Capítulo 13 - Desculpa...

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Alice.

  Encosto meu corpo na lateral do carro, mirando a vista do nada refletida na janela. O carro parado, ligado, Felipe liga o aquecedor para evitar que sintamos frio. Silencio. Só isso e um clima tenso, pesado dentro do veiculo. Percebo que Felipe não tira seus olhos de mim. 

Eu - Acha que ele morre? - pergunto me referindo ao homem no chão fora do carro.

Felipe - Talvez. Estaria mentindo se dissesse que espero que não morra.

 Me calo e observo qualquer coisa. Meu celular chama e fito sua tela, uma mensagem, Diego.

"Ei, cadê você? Desculpa. Não devia ter dito aquelas coisas todas pra você, mas cara, te amo loirinha. Não quero que ninguém te machuque, nunca. Agora por exemplo eu não faço a mínima idéia de onde você tá e eu tô preocupado com você. Muito mesmo. Me diz onde você tá e eu vou te buscar. Me responde, por favor, me desculpa." 

  Demoro um pouco, não sei se respondo. Felipe tira o celular da minha mão e o repreendo:

Eu - EI! 

Felipe - Relaxa. - começa a ler e depois de um tempo ele vira pra mim - É por isso que não pode? Por isso que não é certo? 

Eu - Isso o que? - não entendo de verdade.

Felipe - "Super-man". - diz irônico se referindo ao apelido que dou desde pequena a Diego, que por acaso aparece junto a seu número em minha lista de contatos no celular. 

Eu - Não...quer dizer, ai, também, mais ou menos isso, mas não...Felipe. Não desse jeito, não só por isso. - ele fica quieto - Mas isso não importa. Não tem como eu ficar com você, nunca. É impossível...

Felipe - NÃO! - me interrompe - Impossível é tirar essa sua marra. Fazer você deixar o orgulho de lado e admitir que eu mecho com você, que provoco sentimentos em você e que você só tá lutando contra isso,  mas você gosta de mim, mesmo não querendo. - ele dispara. 

Eu - Por favor... - pesso baixo fechando os olhos - não briga comigo. Por favor...hoje não. - abro os olhos - Eu não posso te pedir nada, você nem precisava tá aqui, eu não sei porque, não sei o que você quer, qual seu plano, sei lá - ele revira os olhos - porque você tá fazendo essas coisas bobas, eu realmente acho que você é bastante criativo, porque eu não conseguiria pensar em nada do tipo, não sei onde você pretende chegar, como você pretende me atingir. Mas olha...não vai dar certo. Porque... - ele me corta.

Felipe - Para! Para de pensar que eu quero te fazer mal! Para com isso! Eu NÃO SOU UM MONSTRO! Eu gosto de você Alice! - ele pausa - De verdade caralho. Nunca senti isso cara, sei lá, acho que eu me apaixone por você e tu não tá nem aí pra mim, me esnobando e eu que nem um bobo querendo te proteger, te ajudar, enquanto você só cita meus defeitos eu só consigo ver tuas qualidades, enquanto tu tá me xingando, eu só consigo te elogiar. Teu jeito, tua personalidade forte me irrita, me deixa louco, sua marrenta! - ele diz e parece bravo consigo mesmo, bate as mãos no volante - Eu não consigo parar de pensar em ti. Eu não gostava do teu pai, mas eu não tava nem aí pra essa rivalidade idiota do meu pai com ele. Mas agora tu não tem noção do quanto eu odeio teu pai, não por causa do meu pai, nem por nada dessa porra toda, mas só pelo simples motivo de ter feito uma filha tão linda e perfeita como você e ter feito ela acreditar que eu sou um monstro, que eu quero fazer mal pra ela. - fica quieto por um tempo - Mas eu não canso de você e não vou desistir de você. - afirma e ficamos por aproximadamente meia hora quietos, só desviando o olhar um do outro - Aonde você vai dormir?

  Respondo o endereço e ele me deixa um pouco antes da casa, mas espera que eu entre para ir embora.  Entro e vejo Diego de costas, sem camisa, só com uma bermuda de malha, ele vira para mim quando ouve a porta fechar e vejo seus olhos vermelhos, não Diego...

  Ele anda muito rápido até mim e me agarra, me abraça forte, não sinto cheiro nenhum e estranho.

Diego - Desculpa... - sua voz falha e percebo.

  Ele não fumou, chorou. Como? Desde meus oito anos não vejo Diego chorar. 

Diego - Eu te amo Alice, não me odeia maninha...me desculpa...

Eu - Eu também te amo. - abraço ele.

  Ficamos abraçados por um tempo e sinto que tanto ele como eu precisávamos daquele abraço.

Eu - Você contou pra eles? - pergunto.

Diego - Não. Eu me tranquei no quarto, tomei um banho, pensei um pouco. - diz com a voz rouca por ter chorado - Não ia contar, de jeito nenhum...

  Ele vira e coloca seu braço em meu ombro, beija minha cabeça e caminhamos até o quarto onde vamos dormir. Tomo um banho, saio e me deito ao lado de meu amigo.

Eu - Desculpa. - peço.

Diego - Você não tem culpa...

Eu - Tenho sim. - o choro volta - Mas eu juro, eu não sinto nada por ele. Juro. Só dou fora nele...

Diego - Ei! - me corta - Finge que eu não sei de nada. Eu acredito que você não sente nada por ele. Agora vem cá. - ele me puxa e me abraça.

  Me aconchego nos braços de meu amigo e assim consigo dormir.

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Genteee! E esse capítulo aí hein? 
O que vcs acharam? Comenta aí. 

Bjú!

Patricinha do Morro  ( Vol.2 )Onde histórias criam vida. Descubra agora