Já estava com os cabelos presos em uma enorme trança embutida que a minha avó tinha me ensinado a fazer. Eu ficava com um ar mais comportado quando fazia aquele penteado. Do tipo de garota que vai a igreja nos domingos e namora o mesmo garoto desde o jardim de infância.
Um suéter cor de rosa, calças jeans e meu all star terminavam a minha roupa confortável e nada provocante. Estava pronta para qualquer coisa.
Bruce tinha saído para buscar refrigerante e pipoca caramelada. Então restava a mim receber as visitas assim que elas chegassem. Claro que tive que morrer insistindo para que Bruce saísse sem mim já que ele queria esperar Louise chegar. Só que eu precisava de um tempo sozinha com ela para fazer as perguntas que eu tinha de fazer, e mesmo que eu me sentisse mal por ver meu irmão implorar para que eu fosse no seu lugar tive que bater o pé para ter um momento a sós com a garota.
Fiquei ansiosa com a chegada dela, de modo que andava de um lado a outro na sala esperando que ela tocasse de uma vez a campainha. Quando ela finalmente chegou fiquei nervosa mais uma vez só que por medo do que ela tinha a dizer.
Abri a porta devagar, receosa com o que me esperava lá fora. Mas, tudo que encontrei foi uma menina com calça jeans e suéter. Louise usava uma tiara do mesmo tom do seu suéter vermelho e os olhos estavam bem delineados, do tipo que eu jamais seria capaz de fazer já que era péssima com linhas retas.
-Ele já saiu?- perguntou ela.
Eu olhei para trás , procurando por quem quer que ela estivesse falando.
-Estou falando do Bruce.- disse ela sorrindo.
Voltei meu olhar para ela completamente intrigada. Ela não deveria saber que fazia pouco mais de dez minutos que o meu irmão tinha saído.
-Como você sabe disso?- perguntei.
-Deixe eu entrar e a gente conversa melhor enquanto você deixa aqueles hambúrgueres preparados para o Peter.- disse ela passando por mim e me deixando sem palavras.
Até já tinha me esquecido do telefonema de Peter me pedindo para deixar a massa dos hambúrgueres pronta para ele quando chegasse. Mas como ela poderia saber de uma coisa que nem eu lembrava mais?
Eu estava tão assustada que não tive coragem de perguntar nada de imediato. Andei ao lado dela até chegarmos a cozinha, onde ela parecia saber ficar, e depois nos sentamos nos bancos em frente a bancada da cozinha. Ofereci um suco para ela, que negou com um gesto de cabeça, e depois tirei a carne moída da geladeira e a coloquei em uma tigela.
-Então o que você quer saber primeiro?- perguntou ela enquanto brincava com um enfeite em formato de cozinheiro da minha mãe.
Adicionei tempero e farinha a carne e misturei tudo com rapidez na tigela. Quanto mais rápido eu me movia menos poderia ser notado a minha tremedeira. Não era Louise que me deixava nervosa e sim o fato dela saber tantas coisas sobre mim. Odiava me sentir invadida, e naquele instante entendi como as pessoas se sentiriam se soubessem que eu podia ler a mente delas.
-Olha Sarah, você definitivamente não precisa ter medo de mim.- ela me encarou até que me obriguei a devolver o olhar.- Eu não vim aqui para machucar ninguém e muito menos te fazer mal. Estou aqui porque é meu destino.
Coloquei a tigela da carne a nossa frente, entre ela e eu, como se ela pudesse me defender de alguma coisa que Louise estivesse planejando fazer. Olhei firme para ela.
-Como você sabe todas essas coisas?
Ela sorriu e depois suspirou de alivio por eu ter finalmente decidido falar.
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1- A Telepata_ Persuadidos
Paranormal" No segundo que eu olhei para ele, eu sabia que não tinha mais volta." Sarah Rens é uma garota comum que após escapar ilesa de um acidente, que levou a morte de seu pai, começa a ouvir a mente das pessoas e a sonhar com um garoto misterioso de...