Capítulo 6 - Alguém perfeito

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Havia uma música de fundo. Algo lento e de melodia harmoniosa.

Parecia algum tipo de canção romântica. A voz que a cantarolava estava distante de mim, porem eu a ouvia atentamente.

Meu corpo todo estava relaxado sobre algo macio e quente. Confortável.

Meus olhos permaneciam fechados enquanto eu ia tomando conhecimento do que estava ao meu redor. Havia um travesseiro bem abaixo da minha cabeça, um lençol fino envolvia minhas pernas em um emaranhado de cobertas e um pequeno urso de pelúcia estava junto a mim. A sensação térmica estava quente e meu corpo parecia responder ao calor com pequenas gotas de suor espalhadas pelas minhas costas.

Eu estava deitada de lado em uma cama grande e o som que eu ouvia vinha do rádio relógio na mesa de cabeceira.

Abri meus olhos lentamente, como se estivesse acordando de um sono profundo.

Estava tão agarrada ao pequeno urso que parecia partir o animal em inúmeros pedaços ou prestes a fazê-lo. Observei tudo ao meu alcance até que consegui finalmente sair da cama e andar pelo quarto.

Em cima da mesa do computador havia um pequeno porta retrato e um painel com inúmeras cartas grudadas por alfinetes de estrela. Passei os dedos sobre as folhas cortadas em forma de coração e reconheci alguns nomes ali. Fazia todo o sentido aqueles nomes desconhecido e quando cheguei perto suficiente para ler o que estava escrito tive vontade de sair correndo.

Eram cartas dos meus familiares dando seus pêsames pela morte do meu irmão.

Imediatamente coloquei a mão na boca e meus olhos se encheram de lagrimas. Uma dor tão sufocante que parecia ter consumido toda a saliva da minha garganta tomou conta de mim.

Imaginar perder Bruce era algo insuportável.

Um desespero me consumia a cada passo que eu dava para longe daquele mural. Então minhas pernas pareceram perder as forças e eu desabei no chão.

Chorei feito uma criança um longo tempo. Sentindo cada parte do meu corpo se contrair a cada soluço. Eu estava curvada por cima de minhas pernas flexionadas chorando desesperadamente e desejando ser eu em seu lugar.

Então sai de minha posição e ergui o braço até a mesa de cabeceira e peguei uma pequena foto dentro da gaveta superior.

Eu e um garoto que eu não conhecia estávamos abraçados de forma tão amigável em um parque ensolarado, rodeado de arvores de folhes cor de rosa. Minhas feições não eram de pura felicidade, estavam mais para um sorriso debochado, mas era evidente a minha cumplicidade pelo tal garoto.

Abracei a foto como se pudesse fundi-la a mim e chorei por mais um tempo.

Um turbilhão de pensamentos passando pela minha cabeça. Imagens onde dias felizes pairavam pelo ar. Dias que eu sabia não poder existir mais.

Queria mudar aquilo, queria tê-lo outra vez e estava disposta a tudo para isso.

Depois de um tempo virei à foto e no seu verso estava escrito com uma letra cursiva e bem desenhada.

"O melhor irmão do mundo".

Porem eu não conhecia aquele garoto e não entendia porque estava chorando a morte de alguém. E pior, havia o confundindo com Bruce.

A sensação de perda não passava e quando bateram na porta eu guardei a foto com a maior rapidez que pude. Como se fosse um tesouro apenas meu que não esperava compartilhar com ninguém.

1- A Telepata_ PersuadidosOnde histórias criam vida. Descubra agora