Capítulo 41 - Não desista amor, lute por nós.

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Muitas horas se passaram e ninguém apareceu.

Fiquei presa lá mais tempo do que conseguia definir, até mais do que conseguia aguentar fisicamente. Meus braços tinham doído tanto que nem os sentia mais. Tinha ficado inconsciente mais de uma vez e meu estomago brigava por comida e agua.

Pensei que eles iam me deixar ali até que eu morresse.

Depois de tanto tempo no escuro, o silencio se torna um grande inimigo, porque a sua consciência pode lhe atacar sem dó e nem piedade.

Eu tinha tido todas as chances para evitar aquilo, mas de uma forma completamente estupida eu tinha ido parar bem no meio do fogo.

Era só questão de tempo até queimar.

Lembrei como eu e meu irmão tínhamos prometido sempre proteger um ao outro. E mesmo que eu quisesse sair dali desesperadamente, só conseguia pensar que antes eu do que ele estar passando por aquele inferno.

Todo aquele tempo eu achando que estava dois passos na frente, mas sempre estive atrás. Zac e Josh estavam envolvidos naquilo de alguma forma, faziam parte daquele grande jogo de mentiras. Eu tinha confiado neles, mas os dois tinham me enterrado naquele vazio. E mesmo que eu soubesse que alguma coisa estava muito errada com eles não conseguia sentir nada além de ódio ao lembrar dos dois.

Imagens da minha infância passavam pela minha cabeça. Momentos meus ao lado do meu pai e meu irmão. Me despedia em pensamento de todos aqueles que eu amava de verdade. Lembrei do rosto de vovó, do sorriso engraçado de Suan, do olhar gelado da minha mãe e de todas as ocasiões que fui verdadeiramente feliz. E ainda que meu coração estivesse cheio de magoas não consegui excluir Josh e Zac dos meus melhores momentos.

Eu estava prestes a me entregar, a desistir de resistir, quando imagens se infiltraram na minha cabeça sem nenhum aviso prévio.

"Duas mãos fortes seguravam o meu rosto e um par de olhos determinados olhavam para mim como se o mundo fosse acabar.

-Amor, olha para mim!- ele gritava. -Fica aqui comigo!

Eu não me movi, continuei lá imóvel exatamente como o meu eu do presente. Como se não conseguisse mais aguentar manter os olhos abertos.

V me abraçou com força, fazendo com que cada osso meu estalasse. Seu abraço era tão forte que achei que ele ia me partir ao meio.

-Por favor não faz isso comigo, não me deixe.

Contrastes daquela imagem se confundiam com o meu presente suspenso pelas correntes naquele porão. Quase como se os momentos acontecessem ao mesmo tempo e depois não. Se eu fechasse os olhos podia sentir os braços dele me apertando. Tentando desesperadamente me manter viva.

Eu já não sabia dizer se estava sonhando ou delirando. Mas era bom sentir o calor do corpo dele no meu. E não me importaria de morrer em seus braços daquele jeito.

Minha respiração foi ficando mais lenta, meus músculos relaxaram e uma lagrima escorreu pelo meu rosto.

-Eu te amo, sempre te amei.- disse ele no meu ouvido.- Você prometeu que lutaria comigo, não desista agora.

-Eu não sei como.- minha voz era quase inaudível.

Ele voltou a olhar para mim em um movimento brusco e me obriguei a abrir os olhos, ainda que com dificuldade. O cinza do seus olhos parecia ter escurecido uns dois tons. E ele parecia tão desesperado que algo dentro de mim quis realmente tentar, mesmo que eu não tivesse forças para aquilo.

-Amor, você precisa lembrar.- ele cutucou a minha testa de maneira carinhosa.- Todas as respostas estão ai dentro, você só precisa se permitir sentir que tudo vai voltar.

1- A Telepata_ PersuadidosOnde histórias criam vida. Descubra agora