Meu caminho até o meu antigo bairro foi relativamente tranquilo. Peguei um pouco de trânsito, mas eu não tinha um horário, então tudo bem. Durante o percurso, pensei em todos os momentos que eu e Nick tivemos. A primeira vez que transamos, as noites que dormi ao seu lado, a loucura do banheiro e principalmente, o modo que ele ficou hoje após receber aquela ligação. Bem, eu sabia que era do Brasil, por que o pouco que eu consegui ouvir foi em português. Eu sei que ele se sentiu incomodado por eu ter ouvido, e por isso acabei não insistindo mais. Apesar de estar preocupada com ele, eu deveria respeitar sua privacidade. Nós não tínhamos nada concreto, e eu não poderia cobrar nada dele.
Eu queria muito saber aonde ele iria ao sair de casa junto comigo. Queria saber se ele iria atrás de alguma mulher, ou se iria atrás de uma mulher em especifico. Por mais que ele tente fazer parecer que a relação que tem com Hanna não seja nada demais, eu sei que não é bem assim. Pelo pouco que ela me disse sobre eles, há algo de muito intenso entre os dois e eu me arrepio só de pensar.
Por que caramba, eu gosto dele tudo bem?
Por mais que eu não queira admitir nem para mim mesma, aquele sorriso presunçoso me cativou. Aquele corpo atlético se encaixa perfeitamente no meu. E eu definitivamente amo puxar aquele cabelo enquanto fazemos amor.
Droga, eu falei fazer amor?
Eu definitivamente não posso falar isso perto dele.
Nem é isso que a gente faz.
A gente transa.
Faz sexo.
Fode, que seja.
Mas não fazemos amor, Blair, sua trouxa.
A gente só faz amor com quem a gente ama.
Quando eu estaciono meu carro em frente à casa de Jocelyn, a vizinha onde Becca está, meu coração dispara por alguns segundos. A casa dela é de frente com a minha, e ver o lugar onde eu nasci e cresci me dá de repente uma nostalgia chata. Olho por alguns instantes para o gramado e lembro-me dos dias em que Jason e eu brincávamos ali, tão inocentes. Lembro-me dos churrascos em família junto com os vizinhos e das conversas na área da frente, com os garotos. Atravesso a rua e vou em direção ao gramado da minha casa. É uma casa antiga, e está um pouco deteriorada pela falta de manutenção. Desde que meus pais se foram, eu tive que escolher entre comer e arrumar a casa. Comer ainda foi a primeira opção.
Pego o molho de chaves na minha bolsa e decido dar uma olhada na casa antes de pegar a Becca. Entro pela porta da frente e o cheiro de casa fechada invade minhas narinas. Abro as janelas, deixando a luz do sol entrar, na tentativa de fazer com que a situação melhorasse um pouco. Subo as escadas devagar e sigo em direção á meu quarto. Vou aproveitar para pegar mais algumas coisas antes de ir embora de novo. Por mais que aqui seja meu lar, eu me sinto bem estando com Nick. Por mais que pareça que eu quero me aproveitar da boa casa e da boa comida, eu apenas gosto de saber que não estou sozinha. Sempre fui eu para cuidar de tudo, e ter alguém como Nick me dando respaldo faz com que eu me sinta menos pressionada na vida. Depois de anos, eu estava sendo cuidada novamente.
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Hard I REPOSTAGEM I
ChickLit*** A infância de Diego Muniz não foi nada fácil. Bem, pelo menos, não o que ele lembra dela. Abandonado pelo próprio pai em um orfanato após a morte de sua mãe, o garoto de olhos verdes e assustados só voltou a conhecer o amor familiar quando foi...