Capítulo 8 - Quebrando Muros

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Estava deitada em minha cama enquanto ouvia músicas velhas no auto falante do meu computador. As minhas músicas favoritas.

Meu quarto não estava uma bagunça total, aquele dia, devido à grande arrumação do dia anterior. Sábado sempre era dia de arrumar as coisas em seu lugar na família Rens.

Roupas eram guardadas dentro do guarda roupas, papeis colocados em seus devidos lugares e mais do que tudo banheiro limpo e cama estendida.

Domingo era marcado também pelo dia de descanso para os outros integrantes da família, enquanto para mim era um dia de treino.

Os últimos dias, depois de meu acordo com Zac, tinham sido bastante tumultuados e eu estava determinada a tornar eles mais agradáveis. Faria o que fosse preciso.

Tinha planejado passar a tarde toda no parque municipal para treinar. E esperava que Suan me deixasse fora de seus passeios pré-programados naquela tarde.

Precisava expandir minha mente ao máximo e com ela ao meu lado não conseguiria me concentrar em nada que não fosse suas próprias palavras.

Ainda estava de meias até a canela e shorts cantando as minhas músicas favoritas. O dia de domingo não tinha porque ser corrido, uma vez que não se tinha nada verdadeiramente importante para se fazer e nem horários para cumprir.

Levantei da cama e aumentei o som e comecei a dançar pelo quarto feito uma louca. Me sentia uma criança toda vez que fazia isso e justo aquele dia da semana eu me permitia ser criança outra vez. Colocava meu pijama favorito e as meias até a canela e imaginava ser uma grande estrela da música pop. Era extremamente ridículo, mas meu bom humor prevalecia o resto da semana se seguisse minha rotina.

E ser ridículo sem que ninguém veja não é uma coisa tão ruim assim.

Ser o que se tem vontade quando ninguém está vendo é algo totalmente normal. Sei disso porque conheço as pessoas de um jeito que elas nem imaginam ser possível.

Lembro das coisas absurdas que via na cabeça das pessoas enquanto andava de ônibus. Andar de ônibus é o jeito mais rápido de perceber o quanto as pessoas podem ser diferentes e ao mesmo tempo totalmente iguais. A mente do ser humano é totalmente incrível e inusitada.

Toda vez que estava sentada nos bancos de um coletivo eu me perdia no vendaval de ideias loucas que é a cabeça das pessoas. Havia pensamentos de toda natureza. Pessoas pensando em bens materiais, sentimentos diversos, no que poderiam ser se tivessem tomado atitudes diferentes, o que poderia ter feito se tivessem seguido tais caminhos e nos seus inúmeros sonhos futuros de vida. As pessoas não sabiam que estavam compartilhando suas dúvidas e segredos mais íntimos comigo. E mesmo que achasse isso muito errado, foi de extrema necessidade para meu autocontrole. Eu devia muito a essas intromissões, porque elas me ensinaram muito mais do que apenas aprender a controlar a minha mente perturbada.

Elas me ensinaram a ver a vida por um ângulo melhor.

Aprendi a ser mais humana graças a isso.

Compreendi as coisas que pra mim não faziam sentido e, a saber, identificar as coisas boas no meio das ruins.

Entendi a diferença de ser boa e ingênua.

Cresci e busquei na mente das pessoas tudo que eu precisava para entender o mundo podre em que eu vivia. Porque as pessoas enganam e mente por se acharem no direito.

Mas comigo era diferente. Eu sabia muito bem o que era real no meio da hipocrisia.

E com muito bom humor e força de vontade eu segui meu caminho contando com a ajuda dos pensamentos sábios e errados. Tudo que buscava era autocontrole e mais uma vez fazer parte do grande contesto que é o mundo.

1- A Telepata_ PersuadidosOnde histórias criam vida. Descubra agora