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A infância de Diego Muniz não foi nada fácil. Bem, pelo menos, não o que ele lembra dela. Abandonado pelo próprio pai em um orfanato após a morte de sua mãe, o garoto de olhos verdes e assustados só voltou a conhecer o amor familiar quando foi...
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Limpei as lágrimas com a manga da blusa e me encolhi na cama, tremendo, mas sinceramente não sei se era de frio. Meus olhos ardiam tanto pela noite em claro que passei quanto pelas lágrimas, mas eu não podia impedi-las de caírem. Eu sentia como se o mundo tivesse caído literalmente aos meus pés, e mesmo sabendo que havia sido uma decisão minha, era quase insuportável aguentar a pressão.
Por que a verdade é que eu já sentia falta do Nick de uma forma quase impossível de se aguentar. Depois de passar tanto tempo dormindo enlaçada em seus braços, estar aqui sozinha é aterrorizante. Eu já sentia falta da sua companhia, da sua voz e de como ele ouvia todas as minhas besteiras atentamente, dando á elas uma importância que não tinham. Eu já sentia falta da sua boca, do seu beijo e do seu corpo junto com o meu.
Eu sentia falta dele. De tudo nele.
A pior parte de encarar isso é saber que eu estava enfrentando tudo sozinha. As únicas pessoas que eu tenho na vida não podem me ajudar, infelizmente. Becca é ainda muito pequena e Jason não estava em seu melhor momento; eu sequer podia falar com ele quando eu queria. Havia hora marcada para ligações e dias certos para as cartas. Olhei para os lados, observando o quarto vazio. A minha cama era uma das poucas coisas que havia sobrado na casa; o restante havia sido vendido para pagar a astronômica divida de drogas que ele havia contraído, mas levando em consideração que ele estava na clinica e se recuperando, eu consigo aceitar melhor o fato dele ter praticamente esvaziado nossa casa.
Amanhã era dia de visita na clínica e pensar em vê-lo bem pela primeira vez em anos era talvez a única coisa que poderia me dar uma gota de ânimo. Pensando nisso, eu apenas desliguei o celular e me aninhei na cama. Quanto mais eu dormisse, mais rápido o tempo passaria.
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Eu me vesti assim que os primeiros raios de sol saíram no horizonte, graças á minha nada saudável ansiedade. Logo em seguida chamei Becca, para que ela se trocasse depressa. Eu ainda não sabia direito como contar á ela que as coisas entre eu e Nick não haviam dado certo, porque eu sei que ela sofreria. Becca em pouco tempo havia se acostumado muito com ele e o fato de minha irmãzinha já ter perdido tantas pessoas na vida me deprimia demais.
Quando eu por fim liguei meu celular, ele praticamente explodiu de ligações perdidas e mensagens, todas de Nick. Fechei os olhos tomando coragem e guardei o celular no bolso, sem lê-las. Eu não precisava desse drama extra, não hoje. Além do que, eu me conheço e sei que ao ler suas mensagens, minha coragem em seguir em frente com essa decisão vai desaparecer no mesmo instante em que meus olhos tocarem as palavras.
Apressei Becca e seguimos em direção á clínica. Pegamos o metrô e atravessamos a cidade. Paramos para comer sanduíches, pois havíamos saído muito cedo de casa e também porque não havia nada comestível por lá. Eu precisava fazer compras urgentemente, mas eu precisava descobrir como iria fazer isso, visto que agora eu também não tinha mais um emprego. Continuar trabalhando com Nick depois de desmanchar um noivado com ele não era lá uma opção muito válida. Eu iria precisar procurar um novo emprego urgentemente enquanto utilizava com sabedoria a parca reserva que eu tinha.
