Arrastão

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  Enfim, para Camz e eu o período já havia terminado. Passamos em todas as matérias e estávamos livres. Eu continuava indo para a faculdade apenas para trabalhar no laboratório. Em 95 minha amada seria oficialmente uma aluna da engenharia civil. Dessa vez sua mãe decidiu ir para a Inglaterra mais cedo, e como as aulas só começariam em março, planejava que a filha voltasse logo depois do aniversário. Eu andava maluca com essa possibilidade. Muito tempo sem vê-la.

  Pedi uma semana de folga no laboratório para o professor e ele concedeu. Queria me despedir de Camz. Afinal, eu trabalhava tanto que tinha o apelido de funcionária padrão. Camz e eu saímos juntas da faculdade e fomos para Ipanema. Ficamos na praia sentadas na areia e relaxando, na altura do Coqueirão. O tempo estava ótimo, o calor bem ameno e a brisa maravilhosa. De repente notei um rebuliço e ouvi alguém gritar:

- Socorro arrastão, socorro!

Um bando de moleques vinha como que tratores sobre as pessoas na praia e jogavam-se paus e pedras em várias direções. Um homem armado apareceu e começou a atirar contra os moleques. Muitos se jogaram no chão, inclusive nós.


Foi tudo muito rápido, eu nada entendia, mas apenas vi quando um rapaz bem jovem mirou o revólver para Camz e disse que ela iria com eles. Não nos movemos e no desespero ele atirou. Coloquei-me na frente dela e senti uma dor causticante na barriga.

- Nãooo!!!!! – ouvi-a gritar.


E de repente tudo ficou escuro e apaguei.  

My only love.Onde histórias criam vida. Descubra agora