- Não vai dar certo, Harry. Olha pra nós. Nunca deu e nunca dará. - disse cansada
- A gente pode tentar de novo. Olha até onde chegamos. - ele me dizia chateado
- Pra você parece fácil, mas pra mim não é. - disse olhando para baixo, não queria olhá...
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Sete meses mais tarde...
— Está vendo aqui - O médico indica para uma sombra no pequeno monitor diante de nós — Sabe o que é?
— Uma sombra preta? - Digo confusa, não entendia nada daquilo
— Não - Ele dá uma leve risada — É uma vagina. Seu bebê é uma menininha.
— Nossa! - Eu não sabia como reagir a isso. Não que eu esperasse que fosse um menino, mas estava sem acreditar que finalmente descobrira o sexo do bebê. Durante toda a gravidez tentei descobri, mas sempre ela estava de perninhas fechadas ou numa posição quase impossível de identificar.
— Parabéns, papai. Sugiro que compre uma arma! - O médico disse brincalhão para Jason
— Boa ideia. - Jason apenas sorri sem jeito
Desde que recomecei a minha vida, Jason está ao meu lado. Eu sabia que ele sentia desconforto em saber que eu estava prestes a ter o bebê de outro, e por isso, várias vezes tentei afasta-lo de mim, mas era quase que impossível. Ele sempre estava ali para mim, seja onde fosse, então acabei por concordar em tentar me relacionar com ele. Ele sabia que eu não o amava, mas parecia não se importar, além disso, Jason poderia ser bom para minha futura filhinha.
Depois de um longo dia de trabalho e da consulta de rotina, meus pés estavam muito inchados, minhas costas doíam, afinal não era nada fácil carregar aquela barrigona. Me deitei no sofá e liguei a música nos meus fones. Precisava daquele descanso. O médico me dissera para me alimentar bem e descansar o máximo que pudesse, pois isso ajudaria o bebê a pegar peso dentro da barriga.
— Lizz? - Jason me chama. Não percebi que havia caído no sono — Estou indo para casa, deixei seu jantar no forno.
— Ah não, fica. - Pedi manhosa
— Já são quase 22h. - Ele disse preocupado. Quando voltei para casa, meu pai estabeleceu uma regra que garotos só até 22h, e Jason não queria decepcionar.
— Okay. Obrigada por me levar ao médico hoje.
— Tudo pelo seu bem. - Ele depositou um beijo na minha bochecha e se foi.
Satisfeita com o delicioso macarrão com queijo que Jason preparou, fui para o quarto me deitar de verdade.
Mesmo que minha rotina mudou, algumas coisas voltaram a ser a mesmas. Albert me deu o emprego em sua agencia outra vez, e ao lado de Jason, trabalhava como supervisora da equipe de fotografia e ensaios. Durante a tarde, fazia alguns cursos online e lia sobre formas de cuidar de um bebê. Não tinha tempo para perder e nem para sofrer. Estava pronta para o que futuro me desse.
[...]
Depois que contei para mamãe que estava para chegar uma menina, ela não parava de me encher o saco sobre o enxoval. Ainda não tinha comprado nada e faltava apenas quarenta dias para a minha pequena chegar. Então resolvemos ir a uma loja de bebês depois do meu expediente.
— Olha que gracinha, filha. - Minha mãe me mostra um vestidinho rosa — Já pensou qual cor será o quarto dela? Rosa ou lilás?
— Eu não sei, mãe. Aquela cor pêssego está bom. - Falo desanimada
— Não, Lizz. Cadê a empolgação? Sua filha vai nascer, você tem que fazer o melhor. - Ela me repreende
— Eu sei, mas não precisa gastar tanto.
— Que absurdo. Quando minha netinha tiver idade suficiente para entende a quão preguiçosa você é, contarei a história de hoje a ela. - Nos duas rimos. Minha mãe era tão doida quanto eu.
Estava sem paciência para aquilo, mas acabamos comprando muita coisa, exceto o berço, que Louise e Albert já haviam me dado de presente.
[...]
Liguei a TV. Uma reportagem qualquer passava no noticiário matinal. Não havia dormido bem. Sentia dores nas costas e naquela manhã parecia piorar. Meu pai me levou ao médico e ele avisou para não nos preocuparmos que aquilo seria normal pelos próximos dias, pois o bebê estava virando para baixo. Me tranquilizei. No começo, todos sabem que eu me senti confusa e até pensei em não ficar com essa criança, mas agora, mal posso esperar para ver seu rosto. A minha maior preocupação mesmo, seria ser ela nascesse tão parecida com o pai.
