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Acordei no dia seguinte com o sol atravessando levemente as cortinas na porta dupla de vidro da varanda.

Olhei de um lado para outro me sentindo confusa, tinha esquecido que estava dormindo em um dos hotéis da amada (e agitada, mesmo a madrugada de ontem tendo sido estranhamente calma) Nova York, o que podia ser perdoado já que passei 15 anos da minha vida dormindo no mesmo quarto todas as noites.

Já se ouvia lá fora as buzinas dos táxis amarelos que podem ser reconhecidos em qualquer parte do mundo como provenientes de Nova York.

Tenho que admitir que grande parte desse reconhecimento é culpa de Hollywood e seus que mostram essa cidade em todo o seu esplendor comercial.

Olhei no relógio, já eram 9:03.

O movimento frenético nas ruas já tinha começado havia um bom tempo.

Me virei para o lado e observei, ainda sonolenta que Cassie ainda dormia.

Também depois do porre de ontem a noite.

Me sentei na cama e me espreguicei esticando os braço no ar cada um para um lado.

Bocejei e senti meus olhos pesarem de sono.

Ia me deitar novamente por instinto quando meu alarme mental tocou.

9:30! Droga!

Me levantei desajeitadamente e quase caí de cara no chão.

-Cassie!- a sacudi sem nenhuma cerimônia e classe- acorda!

Ela resmungou e virou para o outro lado não se importando nem um pouco com o tom desesperado da minha voz.

- CASSIE!-gritei.

Ela nem se deu o trabalho de se mecher ou mesmo resmungar dessa vez.

Bufei e comecei a pôr a cabeça para funcionar.

Olhei em volta pensando no que poderia fazê-la acordar.

Quadros, cortinas, o relógio, um copo de água...

Água.

Uma vez no orfanato Cassie foi acordada assim por Martírio.

Acho que nem preciso dizer o quanto ela amou a idéia.

Fui até meu criado mudo e peguei o copo de água que estava do lado do relógio digital e do qual eu havia tomado metade de seu conteúdo.

É muito pouco para acorda-la.

Corri até o banheiro e o enchi até quase transbordar, voltei para o quarto o mais rápido que conseguia sem derrubar a água do copo.

-Me desculpe- sussurrei para o corpo adormecido de Cassie.

Em seguida Fechei meus olhos e joguei toda a água do copo nela à uma certa distância de sua cama.

Ela, por causa da ressaca sem sobra de dúvidas, acordou lentamente.

- Que droga é essa?- falou ela bem devagar, com a voz rouca e uma careta de dor.

- Água?- perguntei com um sorrisinho amarelo.

Ela passou a mão pelo rosto molhado e começou a se levantar, ou melhor, tentou começar a se levantar.

- Quer ajuda?- perguntei com cautela.

- Acho que não tenho muita escolha- falou com a voz ainda rouca e os olhos quase fechados- droga,que dor de cabeça horrível, por acaso em algum momento do jantar eu fiquei bêbada e comecei a bater a minha própria cabeça na mesa de jantar?

AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora