Capítulo 9 - Casamenteira

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A minha escola era um lugar confortável em que passava boa parte do meu dia.

Estudei lá desde que me conheço por gente, então, acho que não me encaixaria em outro lugar que não fosse naqueles corredores.

A escola era grande. Formada por cinco pavilhões menores e um maior, como seu edifício principal, era uma construção no mínimo intimidadora. Sua fachada de tijolos vermelhos e grandes janelas amplas davam ao prédio quadrangular certo charme.

Era composta por dois estacionamentos, um na lateral do prédio principal e o outro bem a sua frente. Dando espaço suficiente para um grande número de carros.

A pequena escada, que dava para as portas duplas de entrada, estava sempre abarrotada de gente. Os alunos gostavam de matar tempo naquele lugar, mesmo que fosse proibido, após o início das aulas.

E mesmo que todos os corredores, que davam acesso aos armários, fossem amplos e largos, sempre parecia ter gente suficiente para uma superlotação quando o horário do almoço chegava. Situação da qual já era habituada.

Apesar de ter um pouco mais de 1150 alunos o local era calmo e nunca havia presenciado nenhum escândalo digno de jornal.

Na maioria do tempo eu gostava daquele lugar.

Naquele dia os corredores estavam uma bagunça total. Os professores estavam demorando para chegar as salas de aula devido a uma reunião. Caminhei a passos lentos e calculados até meu armário enquanto as pessoas tinham conversas paralelas. Minha disposição estava abalada pela noite não dormida e meus olhos ardiam com o cansaço prestes a me engolir.

Um sonho, bastante estranho, tinha me atormentado a noite toda. Achava que um dia tão agradável ao lado de Josh não poderia gerar sonhos como aquele, mas estava enganada.

No sonho, alguém corria atrás de mim e meu desespero era quase tão urgente quanto minha vontade de acordar. Minhas pernas não obedeciam e quanto mais eu corria, mais parecia que não conseguiria chegar onde quer que estivesse indo. O tempo estava acabando e lagrimas percorriam o meu rosto. E quando tudo parecia frustrante de mais eu avistei o garoto de olhos cinzentos correndo, tanto quanto eu, em minha direção. Seus olhos eram urgentes e sua expressão era de total desespero. As mãos dele estavam estendidas na minha direção, como se ele esperasse me tocar. Então quando pensei que sentiria seu toque o garoto simplesmente desapareceu e eu fui consumida por uma escuridão estranha.

Nada naquele sonho era explicável e depois de muito pensar nele decidi não ficar perdendo tempo com coisas que não faziam sentido.

Abri meu armário com cuidado, já que minha mania de entulhar coisas no pequeno local de metal, me fazia quase morrer soterrada todos os dias. Peguei meus livros de química e sai rumo minha sala de aula distraidamente.

Assim que passei pelas portas do banheiro feminino, murmúrios e olhares especulativos iam em direção as portas a minha frente. A curiosidade que me cercava era tão palpável que foi quase impossível não olhar também.

E lá estava, uma bela garota com ar arrogante e um ego surpreendente. Ela tinha cabelos ondulados e compridos em um tom natural de loiro californiano. Devia ter quase a mesma altura que eu e sem dúvidas tinha um corpo de dar inveja a boa parte da escola.

Usava roupas marcantes e bastante chamativas. Uma figura bastante incomum nos corredores da escola. Não me recordava dessa garota pelos ambientes escolares e somente pelo seu olhar hostil para Dianna Jonson, uma garota que morava com os avós e que não tinha nenhum gosto por moda, eu percebi que não íamos nos dar bem.

1- A Telepata_ PersuadidosOnde histórias criam vida. Descubra agora