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Cassie estava ao meu lado,já estávamos quase no fim do corredor e caminhamos em silêncio.

Acho que não tinha muito o que dizer, na verdade acho que não tinha nada a ser dito.

A realidade é que eu não tinha planejado esta parte, nem cheguei a pensar como seriam os últimos minutos antes de partir.

Na verdade sim, tinha pensado uma vez apenas, mas o que imaginei foi muito diferente do que estava acontecendo na realidade, o coração apertado, a vontade de ficar e o silêncio constrangedor não existiam na minha imaginação.

Paramos um pouco antes da escada, Cassie entrou em minha frente fechando a passagem.

- Escuta, esse não é um dos momentos mais fáceis da minha vida e acredito que também não é da sua, mas eu quero que escute tudo que eu tenho pra te dizer em silêncio, não quero que isso se torne mais difícil do que já é depois se você quiser falar alguma coisa tudo bem.

Eu assenti e Cassie fechou os olhos e respirou fundo em seguida começou a falar.

- Eu sei que não esta sendo fácil para você se despedir de uma vida que já tinha e construir uma nova assim do zero, mas eu não sei o que acontece comigo, eu não consigo separar essa torrente de sentimentos, de lembranças, e tudo o mais do que é melhor para você e eu estou me sentindo a pior pessoa do mundo, super egoísta, porque enquanto você pensa onde vai passar a noite e como vai comer e se sustentar daqui pra frente eu só sei pensar em mim e em como a nossa amizade pode acabar e em como eu vou sentir sua falta e que você não vai mais estar dormindo na cama que esta do meu lado- no final ela já estava com lagrimas nos olhos e falando freneticamente.

Antes de falar qualquer coisa eu a abraçei para mostrar o quanto aquilo tudo era besteira, dizem que um gesto fala mais que mil palavras e nada caiu melhor naquele momento que aquela frasezinha.

- Cassie- disse sem solta-la e passando minha mão em sua costas- você...você...você tem que pensar que isso vai passar e que você vai continuar a sua vida e que eu não estou morta a gente pode continuar se vendo se você quiser- falei fungando.

- É claro que eu quero continuar te vendo dragãozinho.- ela disse ainda abraçada a mim e pude sentir um sorriso em sua voz, aquilo me deixou um pouco mais aliviada, significava que ela estava um pouco mais conformada com a minha ida.

Olhei no rosto dela.

- Então está combinado pirralha, uma vez vez por mês eu venho te visitar, só não venho com mais frequência porque agora tenho que procurar um emprego, o dinheiro que Lilien me deu não vai durar muito, ou pelo menos é o que eu acho, ela não me falou quanto dinheiro tem na conta.

- Tudo bem- ela disse balançando a cabeça afirmativamente- eu entendo, pelo menos você pode vir.

O choro ainda não havia secado, mas tentamos nos controlar, algum dia a pequena distância que nos separava já não seria para nós tão grande e então tudo ficaria bem.

Limpei a garganta.

- Hããã...acho que a gente tem que ir- apontei para o final do corredor, meus olhos e estavam com resquícios de lágrimas ainda e meu coração estava de certo modo partido também, mas estava na hora, não tinha como evitar isso e nós sempre soubemos- devem estar esperando por nós, tenho meio que um horário para sair daqui e acho que, bom não temos muito tempo de sobra- falei com um sorriso.

Ela balançou a cabeça afirmativamente mostrando que entendia o que eu havia dito.

Eu sofria por ter que partir, pela saudade que ia sentir de tudo, mas o que mais me fazia sofrer era Cassie, sim Cassie.

AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora