas, observei a porta se fechar e o homem ficar estático. Seus cabelos eram grisalhos e sua pele ainda bem cuidada, transmitia o tempo vivido, ele usa uma calda preta jeans e uma blusa branca

- Eduard olhe para sua princesinha - o roliço disse

O homem levantou a cabeça, e pela primeira vez pude ver seu rosto, e durante esse tempo todo ele não mudou nada, suas marcas do cansaço é evidente, mas continua o mesmo. Ao ver essa cena, ele com algemas como um criminoso, sendo refém desses marginais, sendo maltratado e vivendo uma vida longe de que ele ama, vivendo longe de mim, uma mistura de raiva e tristeza me veio, e ao mesmo tempo que as lágrimas desceram no meu rosto assim as dele também, e em uma vontade louca correr e o abracei com toda minha força, com toda saudade acumulada no meu perto, e aquele aroma que só ele tem me deu alegria pra continuar

- Que saudade! - em um sussurro só consegui dizer isso, mesmo eu querendo dizer tanta coisa, e dizer como ele é especial e como o amo, só saiu isso

- Também estou minha princesinha - ao ouvir sua voz, foi como um bálsamo para mim, uma paz se instalou no meu peito, e uma praia pontada de esperança veio no meu peito

Isso tudo é um sonho, meu pai realmente esta vivo. É mesmo não sabendo o final dessa história resolvi aproveitar aquele abraço, eu não saberia dizer se iria ser o último, mas mesmo assim vou aproveitar cada segundo do lado do meu pai!

ACONTECEU POR ACASO ( Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora