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A infância de Diego Muniz não foi nada fácil. Bem, pelo menos, não o que ele lembra dela. Abandonado pelo próprio pai em um orfanato após a morte de sua mãe, o garoto de olhos verdes e assustados só voltou a conhecer o amor familiar quando foi...
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- Carlie Federhen - eu quase engasgo ao dizer esse nome, mas ele por fim sai da minha boca. Fazia muito tempo que eu não a via, mas ela continuava como sempre: o que tinha de linda tinha de filha da puta e eu saberia reconhecer isso apenas pelo seu respirar.
- Pode me dar licença? - ela praticamente rosna para mim, deixando bem claro o quanto ela sabia de tudo em torno da morte de Hanna - Quero me despedir da minha melhor amiga.
Então ela me empurra sem a menor cerimônia, mas eu não saio de perto, de qualquer forma. Vejo que ela se inclina sobre o caixão, mas não consigo escutar mais nada, principalmente quando sinto duas mãos conhecidas segurarem meu braço.
- Amor? - olho para o lado e vejo Blair. Ela está cansada, com olheiras e provavelmente muito desconfortável em estar ali. Por um segundo me sinto um filho de uma puta egoísta em estar fazendo isso com ela, mas eu realmente precisava dela aqui. Ela era meu porto seguro - Está tudo bem?
Beijo o topo de sua cabeça e fecho os olhos.
- Está sim, minha linda. Só é realmente... Muito difícil tudo isso.
- Quem é essa? - ela pergunta baixinho e aponta com a cabeça em direção à Carlie e meu coração gela. Essa pergunta poderia ter tantas respostas diferentes: eu poderia dizer que ela é alguém que já conheceu minha cama; poderia dizer que é uma patricinha mimada, provavelmente mais mimada do que Hanna por que tem um pai mafioso que a faz acreditar que o mundo é todo dela; poderia dizer que eu, ela e Hanna já aprontamos todas juntos... Mas isso seria embaraçoso demais. Eu não sei se Blair suportaria conhecer tanto do meu passado assim, então eu simplesmente opto pela mais fácil.
-É a melhor amiga de Hanna.
- Ela é... Bonita. Bem bonita. - me surpreendo com a resposta de Blair, mas logo em seguida me sinto na obrigação de alertá-la.
- Não se engane com a aparência, amor. Essa mulher é o anticristo. - e antes que eu pudesse sequer explicar o que eu queria dizer para a expressão assustada da minha noiva, Carlie resolve por si só demonstrar o quanto ela poderia ser desagradável. Girando em seus saltos altos caros, ela lança um olhar de superioridade para Blair, medindo-a de cima em baixo.
- Finalmente nos conhecemos, suburbana. Não tão tarde quanto eu gostaria - ela não faz a mínima questão de esconder o nojo que ela sente ao falar com Blair, o que me sobe o sangue. Ela pode ser tudo de ruim no mundo, mas amava a Hanna de verdade, e sei que ela estava sofrendo muito. Só que não importava o tamanho da sua dor, ela não tinha o direito de falar assim com minha noiva.
- Cala a porra da boca, Carlie - eu solto com raiva, mas ela me olha com aquele olhar que eu conhecia bem. O olhar que ela aprendeu com o pai e que na maioria das vezes funcionava com todo mundo. Quando eu ia me preparar para falar mais alguma coisa, Blair toca meu braço com delicadeza, me lançando um olhar magoado, porém sereno. Blair normalmente era muito forte, mas acho que o esgotamento de toda aquela situação a fazia apenas deixar passar.
