- Não vai dar certo, Harry. Olha pra nós. Nunca deu e nunca dará. - disse cansada
- A gente pode tentar de novo. Olha até onde chegamos. - ele me dizia chateado
- Pra você parece fácil, mas pra mim não é. - disse olhando para baixo, não queria olhá...
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Estou a ponto de desmaiar. Meu coração está tão acelerado que parece que irá sair pela boca. Meu estômago dói. Não consigo segurar outro enjoo, deixo sair tudo.
— Isso não pode estar acontecendo!! - Digo para mim mesma.
Depois de dois dias adiando o uso do teste de gravidez, resolvi fazer. O resultado foi aquilo que eu temia. Positivo. Me arrepio olhando a luzinha azul no teste. "Por que isso está acontecendo comigo?"
Me agacho no banheiro, ainda com o teste na mão. Abraço meus joelhos e choro. Não queria que as coisas fossem assim? Como pude ser tão descuidada? Choro. Choro muito. Queria estar em casa, com meus pais sentados na sala, vendo um filme qualquer e rindo das histórias de família. Mas não. Estou em outra cidade, a quilômetros de distância, sozinha, grávida de um cara que me traiu, sem emprego e chorando num banheiro escuro e frio. Às vezes, a vida pode ser uma baita porcaria.
Ouço a companhia. Hesito em me levantar. Não estava esperando por ninguém, mas no fundo, torcia para que fosse alguém que pudesse me acolher e não me fazer sentir pior do que já estava.
Me levantei para abrir a porta. Destravei a primeira tranca, mas me bateu um desespero. E se fosse Harry? Eu seria capaz de contar a ele que estava grávida? Como ele iria reagir a isso? Aceitaria ou rejeitaria a criança? Todos esses pensamentos me fazem dar um passo para trás. Afasto-me da porta. Meus olhos se encharcam. Respiro. Volto para a porta e a destranco por completo. Preciso ser corajosa.
Se for Harry, revelarei a ele e se ele não aceitar, cuidarei dessa criança sozinha. Ela não tem culpa dos erros que eu e ele cometemos. Respiro novamente. Abro à porta.
Quando abri a porta, jurava que estava delirando ao ver minha irmã parada em minha frente, mas quando ela disse algumas frases, soube que ela realmente estava ali.
— Lizz, o que houve com você? - Louise fala estendendo os braços em minha direção. Quando ela me envolve em um abraço, fraquejo e desmorono. Abraço ela fortemente, afundando meu rosto nos seus cabelos e sentindo o cheiro do seu típico shampoo de erva doces que ela sempre usou. Dessa maneira, sinto como se estive em casa outra vez.
Quando nos separamos, entramos e nos sentamos na sala. Lou está tão confusa quanto eu. E quando refaz a pergunta "O que houve? ", mal sei por onde começar.
[...]
Espero Louise guardar sua mala e trocar de roupas, antes de falar qualquer coisa. Porém, quando Louise sai do banheiro com o teste de gravidez na mão direita, sei que não tenho mais escolha a não ser abrir a boca de uma vez por todas.
— Acho que precisamos ter uma conversa, uma longa conversa. - Digo e ela se aproxima. Pacientemente, ela se senta no sofá que está diante de mim.
— Pode começar, sou toda ouvidos agora. - Louise fala
Começo a contar desde o dia em que me mudei para Londres. Dos lindos passeios pelo parque na companhia de Harry, das festas chiques e eventos importantes que ele me levava. Contei da amizade que construir com os parceiros da banda dele e como estava feliz por ter arrumado um bom emprego. Contei das vezes que dormimos juntos e fizemos amor. Contei de como estava tudo indo bem e como de repente tudo foi perdendo o encanto. Contei dos telefonemas escondidos de Harry no meio da noite para alguém e que mais tarde esse alguém era Kendall. Contei das mensagens deixadas por ela no celular dele e da discussão que nós duas tivemos no escritório. Contei sobre como Kendall disse que tiraria Harry de mim e que eu voltaria para Holmes Chapel do jeito que havia chegado em Londres. Depois contei das brigas que eu e Harry tivemos e dos términos, contei também de como voltávamos um para o outro depois das brigas. E por fim, contei do descuido que essas 'voltas' me causaram.
