Capítulo 31 - Nick Hard

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Cada passo que eu dou em direção ao meu passado, mais eu sinto que isso é um erro

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Cada passo que eu dou em direção ao meu passado, mais eu sinto que isso é um erro. Mais eu sinto que quando isso acabar, e eu souber toda a verdade, eu estarei devastado.

Completamente arrasado.

Mesmo assim eu teimo comigo mesmo, e após um afirmativo balançar de cabeça do meu pai, com o coração batendo praticamente na garganta, eu abro o dossiê.

No alto da folha, meu nome completo e o nome da instituição onde eu fui deixado há vinte anos. Enquanto eu leio todos os relatórios das assistentes sociais, todos os comentários de juízes, todos os boletins de ocorrência e todos os testemunhos de vizinhos, minha garganta se fecha. A coisa só piora quando eu chego finalmente nos papéis sobre a morte da minha mãe. Todos os detalhes das investigações estão ali, para eu ler e enfim entender como minha mãe foi tirada de mim. O nó vai se formando mais e mais, tampando a passagem do meu ar, me fazendo perder o sentido, me fazendo ter enjoos. Fecho aquilo com um baque e o empurro para longe, dando espaço para me escorar em cima da mesa em busca de ar.

Isso não pode ser verdade.

Merda, isso não pode ser verdade.

Eu sinto que vou morrer.

- Me diz que isso é mentira pai. - eu arfo e tento falar, mas as lágrimas atropelam e não me deixam completar a frase antes de alguns segundos - Me diz que eu entendi isso tudo errado, que é um engano.

Meu pai engole seco, mas não esmorece.

- Não é mentira filho.

Eu congelo em horror em um primeiro momento, mas logo em seguida a frase ecoa dentro da minha cabeça e eu demoro alguns segundos para processar.

"Não é mentira filho. Não é mentira filho. Não é mentira filho".

- MALDITOOOOOOOOOOO - eu empurro o que eu vejo pela minha frente na mesa, ouvindo tudo cair no chão em um baque surdo. Eu levanto da cadeira em busca de mais coisas para destruir, mas minhas pernas não obedecem e então eu caio de joelhos, engasgando em meu próprio choro enquanto bato no chão com os punhos - Maldito, maldito, maldito. - eu não sei por quanto tempo eu repeti essa palavra até que meu pai decide intervir.

- Você precisa se acalmar Nick. Precisa se acalmar para entender - ele me puxa pelos ombros como se eu fosse uma pluma, me colocando sentado na cadeira de couro novamente. Eu jogo minha cabeça para trás e soluço, completamente devastado. A minha vida está ruindo debaixo dos meus olhos.

- Eu não quero acreditar que isso é verdade.

Meu pai puxa uma cadeira e se senta a minha frente, então ele toca meus joelhos e eu abro os olhos, completamente inundados pelas lágrimas.

- Quando eu fui para o Brasil, Nick, eu já fui em busca de uma criança para adotar. Eu queria conhecer os orfanatos e a história de cada uma das crianças que cruzassem meu caminho. - ele pensa alguns segundos e continua - Então naquele dia, quando eu te vi pela primeira vez, algo dentro de mim mudou filho. - seus olhos também se enchem de lágrimas. - Foi como se eu soubesse, naquele momento, que você havia sido feito para ser meu. Mais tarde eu voltei e conversei muito tempo com a tia vera, que me contou sua história. Me contou como você esperava por ele todos os dias. Só que diferente de você, ela sabia que ele não iria voltar tão cedo.

Hard    I REPOSTAGEM IOnde histórias criam vida. Descubra agora