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A infância de Diego Muniz não foi nada fácil. Bem, pelo menos, não o que ele lembra dela. Abandonado pelo próprio pai em um orfanato após a morte de sua mãe, o garoto de olhos verdes e assustados só voltou a conhecer o amor familiar quando foi...
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Depois de jantar no shopping com Becca e deixá-la na casa da amiga, me dirigi de volta para casa. Instalei-me no confortável carro de Nick, que agora ele deixava sempre à minha disposição e suspirei, pensando na conversa que eu tivera com minha irmãzinha. Com um pouco de jeito, eu contara a ela sobre nosso irmão e sua internação, o que foi recebido por ela com muita alegria. Assim como eu, ela amava Jason e apesar da pouca idade, conseguia entender o que era melhor para ele. Ela estava muito ansiosa para que o domingo chegasse logo, e junto com ele, nossa primeira visita pessoal à clínica.
Atravessei a cidade, e algum tempo depois eu estava empurrando a pesada porta de madeira da entrada principal da casa de Nick. Distraída com o celular, enquanto digitava uma mensagem de texto para minha vizinha que ficara com Becca, eu subi os largos degraus de mármore em silêncio. Respirei fundo, deslizando os dedos pelo corrimão, tamborilando impaciente. Uma ansiedade crescente tomou conta de mim, sem que eu soubesse por que, então eu sacudi a cabeça em uma tentativa de tirar esse sentimento incomodo de mim, querendo que meu corpo relaxasse um pouco. Havia sido um dia cansativo, só isso.
A casa estava estranhamente escura, e por um segundo, achei que Nick não havia chegado ainda do jantar com o pai. Em uma das minhas mãos, eu carregava uma sacola da La Perla, uma loja de lingerie maravilhosa de San Francisco. Juntei um dinheiro que consegui economizar agora que estava morando com Nick e comprei um conjunto que eu namorava há algum tempo. Só de imaginar a cara do Nick me vendo com isso, eu queria rir de satisfação. Tudo bem que eu sei que no segundo seguinte, estaria rasgado e jogado ao pé da cama, mas enfim. Compensava no fim. Sempre compensava.
A porta do quarto de Nick estava encostada e a luz apagada, então imaginei que ele realmente não tivesse voltado da casa do pai. Empurrei a porta com uma mão e ainda olhando no celular, tateei a parede buscando o interruptor. Quando a luz invadiu o quarto, ergui meus olhos e então senti meus joelhos enfraquecerem, me fazendo perder todo o equilíbrio.
A sacola da La Perla caiu no chão, juntamente com meu celular, quando minhas duas mãos foram à boca. As lágrimas se acumularam imediatamente em meus olhos, turvando a imagem nojenta que estava bem à minha frente. Talvez por um minuto inteiro, eu não respirei.
Hanna e Nick estavam enrolados na cama, abraçados como um casal apaixonado, completamente nus.
Passei os olhos pelo cômodo, completamente horrorizada. Garrafas de bebida estavam espalhadas pelo quarto, e as roupas dos dois espalhadas por todos os cantos. Um soluço escapou quando eu vi uma calcinha, que eu sabia não ser minha, completamente rasgada no chão.
- Olá docinho - Hanna se espreguiçou, me encarando, satisfeita. Os olhos de quem havia dormido mais do que deveria me encararam, completamente cheios de razão - Ops, acho que passamos da hora - ela colocou as duas mãos na boca, falando baixinho e me oferecendo um sorriso diabólico no rosto.
Dou um passo para trás, sentindo a ânsia de vômito subir em minha garganta, embrulhando todo o meu estômago. Mais do que ódio, nesse momento eu sentia dor, muita dor. E um desespero inexplicável.