Louise permaneceu calada por longos minutos, após ter ouvido minhas palavras. Sabia o que ela estava pensando, mas Louise nunca foi do tipo que joga na cara das pessoas os erros que elas cometem.
— Eu estou tentando digerir tudo isso, mas eu não consigo. - Ela disse por fim — Como Harry foi capaz de fazer isso com você? E o pior é que esse tipo de coisa não passa na Tv. - Ela força um sorriso
— Louise, por favor me perdoe por tudo. Fui uma idiota brigando com você. Deveria ter ouvido. Infelizmente agora é tarde, mas saiba que admiro muito você e sei que você queria me proteger. - Digo com lágrimas nos olhos.
— Eu te perdoo, mas também quero que me perdoe. Nunca fiz ou falei nada por mal a você, Lizz. Te amo. - Ela me envolve em outro abraço. Ficamos assim, abraças por muitos minutos. Quando nos separamos, deito minha cabeça em seu colo e Lou mexe em meu cabelo, e por um momento, me vejo livre daquele drama.
— Você quer essa criança? - Ela pergunta e a encaro — Digo, mesmo sabendo que Harry é o pai? - Ela se corrige
— A culpa não é do bebê. É minha e do Harry. Então sim, quero a criança. Não posso tirá-la.
— Você pode doá-la. Tem muitos casais que gostariam de adotar um bebê recém-nascido. - Ela sugeri e me irrito
— Louise, não. Quero cuidar dessa criança. Eu consigo. E você pode me ajudar, se quiser. Não quero entregar meu filho para qualquer um. Eu fiz, é minha responsabilidade cuidar.
— Então é melhor falarmos com Harry. Porque ele também teve participação nisso. E a criança precisará de cuidados, você está sem trabalho... - Ela começa a falar dos problemas e a interrompo
— Não. Eu não vou falar para o Harry sobre essa criança. Ele não merece saber. Sei que as coisas estão apertadas para mim e que preciso de dinheiro, mas vou arrumar um jeito. - Falo, tentando parecer segura.
— Tipo o que? - Louise parece confusa. Como não tenho resposta para sua pergunta, desvio o assunto
— Sem querer parecer grossa, mas por que está em Londres?
— Vim te convidar para meu casamento. - Ela levanta e numa corridinha, pega a bolsa e retira um lindo convite branco e azul de dentro. Me entrega e vejo as iniciais A&L na capa do convite. Sinto orgulho de Louise. A abraço e a beijo no rosto.
— Você vai, né? - Louise olha com carinha de cachorro perdido — Gostaria que você fosse uma das damas de honra. Vai ser no próximo mês, você ainda não estará com barriga. Vai poder usar sem culpa o vestido que escolhi para as damas. É modelo padrão. O que me diz? - Ela disse animada, e a Louise de sempre estava ali na minha frente outra vez, sorri com aquilo
— Tudo bem. Eu vou e visto de dama de honra. Mas se dancinha no final. - Não sei se já disse isso, mas odeio dançar.
— Sem dancinha. Prometo. - Ela sorri e comemora. — Mas falando sério, Lizz. O que você vai fazer agora?
— Não sei. Vamos descobrir!
— Sabe de uma coisa. Eu sei que você vai descobrir. E por um lado, essa criança vai nos trazer muita alegria. Foi burrice sugeri adoção, desculpe.
— Tudo bem, Lou. Você só quer o melhor para nós. - Ponho as mãos sobre a barriga.
— Uma coisa é certa, não importa o que aconteça, sempre vou te apoiar e estar aqui para você. - Louise põem a mão sobre a minha, pousada na minha barriga
