Cabo Frio

147 6 0
                                    

Na segunda-feira comecei o trabalho com professor Ramirez em Bonsucesso e a coisa estava uma loucura. Trabalhamos muito e eu chegava em casa por volta das 18:30h. As aulas de Camila começariam em março, após o carnaval, então ela ficava em casa. Quando eu chegava, fazíamos amor durante e após o banho, quase todos os dias.

Dia 15 de fevereiro a UFRJ marcou a tal cerimônia onde seriam entregues os títulos honrosos aos alunos de melhor desempenho acadêmico. A premiação misturava gente de todas as carreiras e levava em consideração a média final do aluno, ao longo dos anos, e o tempo que este levou para se graduar. Da engenharia só havia eu, os demais eram praticamente formandos em Letras, Música, Artes, Direito, Medicina, Biologia e Administração. Ao todo, éramos dez pessoas.

A cerimônia aconteceu no Centro da cidade, durou três horas e contou com alguns<br>

discursos por parte dos mestres representantes da universidade. Recebemos abraços e tapinhas nas costas. Ao final, um coffee break e uma distribuição de chaveiros e agendas da UFRJ. Simples, mas emocionante. Há um certo glamour no meio daquela simplicidade e só o fato de se saber ganhadora de tal reconhecimento já é incrível. Camz se emocionou bastante e eu fiquei muito feliz de tê-la comigo para dividir o momento. Mentalmente, ofereci a menção honrosa a vovó, para que soubesse e se sentisse um pouco responsável por tudo aquilo.

Chegando em casa, comemoramos ainda com sorvete, chantilly e morangos na cama, provando e lambendo cada pedacinho de pele e doce. Dormimos bem tarde.

******************************

Meus trabalhos com o professor duraram pouco e acabaram nas vésperas do carnaval, que foi exatamente quando meu diploma ficou pronto. Liguei para Arthur e ele não estava. A secretária me passou para um tal de senhor Júlio, que me fez verdadeiro interrogatório por telefone. Por fim, disse que era Arthur quem selecionava as pessoas e por isso deveríamos esperar que voltasse, o que só aconteceria na quinta-feira. "Depois dizem que é só no serviço público que se vê moleza!"

Camz gostou da notícia, pois poderíamos passar o carnaval juntas. Sandra e Nara convidaram para irmos com elas para Cabo Frio, e aceitamos, apesar de meus receios no quesito contenção de despesas. Camila disse que guardava o dinheiro que vó Dorte dava e havia uma boa soma no banco. Poderíamos fazer certas pequenas extravagâncias. Do dinheiro que ganhei no concurso ainda havia sobrado algum.

Decidimos viajar na quinta à noite e fomos no carro de Camz, seguindo Sandra e Nara. Eu fui dirigindo.

- Amor, você não acha mesmo que aquele meu biquíni vermelho está muito apertado? E o verde? Afinal eu engordei um pouco...

- Ah não Camz, você não engordou! Você tá malhando e ganhou mais corpo, mas corpo sarado e não gordura. – olhei-a com o rabo do olho - Ficou gostosa demais nos biquínis. Nem sei como vou te deixar usá-los sem tirar de você toda vez que a gente se arrumar pra ir pra praia.

Deu-me um tapinha no braço e sorriu:

- Você é uma tarada, sabia? – pausou – E o seu biquíni azul é que eu acho muito cavado! Deixa pouco para se adivinhar...

- Que é isso? É um biquíni... normal.

- Normal? Sei. – olhou para mim – Eu noto como Sandra repara bem em você usando seu biquíni... "normal". – fez aspas com os dedos.

- Que isso amor? Sandra me conhece há anos e ela nunca me deu idéia. Além do mais ela tá com Nara há sabe-se lá quanto tempo.

- Ela nunca "te deu idéia" porque achava que você era hetero convicta demais para tal. Depois já viu você comigo, e então ficou meio sem graça de abordá-la

My only love.Onde histórias criam vida. Descubra agora