Capítulo 17 - Algo que estava por vir

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Subi às pressas para o meu quarto sem fazer qualquer barulho que pudesse acordar meu irmão do seu lindo sonho romântico.

Aquele era um sinal de alerta completo. Em um segundo estava lembrando das coisas que papai havia me dito naquele sonho, quando estava carregando no carro de Josh, perto do mesmo lago que Bruce sonhara.

Aquela garota deveria ser a ameaça que ele tanto falava.

Peguei de dentro da minha bolsa minúscula meu celular. Meus dedos tremiam com todo aquele nervosismo que corria dentro de mim.

Podia sentir que alguma coisa estava mudando. Conseguia ver isso de longe.

Finalmente o buraco parecia prestes a se abrir para me engolir. Afinal conseguiria entender que não tinha nada ver com o garoto dos meus sonhos, era algo muito mais sombrio. Pode sentir em meus ossos.

Era como se uma guerra estivesse prestes a começar e me sentia feliz por pelo menos estar mais preparada para o que estava por vir. Era hora de contar segredos e contar com a ajuda de alguém para descobrir o que eu não sabia.

Disquei os números de Josh e esperei que ele atendesse. Tocou uma vez, depois mais uma e finalmente no terceiro toque agonizante ele me atendeu.

-Rens?- perguntou ele com a voz grogue.

Me sentia patética por ligar para ele àquela hora. Mas duvidava muito que a minha ansiedade fosse me deixar esperar pelo dia seguinte.

-Você estava dormindo?- perguntei.

Ele fez um barulho que ao outro lado da linha pareceu um bocejo.

-Sim.- disse ele no meio do bocejo.- Aconteceu alguma coisa?

O que eu havia visto não poderia esperar e mesmo que me sentisse culpada por estar lhe incomodando, logo após ele ter me ajudado tanto, não tive outra alternativa senão seguir com a minha ideia.

-Preciso lhe mostrar uma coisa. É muito importante.- eu praticamente atropelava as palavras de tanta euforia.- É sobre nós e o que podemos fazer.

Ele ficou mudo do outro lado da linha, tanto que pensei que a ligação tivesse caído. Desencostei o celular da orelha a fim de ver se a chamada ainda estava em andamento, mas ao que constava no visor do aparelho a ligação ainda continuava correndo.

-Josh? Você está ai?- perguntei.

-Sim, estou colocando um moletom e em dois minutos estou ai.- ele disse e depois desligou.

Larguei o celular em cima da cama e fiquei andando de um lado ao outro no quarto. Tentando decidir o que contar e o que omitir. Não sabia muito bem o que deveria falar para ele além do último sonho que tivera. Me sentia idiota por somente imaginar a cara que ele faria quando eu lhe contasse sobre o garoto dos meus sonhos.

Mas se precisava de ajuda eu deveria ser sincera e mais do que isso deveria deixar que ele tivesse acesso livre ao caderno que eu guardava dentro da sapateira. Com todas aquelas informações ele poderia ter alguma ideia do que estava acontecendo e quem sabe até entenderia melhor do que eu a mensagem que meu pai tinha me dado.

Lembrei da vez em que estava na casa da minha tia, na Carolina do Sul, e minha mãe me perguntou o que eu tanto escrevia naquele caderno. Eu inventei mil desculpas, basicamente alegando que era meu diário pessoal e que ela nunca deveria ler. Só que a tia Melody, que era uma mulher de trinta e poucos anos, a parente mais próximo do meu pai que era muito apegada na gente, era preocupada de mais comigo para deixar aquilo passar em branco. Segundo ela era importante expressar nossos sentimentos afim de não nos tornarmos adolescentes problemáticos no futuro.

1- A Telepata_ PersuadidosOnde histórias criam vida. Descubra agora