Capítulo 35 - Fique de olhos bem abertos, tente não perder nada.

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Eu tinha certeza que nunca tinha andado naquela estrada antes, o que era muito estranho para alguém que tinha nascido naquele lugar. Deveria ser eu a surpreender ele e não o contrário, uma vez que ele não conhecia nada da cidade.

Estávamos em uma via de mão dupla, cercada de arvores altas. O sol brilhava alto no céu e poucas nuvens podiam ser vistas acima do topo das arvores. Mas apesar de ser desconhecida a estrada em si era reconfortante.

Zac estava terrivelmente nervoso e o silencio que se estendia não estava ajudando muito.

-Okay! A menos que você esteja pensando em cortar meu corpo em pedaços e espalhar por essa floresta ai não tem porque ficar esse clima.- disse tocando o ombro dele.

Zac pareceu sair da sua própria transe e olhou para mim.

-Eu não vou matar você.- disse ele surpreso pela minha ideia.

Suspirei de forma teatral o que arrancou um sorriso dele.

Eu mesma estava nervosa, com medo que a única coisa que me mantinha sã pudesse fugir das minhas próprias mãos. Não tinha parado para pensar no quanto eu me encontrava inquieta, assim como ele.

Mesmo que, no segundo em que conheci Zac, soubesse que ele era diferente de todos outros garotos da escola, jamais imaginei o quanto poderia ser esse diferente. Temia estar plenamente enganada em achar que ele era a parte boa em mim.

Pensei sobre tudo que tínhamos vivido até aquele momento e nenhuma memoria possível era capaz de me deixar preocupada. Nem mesmo uma atitude ou palavra não dita.

Ele era bonzinho de mais, carinhoso o suficiente e motivador.

Mas lá no fundo eu sabia que ele escondia alguma coisa, só que as suas atitudes eram tão simples que nunca havia sequer cogitado a ideia de invadir sua privacidade. Até mesmo quando via memoria confusas na sua cabeça.

Toda vez que eu pensava em ouvir os pensamentos e ver as memorias de Zac por algum motivo sentia que o estava ofendendo. O que não fazia sentido, porque eu não pensava isso de ninguém além dele, de forma que adentrar a cabeça de pessoas suspeitas sempre foi regra para mim.

Mas por algum motivo eu sentia que com ele era outra situação.

Ele dobrou a esquerda, em uma pequena estrada de chão batido e cascalhos. Sem sombra de dúvidas nunca havia estado naquele lugar.

Ele ainda permanecia em silencio e eu curiosa olhava pela janela feito criança quando viaja com os pais. Tudo era muito bonito e verde, tranquilo e apaziguador como o próprio Zac era.

Eu podia ver uma pequena casa de madeira ao fundo da terceira rua que ele entrou. Estava gasta pelo tempo ainda que bem conservada. As paredes da casa eram pitadas de amarelo e as janelas de vidro contornadas de branco. Ao belo estilo camponês.

Não havia cercas e nem muros para demarcar os limites do terreno. Somente arvores espalhadas ao redor de uma clareira cheia de pequenas flores do campo.

Ele estacionou o carro em baixo de uma arvore de galhos grossos e altos. Depois desceu e o contornou até abrir a porta para que eu pudesse sair.

Ele sempre era um cavalheiro.

Desci do carro segurando a sua mão, nada tinha mudado no final das contas.

Ainda.

Eu estava maravilhada pela simplicidade daquele lugar, tanto que quase não percebi a mão suada de Zac na minha. Naquela parte da clareira o sol brilhava, a ponto de nos forçar a espremer os olhos para poder enxergar, e todas as pequenas flores davam a delicadeza exata que precisava.

1- A Telepata_ PersuadidosOnde histórias criam vida. Descubra agora