Passeio no Morro.

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       Daquele sábado em diante começamos a passear sempre pela praia após estudarmos. Conversávamos bastante e eu me sentia tão à vontade com ela que parecia que éramos amigas há anos. Chegamos a ir ao Pão de Açúcar em um dia que houve paralisação na faculdade e ela estava como criança deslumbrada. Em um sábado me pediu para ir ao morro e consenti.

- Amanhã eu levo você. Venho aqui te buscar e você passa o dia com a gente lá.

- Ai eu quero! - respondeu excitada.

E assim aconteceu. Passei em seu apartamento para buscá-la e fomos até o Cantagalo. Notei que ela se espantou um pouco com a pobreza, mas se conteve e soube agir com naturalidade, coisa que admirei bastante. Apresentei-a a seu Neneco e fomos subindo para minha casa. Ela estava de short jeans e uma blusinha rosa, calçando tênis de mesma cor.

Parecia uma menininha.

- Não repare o meu barraco Camz. É simples, mas acredite que é muito bem cuidado. - falei me aproximando da cerca.

- Sabe que não tenho essas coisas.

- Vó, chegamos! - abri o portão da cerca

Vovó apareceu na porta de casa e sorriu para Camila.

- Camz, essa é minha avó Eleonora.

Não sei explicar, mas me senti como quem apresentava um namorado novo. Estava tensa.

- Bom dia minha filha.

- Bom dia, como vai à senhora? - Camz aproximou-se ando beijos de comadre.

- Bem, e você?

-Graças a Deus, tudo bem.

Elas se olharam sorrindo.

- Vamos, entre. - vovó saiu da porta dando passagem

Camila entrou e percebi que ficou surpresa com o tamanho do barraco. Embora que disfarçasse, parecia estar penalizada.

- Vó, nós não vamos demorar muito aqui agora porque ela vai à aula de matemática comigo.

- Mas vocês vêm pra almoçar? - olhou para nós

- Sim. - olhei para Camila - Eu vou pegar algumas coisas e daí já iremos. Senta um pouco.

- Tudo bem. - sentou-se.

Ouvi quando vovó perguntou:

- Quer alguma coisa filha? Uma água, um café?

- Não precisa se incomodar comigo dona Eleonora. Estou bem.

- Então dá uma licença que eu vou pra cozinha fazer a comida.

- Fique à vontade.

Peguei uns livros e voltei para sala.

- Pronto Camz. Voltei. Vamos lá?

- Vamos. - levantou-se e olhou para cozinha - Até logo dona Eleonora!

- Até logo filha!

- Vó, na hora de sempre tô de volta. - olhei para a cozinha também.

- Tá bom!

Caminhamos até o prédio do espaço comunitário e já havia um monte de crianças esperando. Camila assistiu à aula e rapidamente se aproximou de todas elas. Seu jeito com crianças era encantador. Meio dia estávamos de volta no meu barraco e ela almoçou conosco dando a impressão de gostar bastante da comida. Puxou conversa com vovó.

- Então a senhora não é do Rio de Janeiro?

- Não, sou baiana. - respondeu simplesmente

- Lauren e disse que a senhora mora na cidade há muitos anos.

My only love.Onde histórias criam vida. Descubra agora