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Eu não estava bem isso era fato. A questão era descobrir o porque da minha irritação.

Fechei meus olhos.

E depois de refletir um pouco cheguei a resposta da questão que parecia tão difícil de responder:  não tinha motivo algum.

Eu estava confusa e estava deixando isso interferir no meu dia.

Respirei fundo.

Talvez o que também me irritasse fosse a pena dos dois, de Zack e Cassie.

Mas também refleti sobre isso e bem, se eu estivesse no lugar deles não faria a mesma coisa? Não sentiria pena de mim mesma?

Imaginei Cassie em meu lugar para que ficasse mais claro em minha mente.

Visualizei uma Cassie completamente confusa com o que estava acontecendo em sua vida e que ameaçava cair no choro pelo menos duas vezes por dia e a resposta foi imediata: Pena.

Eu já estava com pena dela e eu só a estava imaginando naquela condição,  nem era real.

O que me dava mais repulsa era que o pensamento chegou realmente a se formar em minha mente.

Pobre Cassie!

Uma questão muito interessante, para mim pelo menos, é que eu não só  odiava que as pessoas sentissem pena de mim como também odiava sentir pena das pessoas.

Preferia que as pessoas sentissem odio de mim que pena.

Vejam bem, o ódio é um sentimento vivo, ele pulsa, se fosse pra imaginar a cor que o ódio tem eu diria preto, preto e vermelho cores fortes.

O preto podia não ter "vida" mas o vermelho por outro lado pulsava vivo, representaria muito bem um sentimento que é totalmente fervilhante.

Quando a pessoa tem ódio de Você é porque ela ainda se importa e até demais, não de uma forma positiva, claro, mas se importa, mas a pena?

Quando alguém tem pena de você é porque te considera tão fraca, as vezes tão pouco que não pode nem ao menos se preocupar com você, porque não há com o que se preocupar.

Você se torna um farrapo humano para o outro.

Quando uma pessoa sente pena da outra ela acredita que o ser humano alvo da pena se encontra em um estado tão deplorável que a mesma não é capaz de fazer algo nem de ruim nem de bom ou mesmo perigoso para ela.

A pessoa continua existindo, mas de uma forma vazia.

É um sentimento totalmente desprezível.

Mas quem sabe eu não estivesse merecendo aquilo?

Querendo ficar sozinha pelos cantos, querendo chorar por tolices ou mesmo fazendo o papel da garotinha "coitada-de-mim-eu-não-tenho-mãe", sendo que isso estava prestes a mudar fazia com eu merecesse isso e até mais talvez.

Eu podia estar confusa mas tinha que me controlar e pelo menos parecer a adulta que as leis do meu país diziam que eu era.

Mais uma respiração profunda.

Cada respiração um pensamento a ser criado. Um problema a ser resolvido.

Pronto. Estava decidido.

Eu ia parar com o drama e ia me controlar, ia confiar que ia encontrar minha mãe ao final disso tudo, não ia questionar Max, porque ele devia saber o que estava fazendo e se minha mãe o mandou fazer o que estava fazendo então eu tinha que confiar que ia dar tudo certo no fim.

AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora