O ano que não vivi

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E o tempo foi passando e nossa vida foi seguindo muito bem. Voltei ao trabalho e logo em seguida entregamos a obra na Serrinha pronta. A melhor experiência foi no Vidigal, porque as pessoas lá gostam daquele morro e isso faz toda a diferença. Trabalhamos sem problemas e levamos quatro meses, e olha que era muito a ser feito! Ainda concluímos antes da época. No Dona Marta foi problemático e havia tiroteio quase todo dia. Passamos apenas dois meses lá porque decidimos jogar a toalha: sem condições.

O casamento de Ally foi lindo, e os noivos estavam muito bonitos.

- Joga o buquê Ally! – Dinah gritava.

- Você tá tão doida assim pra casar?? – Vero brincou.

- Ai gente, eu achei esse buquê tão lindo! Quero jogar não... – Ally olhou para as flores penalizada.

- Mas minha filha, onde já se viu não jogar o buquê!? – sua tia falava envergonhada.

- Eu quero um dublê de buquê! – disse chateada.

- Mas só tem esse! Menina, suas primas estão malucas esperando, joga logo isso! – a mãe pediu preocupada.

- Joga mulher, ou você corre risco de vida! – brinquei.

- Humpf! Se eu soubesse o que sei hoje, nunca tinha corrido atrás de um buquê! – resmungou uma senhora. E o buquê foi arremessado e devidamente destroçado por uma mulherada louca. Só Vero e nós ficamos de fora. Os noivos passaram a lua-de-mel em Porto Seguro e Ally voltou satisfeita, e inclusive agradecendo às palavras de Camz.

Vero foi para São Paulo em março, fizemos uma festa de despedida. Ela começou o tal curso de relações diplomáticas, mas a julgar por seus e-mails, eu não notava muita diferença no comportamento.

"Gente, esse lugar tem muito homem bom dando sopa!! E quando sabem que sou carioca eu não preciso nem estalar os dedos. Tenho um verdadeiro harém! E os trouxas ainda acham que eles é que tão por cima!"

Dinah estava bem com o namorado e já entendia mais de fórmula 1 que Galvão Bueno. Ela disse que se formaria no final do ano e dona Malika andava a mil com isso. Sandra e Nara romperam o polígono amoroso e estavam tentando recomeçar. Paulinha e Amanda estavam morando juntas no bairro Peixoto.

- Eu conheci esse Peixoto que deu o nome ao bairro. Era um amigo de papai lá de Araras!

- Amanda, menos! – Paulinha pediu envergonhada.

Camz estava ansiosa porque se formaria naquele ano, e arrumou de cuidar da formatura. Ela foi a presidente da comissão de festa, e andava feito louca preparando o projeto final de curso, estudando e correndo atrás de salão, decoração... Eu ajudava no que podia, mas não tinha muito tempo para isso. Basicamente apenas pagava as contas.

- Ai Lolo, você acha melhor o que? Gérberas ou rosas? – olhava umas fotos.

- Bem eu... – comecei a responder.

- E para as mesas? Eu escolho o cobre manchas claro com toalha escura ou contrário? – olhou para mim.

- Olha eu nem sei as tonalidades...

- E as cadeiras, têm que ter os fantasminhas... Que eu faço com eles? Com os fantasminhas? – levantou-se olhando para mim.

- Reza que de repente eles vão embora! – respondi rindo.

- Palhaça! – riu também.

Com o final dos trabalhos nas favelas, pegamos uma etapa de obras intensas na Barra e no Recreio, e eu estava usando ao máximo as estruturas metálicas nos projetos. Isso estava me dando muita abertura na carreira. Eu deixava de ser uma engenheira "peão" para ser uma engenheira mais "nobre".

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