Investidas

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       O tempo foi passando e nos aproximávamos cada vez mais. Eu basicamente só saía com Camila e ela comigo. Deixei de frequentar a noite e não me viam mais desfilando com namorados ou. Preferia os programas simples e diurnos. Fomos a todas as praias do Rio, até as impróprias para banho, para que ela conhecesse. Fomos a quase todos os museus interessantes da cidade, fizemos várias trilhas na Floresta da Tijuca, subimos o Pão de Açúcar várias vezes; uma delas escalando. Passeamos em Santa Tereza, na Lapa, corremos ao redor da Lagoa. Visitamos Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e Saquarema, em passeios de sábado. Em alguns desses programas as Feiticeiras iam conosco, em outros minha avó, e na maioria só nós duas.


Ela queria arcar com todas as despesas e às vezes discutíamos por conta disso. Eu não aceitava, embora notasse que meu dinheiro estava acabando mais rápido que o normal. Por conta disso, comecei a pegar umas consultorias em obras para fazer, junto com professor Ramirez e acabava trabalhando demais em certas épocas. Ele me explorava! Camz começou a ajudar trabalhando no Cantagalo, e muitos já gostavam dela, como vovó e seu Neneco. Continuei me aproximando de minha avó e mais e mais notava uma mudança em seu comportamento. Ela estava me dando espaço e já tínhamos diálogo.

Camz me contou que sua mãe começou a reclamar de não vê-la com namorado e disse que ela andava demais comigo. Começamos a disfarçar mais ainda e como Sinu passava mais tempo fora do que em casa, além da pouca atenção que dava a filha, o assunto morreu logo.

Quanto a nós duas juntas, de quando em vez tentava uma investida mais ousada, no que era prontamente cortada por ela, o que me deixava louca. Não de raiva, mas de desejo reprimido. Comecei a me masturbar bastante por conta disso.

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Era meado de novembro. Neste ano não houve greve e as aulas terminariam tranquilamente no mês seguinte. Eu estava no final do oitavo período. Camz no final do quarto. Ela encerrava o ciclo básico com notas muito boas e duvidava que fosse reprovar qualquer matéria. Ela nunca repetia. Decidiu-se por engenharia civil também e às vezes me perguntava se havia influenciado nisso; mesmo sem ter intenção. Ally estava bem na engenharia de produção, terminando o primeiro período da elétrica e Verônica sem previsão de deixar o ciclo básico. Vovó e eu continuávamos indo bem. Uma de suas duas patroas havia morrido e por conta disso ela agora só trabalhava para dona Maria. Até melhor, menos esforço para ela, pena também que menos dinheiro. Mas eu ajudava e não passaríamos fome, isso não!


Havia acontecido a eleição para presidente e Vero e eu participamos de muitas passeadas contra FHC, mas não deu jeito; o homem venceu. O plano Real lavou a mente do povo. Camila concordava com nossa postura política, mas os pais eram totalmente a favor do novo presidente que acabava de vencer. e a mãe também, enquanto Ally apenas rezava para que "Deus desse um jeitinho nas urnas".

Em uma bela tarde Camz e eu estávamos na minha cama no beliche. Era domingo, minha avó havia ido para a Feira da Providência a convite de seu Neneco e a capoeira não aconteceu por conta de um acidente com mestre Tião. Estávamos em um amasso daqueles, eu deitada sobre ela, entre suas pernas, que me envolviam. Coloquei a mão por debaixo de seu vestido e ela retirou-a do lugar. Tentei desabotoar a parte da frente, na altura do busto e ela não deixou.

Apertei seu seio enquanto mordia seu pescoço.

- Not that way my love... – me disse como em um sussurro.

- Camz não joga duro assim comigo, vai... – beijei seu colo – Eu tô que não me aguento...


Ela começou a se remexer e saiu debaixo de mim levantando-se rapidamente. Fiquei sentada na cama, respirei fundo e passei a mão nos cabelos.

- Você vai acabar me matando sabia?

- You... – endireitou a roupa, respirou fundo e continuou – Don't... Você tem tanto... fogo!


Levantei da cama.

- Já tem mais de um ano que a gente tá junta!
- Um ano, dois meses e quinze dias. Acha que eu não sei?

Cheguei mais perto.

- Linda, já tá em tempo da gente começar a ter mais intimidade. Nem tocar em você direito eu posso! E você parece que nem tem coragem de me tocar da mesma forma, embora eu não te proíba.

-Lauren, eu não me sinto pronta! – sentou-se na cama – Você disse que não me pressionaria...

- Não é pressão! – sentei-me a seu lado – É que... Eu te quero muito.


Levantou-se novamente e foi até a janela. Ficou mexendo nas rendas da cortina. Levantei-me, abracei-a por trás e beijei sua nuca.

- Medo de que?? Você me ama?

- Sabe que sim.

- E não confia no meu amor?

- Não ainda...

- Por quê????

- Você nem nunca me disse que me ama! Além do mais noto que muitas vezes quando estamos juntas na rua você tem umas atitudes como se quisesse dizer aos outros: "olha gente, pode até parecer, mas eu não estou com ela. É só amizade!" Também percebo que os homens, mesmo tentando disfarçar. Já surpreendi, inclusive, uns olhares furtivos entre aquela garota lá do Burguesão e você quando vamos comprar meu almoço.

"Meu Deus ela não deixa passar nada!"

- Mas Camz... Isso tudo é bobagem, eu nunca te traí com ninguém desde que começamos pra valer. – virei-a de frente pra mim – E quanto ao fato de nunca ter dito... Eu apenas não me expressei verbalmente, mas em atitudes digo isso o tempo todo.


- Eu quero ouvir!! É importante! – calou-se por uns instantes - Mas não agora, porque sei que se disser é só pelas minhas queixas.

- Eu tenho dificuldades pra um monte de coisas. – passei a mão em seu rosto – Mas meus sentimentos por você são mais que verdadeiros.

- Eu já vou indo... – caminhou até a porta.

- Por quê??? – fui atrás.

- Quero ficar sozinha...


Desci as escadas com ela, mas não quis minha companhia até em casa. Deixei-a no ponto de táxi e ela se foi. 

My only love.Onde histórias criam vida. Descubra agora