ANDREW
Nós estávamos todos reunidos em casa, em um jantar íntimo para comemorar o aniversário de casamentos dos meus pais. Uma música tocava ao fundo e as pessoas conversavam em pequenas rodas, com seus copos nas mãos e seus assuntos diversos. Quase nenhuma delas realmente entendia o que estava acontecendo aqui. Acho que nem mesmo eu sou capaz de entender o que está acontecendo aqui. O amor dos meus pais é bonito demais para ser facilmente entendido.
20 anos oficialmente casados - eu sorrio ao observar minha mãe enquanto ela conversa com tia Becca, ambas sentadas no grande sofá de couro da sala de estar. Seu cabelo liso está preso em um coque bem feito, o que dá destaque ao conjunto de esmeraldas que meu pai lhe deu hoje mais cedo, no café da manhã. Todo aniversário de casamento era assim: ele a surpreendia com um presente escolhido a dedo e ela sempre se emocionava, como se fosse a primeira vez.
Rodo o copo entre os dedos, analisando sua beleza. Sua gargalhada ecoa pela sala depois de alguma besteira que tia Becca falou e seus olhos brilham. Minha mãe é uma mulher incrível e é muito fácil entender o porquê meu pai se apaixonou tão rápido por ela, como ele sempre faz questão de nos contar. Na verdade, nós crescemos ouvindo como a história de amor dos dois é mágica. E eu realmente acredito que seja. Eu cresci vendo como o verdadeiro amor pode florescer e se manter intacto, mesmo com o passar dos anos e as dificuldades da vida.
Levanto-me, colocando o copo no aparador mais próximo e vou em direção á ela. Quando ela me vê se aproximando, seu sorriso se abre e é impossível não sorrir junto.
- Senhora Hard, me dá o prazer dessa dança? - estendo minha mão para ela, com todo o cavalheirismo que me foi ensinado. Ela aceita colocando a mão em volta da minha e vamos para o centro da sala, sob o olhar orgulhoso de meu pai. Quando já estamos nos movimentando, eu consigo dizer - Você é a pessoa mais linda dessa festa, mãe.
Ela ri.
- Isso é só por que você me ama muito.
Dessa vez quem sorri sou eu.
- E é possível não amar?
Seus olhos marejados encontram os meus.
- Um dia você vai encontrar alguém que te parecerá tão bonita quanto eu. Com certeza, ela será uma jovem de muita sorte, filho.
Concordo com um acenar.
- Um dia mãe, um dia.
AMÉLIA
Encosto a cabeça no ombro de meu pai, que observa Andrew e mamãe dançando no centro da sala. Seu olhar em direção a eles é um misto de orgulho e amor e por alguns minutos ficamos apenas assim, observando os dois.
Ao passo que sou extremamente parecida com ela fisicamente, Andrew é a cópia fiel do meu pai, mas nas questões de preferência, eu sou a alma gêmea do senhor Hard enquanto Andrew é todinho o coração de mamãe.
Nós somos uma perfeita mistura.
- Ei minha princesa - meu pai beija o topo da minha cabeça, mas logo seus olhos se voltam para o copo em minha mão e ele franze as sobrancelhas, em reprovação - Você deveria estar bebendo isso?
Dou risada.
A superproteção de Nick Hard por vezes era sufocante, mas ainda sim era a sua principal demonstração de amor.
- Pai, eu tenho vinte anos. Dá uma folga - olho para ele com minha cara de gato de botas, mas ele não se convence disso e pega o copo da minha mão.
- Para mim, você sempre será uma criança - ele coloca o copo longe - E crianças definitivamente não bebem.
Aninho-me em seu peito, abraçando-o afetuosamente e ele me embala como sempre faz desde que eu era um bebezinho.
- Se você a olha com tanto amor hoje em dia, não imagino como você a olhava vinte anos atrás, pai. - eu brinco e ele me aperta ainda mais junto a seu peito, sorrindo.
- Mel, meu olhar para sua mãe não mudou um milímetro em nenhum desses anos. Aliás, arrisco a dizer que talvez, eu a olhe ainda mais com admiração. Sua mãe mudou minha vida, filha. Acho que jamais vocês conseguirão entender a dimensão da nossa história.
Eu apenas concordei, deixando ele me contar mais uma vez o que eu já sabia de cor. Mas eu não me importei.
Essa história nunca ficava velha.
Eu desejava apenas que um dia, alguém me olhasse como meu pai olha para minha mãe. E quando esse dia chegasse, eu sabia que seria amada profundamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Hard I REPOSTAGEM I
Genç Kız Edebiyatı*** A infância de Diego Muniz não foi nada fácil. Bem, pelo menos, não o que ele lembra dela. Abandonado pelo próprio pai em um orfanato após a morte de sua mãe, o garoto de olhos verdes e assustados só voltou a conhecer o amor familiar quando foi...