Nunca pensei que as palavras fossem sair tão facilmente, mas elas saíram.
Eu lhe expliquei tudo, que Cassie estava a ponto de surtar, que a pobre necessitava de uma cama de verdade, de um chuveiro com água doce e quente e shampoo e condicionador para lavar os cabelos que já estavam ressecados de tanto contato com o sal do mar.
Eu pensei que ele me responderia mal, ou talvez que me olhasse com seriedade sem igual e dissesse que nada podia fazer, porque aquilo tudo eram ordens de minha mãe e que ele as tinha que cumprir sem pestanejar.
Esperei atônita por uma reação enquanto ele apenas me olhava com interesse, até então focado no que estava dizendo.
E então...ele riu, riu de verdade.
- Graças a Deus- disse segurando a barriga depois de rir até fazê-la doer.
- Eu...eu não entendi, como assim graças a Deus? Graças a Deus o que?- falei confusa e com cara de idiota.
- Eu estava começando a achar que era o único que sentia falta de coisas assim- ele explicou com o mesmo sorriso de sempre estampando o rosto- estava começando a me sentir mal com isso.
Ele passou a mão pelo cabelo, para tentar com o gesto esconder o rubor das bochechas.
Eu arregalei os olhos e joguei as mãos para frente enquanto acenava com as mesmas.
- Não se sinta, quer dizer, isso são coisas básicas e tenho que admitir que eu gosto muito do contato que estou tendo com a natureza, o mar a vista toda hora, a areia sob o pé, tudo isso é incrível, mas a questão dos chuveiros não tem que entrar nisto não é mesmo? Eu só quero dizer que a ideia de tomar banho com água quente de novo é bem tentadora e agradável- dei um sorriso pequeno para complementar o que estava dizendo.
Ele continuou andando e cuidando do jantar enquanto conversávamos, os aromas fazendo com que minha boca se enchesse de água e os roncos do meu estômago ficasse mais altos e frequentes, abracei minha barriga enroscando os braços ao redor do meu tronco com a esperança de amenizar, ao menos um pouco, o som.
Continuei o seguindo para lá e para cá esperando por uma resposta torcendo para que ele não estivesse escutando nenhum dos barulhos que minha barriga estava produzindo, além de esperar que ele não achasse estranho o fato de eu estar me abraçando enquanto andava.
Depois de tirar do fogo o que era necessário ele parou e me olhou, prestes a me dar uma resposta, então me olhou bem, mudou de ideia e se aproximou mais de mim.
- Está com frio?- perguntou em um quase sussurro passando seus dedos por minha bochecha para ver minha temperatura- Você está toda arrepiada e está quente.
Olhei para o meu braço, estava de fato arrepiado, cada fiozinho que estivesse ali estava em pé, deixando mais evidentes ainda mais os poros.
Mas frio não tinha nada a ver com aquilo, eles não estavam daquele modo há dois segundos atrás, antes de ele me tocar.
Eu podia sentir seu hálito quente vindo de encontro com o meu rosto, assim como o rubor que tomava conta de todo o meu rosto.
É claro que estou, seria meio difícil não ficar quente com o todo o meu sangue escorrendo para o mais perto impossível da pele do meu rosto, eu só acho.
Um frio percorreu minha espinha, me deixando confusa e mandando mais uma onda de arrepios pelo meu corpo, acompanhados por alguns tremores.
Como eu poderia sentir frio em pleno ápice do verão?
Aquilo com toda certeza não era frio.
Como eu poderia estar me arrepiando, se há minutos atrás estava com calor?
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Abandonada
Romance*Plágio é crime, faça a sua própria história afinal todo nós somos incríveis e temos capacidade para isso😚* Elizabeth é uma garota que viveu sozinha em um orfanato durante grande parte de sua vida, ela sempre teve curiosidade de saber qual é a sua...