Capítulo 2 - Debaixo de toda a lama.

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Inês e Macarena conversavam.

- Mas isso que você está me oferecendo não são férias, Macarena. Eu continuaria trabalhando, só que em outro lugar. - disse Inês.

- Sim, eu sei. Mas são quase umas férias, sabe por quê? - disse Macarena.

- Não. Mas tenho certeza que você vai me dizer. - disse Inês com um leve sorriso.

- Por ser uma cidade pequena, o trabalho é pouco. E você vai ter chance de desopilar, longe daqui. Aqui todo mundo te conhece, conhece o Henrique, querendo ou não vão estar, de vez em quando, perguntando o que aconteceu, e você não quer mais falar no assunto, não é?

- Não. Realmente, me dói muito lembrar do que houve. - disse Inês com certa tristeza.

- Pois é. Tá aí a sua chance.... Olha, não é por muito tempo, é coisa de uns seis meses.

- Seis meses?! Macarena, eu não posso me ausentar da clínica tanto tempo! - disse Inês.

- Não se preocupe. Eu cuido de tudo até você voltar. Por acaso não confia em mim?

- Sabe, muito bem, que não se trata disso, Macarena. Você é a pessoa em que mais confio no mundo. É que... Eu não sei.

- Vamos, Inesita. Só pense a respeito, tá bom?... Afinal, eu só preciso dar a resposta no final da semana.

- Está bem. - concordou Inês. - Eu vou pensar, e até lá, te dou a resposta.

***

Mais tarde, Inês estava saindo para almoçar, quando encontra Henrique a esperando do lado de fora.

- Inês. - disse ele.

- O que você quer? - ela pergunta secamente.

- Precisamos conversar. - disse Henrique.

- Não temos nada pra conversar. Eu disse que o meu advogado procuraria por você, não foi?

- Sim. E é exatamente sobre isso que precisamos conversar. Ele me procurou. Disse que você já deu entrada nos papéis do divórcio.

- Sim. Qual é a sua dúvida? - pergunta Inês sem realmente se importar.

- Vai mesmo insistir nessa história de divórcio?

- Como assim?... Mas é claro que eu vou! - disse Inês. - O que você pensa?! Que isso foi uma briguinha à toa?! Que, a qualquer momento, vamos voltar e fingir que nada aconteceu?!

- Inês...

- Henrique, deixa eu expor a situação pra você mais uma vez: VOCÊ ME TRAIU!... Da forma mais covarde, infame e grotesca! - exclamou Inês.

- Mas eu estou arrependido! - disse Henrique. - Não faz ideia do quanto me sinto culpado por tudo o que houve.

- O seu arrependimento não me serve de nada!... E quer saber mais? Por mim, você pode nadar num mar de culpa até se afogar! Eu não tô nem aí!... Agora, se me der licença, eu vou almoçar.

- Eu posso te acompanhar? - pergunta Henrique.

- Não. Não pode. Não quero perder o meu apetite. - disse Inês.

Se Henrique estava mesmo arrependido ou não, Inês não queria saber. Uma coisa que ela lhe havia dito na época que iniciaram o seu relacionamento, era que ela poderia perdoar qualquer coisa, menos ser enganada. Isso jamais!
Mas Henrique era insistente, ele a procurava no trabalho, em casa, em outros ambientes em que tinham amigos em comum... E sempre com a mesma conversa: "Eu te amo. Estou arrependido. Quero voltar.".
Aquilo já estava tirando Inês do sério. Foi então que ela decidiu...

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