Explicações

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Acordei na hora de sempre e fui trabalhar. Camila ainda estava trancada no quarto. Entrei lá para pegar minha roupa e vi que dormia, ou fingia dormir. Tomei o café correndo e fui para o escritório. Eu havia chorado durante a noite e meu aspecto estava péssimo. A cabeça doía, o coração doía, e não conseguia entender o que estava havendo.

O dia foi terrível, como não poderia deixar de ser, e por volta das 17:30h Laís me avisou que Camila disse que chegaria mais tarde em casa. Aquilo serviu para fechar com chave de ouro!<

Pensei em um milhão de coisas e sentei em minha cadeira desolada, sem conseguir me concentrar em coisa alguma. Com isso nem percebi que os colegas haviam ido embora, e só despertei do transe quando a mão de Laís tocou meu ombro.

- Laur? – disse delicadamente.

- Ah, oi! – olhei para ela – Cadê todo mundo? – olhei ao meu redor.

- Já se foram. São quase sete horas, Laur. O que há com você? – olhou para mim preocupada.

- Nada. – menti – Só... cansaço!

- Você trabalha demais! – pegou minha mão – Vem, levanta daí!

Levantei e me senti desnorteada.

- Vamos sair pra conversar. Tem uns lugares legais na cidade onde se pode bater um papo tranquilo. – pôs a mão no meu rosto – Você vai pra casa pra ficar sozinha lá? Vamos conversar e ver gente! – sorria

Respirei fundo e balancei a cabeça.

- É... Vamos conversar e ver gente

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Eu estava de carro e Laís sugeriu que fôssemos em um restaurante/barzinho na Praia do Meio chamado Cais 49. O lugar era todo decorado com motivos da Marinha e construído sobre uma pedra, de frente para o mar. Pegamos uma mesa bem posicionada e a vista era muito bonita

- Belo lugar! – comentei.

- E o céu está nublado! Tem que ver isso aqui em noites de lua cheia. É tão romântico... – bebeu um gole de chopp – Laur, você nunca bebe nada alcoólico?

- Bebi alcoólicos em quantidades que dá pra contar nos dedos. Somente em situações muito especiais. Chopp e mais uma centena de bebidas eu nunca nem provei. Nem quero.

- Não quer abrir uma exceção hoje? – olhou firmemente para mim – Às vezes é bom pra espantar a tristeza. Você tá aperreada como nunca a vi desde que nos conhecemos.

- Todo mundo tem seus dias ruins... – bebi um gole da água de côco – E não, eu não tô a fim de afogar as mágoas enchendo a cara.

- É a Camila, não é?

Olhei para ela espantada.

- Ah, Laur, não me olhe com tanta surpresa. Eu trabalho com as duas e posso sentir. Vocês estão vivendo uma fase ruim. É normal, além do mais depois de tanto tempo juntas...

- Como você disse, é uma fase. Vai passar. – fiquei olhando o mar.

- Posso te fazer uma pergunta íntima?

- Pode. – ri – Só não sei se terá resposta.

- Como se descobriu... assim... como soube que você era chegada a... ao outro lado da força? – me olhou sem graça.

- Ao outro lado da força?? – ri -Tô me sentindo em Guerra nas Estrelas. – balancei a cabeça – Resumidamente digo que me apaixonei pela pessoa da Camila e aconteceu dessa pessoa ser uma mulher. Depois de uma longa fase de dúvidas e conflitos pessoais nós decidimos viver o sentimento e aqui estamos nós; - abri os braços - juntas há oito anos. – bebi mais um gole

My only love.Onde histórias criam vida. Descubra agora