Capítulo 23 - Do que você tem tanto medo?

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Eu já estava deitada a mais de uma hora e não conseguia me sentir menos inquieta do que estava quando cheguei em casa aquela noite. Meus pensamentos estavam uma bagunça e eu já não conseguia distinguir o que era culpa e o que era medo.

No segundo que entrei no meu quarto os olhos cinza me assombraram sem parar, e mesmo que eu dissesse a mim mesma que não estava fazendo nada de errado algo lá no fundo da minha mente dizia exatamente o contrário.

Não que eu nunca tivesse estado com um garoto, mas era como se o garoto dos meus sonhos também soubesse que Zac era diferente. Que não era como qualquer garoto que eu tivesse saído e depois nunca mais visto. Não estava acostumada a ter aquele tipo de sentimento por ninguém além dele. Era tudo tão novo que me assustava.

Zac tinha sido inesperado aquela noite. Mesmo que estivesse dizendo a mim mesma para seguir em frente e dar uma chance para aquilo não esperava que ele me fizesse realmente repensar. Imaginar algo mais e principalmente me fazer desejar reviver aquela noite.

Toquei meus lábios como se essa simples atitude me fizesse ter certeza do beijo que havíamos tido. Mas na verdade ele ficou se repetindo na minha cabeça várias e várias vezes para que não fosse real.

Olhei para o teto do meu quarto sem saber por que me sentia tão perdida.

A minha vida inteira tinha sonhado com o garoto que ia me fazer parar para pensar. Mas quando aquilo tinha acontecido eu só me sentia ainda mais distante de onde realmente deveria estar.

Depois que Louise me contou sobre o garoto de olhos cinzentos não conseguia parar de imaginar nosso encontro. De me perguntar como era à cor dos seus cabelos e se seu sorriso era tão bonito como eu imaginava ser. De sonho ele tinha passado a ser real.

Por que meu pai não podia ter dito mais do que para ficar longe dele? Eu precisava de um motivo para seguir adiante. Precisava ter certeza que não estava cometendo um erro ao ir contra minha intuição. Mesmo que fosse meu pai, não conseguia encontrar forças dentro de mim que me ajudasse a ficar longe.

Papai tinha plantado dentro de mim ainda mais duvida que já existia. E Louise aguçara o desejo dentro de mim. Era quase como se os dois estivessem em um pé de guerra. Cada um segurando as extremidades da corda que prendia meu corpo.

Alguma coisa ali não fazia sentido.

Meu celular, que estava na mesa de cabeceira, vibrou, me trazendo de volta dos meus devaneios. Estiquei a mão e peguei o aparelho, curiosa com a mensagem que chegava tão tarde da noite.

Número desconhecido: Você não precisa se sentir culpada.

Tudo acontece porque tem que acontecer.

A mensagem parecia se conectar diretamente com os meus pensamentos. E aquilo me assustou muito. Não conhecia o número e nem tinha ideia de quem poderia ser.

Eu: ???

Alguns minutos depois o celular vibrou mais uma vez.

Número desconhecido: A sua vizinha ☺

Um sorriso de alivio surgiu nos meus lábios assim que entendi completamente como ela podia ter adivinhado meu estado de espirito.

Eu: Oi. Não esperava por essa. Como conseguiu meu número?

Número desconhecido: Você ia me dar amanhã. Kkkkk

Eu: Como não pensei nisso antes?! Kkkkk

Número desconhecido: Não faço a mínima ideia. Como foi o encontro?

1- A Telepata_ PersuadidosOnde histórias criam vida. Descubra agora