Capítulo 36- Perto o suficiente da verdade.

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Certas coisas na vida da gente fazem mais sentindo quando paramos e observamos de longe, refletindo sobre os pontos positivos e negativos em modo geral. E mesmo que ao final dessa reflexão tudo pareça perdido, ainda temos que lembrar que é a coragem que engrandece.

Se ficarmos temendo tudo que estiver por vir a acontecer nunca vamos viver.

Arriscar fazer parte.

Errar mais ainda.

Estava cansada de viver na sombra dos meus medos.

Cansada até de achar que a qualquer momento tudo ia desabar.

Então me permitir viver, arriscar e acreditar cegamente que dias melhores iriam vir.

Mas como sempre, meus dias de redenção estavam contados.

Era domingo de manhã e eu não queria sair da cama.

As cobertas eram seguras de mais, quentes de mais, confortáveis de mais.

Mas eu precisava me levantar, tinha convidado Zac para o almoço de domingo, onde a família Rens se reunia para tentar ser um pouco padrão.

Mesmo com toda a preguiça no corpo obriguei a mim mesma a levantar e sorrir. Me arrumei e organizei meu quarto, tudo para não ter que ficar remoendo aquela história de ex namorada na minha cabeça.

Não tinha falado a Zac sobre a garota dos meus pesadelos, muito menos cogitado a ideia de tocar no assunto dela estar naquele mural. Ignorei completamente aquela circunstancia e me deixei levar pelo momento intimo que estávamos compartilhando.

Adorei descobrir mais do passado de Zac, assim como amei ouvir as histórias que ele contava dos amigos de quem gostava tanto.

E se eu achava que ele não podia ser ainda mais descontraído estava muito enganada. A medida que ele pode me contar todos os seus segredos tudo mudou, eu já não era somente uma garota que ele queria muito conquistar, eu era parte da sua vida secreta.

Parte da história que ele estava construindo.

-Você convidou a Suan para almoçar?- meu irmão tinha entrado no meu quarto e eu nem tinha percebido.

Olhei para ele de relance, vendo em seu semblante o quanto aquela situação estava difícil para ele.

-Não sou como você. Eu tenho bom senso.

Ele revirou os olhos, mas visivelmente aliviado.

Depois caminhou pelo meu quarto e se jogou na minha cama, mesmo que eu o advertisse com o olhar, espalhou as almofadas, que antes estavam arrumadas, ao seu redor. Ele sempre fazia aquilo, bagunçando só para me atormentar.

Quando olhei para ele percebi que seus olhos estavam distantes. Ele não estava desorganizando tudo por nada, era só seu modo de agir habitualmente quando estava quebrando a cabeça para chegar a alguma conclusão.

-O que foi?- perguntei para ele.

Ele desviou o olhar do teto para mim.

-Louise me disse para não tocar no assunto.- ele deu de ombros.- Mas fico pensando como você pode ter visto o cara lá e ter ido embora sem nem falar com ele.

Suspirei ao passo que fechava os olhos e virava de costas para o meu irmão. Não queria falar sobre aquilo, nem pensar mais sobre o assunto. Tinha enterrado aquilo bem fundo em mim e se pudesse o manteria lá para sempre.

Me aproximei da janela e olhei para rua. As crianças estavam brincando lá fora e a maioria dos vizinhos pareciam terrivelmente felizes de mais. Como se o mundo fosse fácil e ninguém devesse se preocupar com nada.

1- A Telepata_ PersuadidosOnde histórias criam vida. Descubra agora