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O dia passou muito rápido por mais estranho que fosse.

A única coisa que fizemos foi andar em linha reta com a areia clara sob nossos pés, fazendo paradas em intervalos regulares.

Desisti de tentar entender o que estávamos fazendo depois da quarta vez que perguntei para onde estávamos indo e Max me respondeu com um enigma que eu não conseguia resolver e a promessa de que caso eu encontrasse a resposta ele me diria onde estávamos indo, como prêmio.

Adivinhem? Eu nunca conseguia nem imaginar o sentido das palavras que compunham o enigma e não ficaria admirada se ele apenas tivesse lançado palavras complicadas todas juntas para que eu me virasse tentando encontrar resposta para algo que na verdade nem tinha realmente uma resposta.

E assim a tarde se passou, até que chegamos ao ponto em que ele disse que íamos acampar, perto da hora do sol se pôr como na noite anterior.

Tivemos tempo de entrar no mar, afinal aquele seria o único chuveiro que teríamos temporariamente, não era o melhor mas era o que tínhamos para o momento.

Cassie torceu o nariz durante todo o processo de tomar banho vestida e eu ri, apesar de tudo não foi tão estranho quanto eu achava que seria.

Me senti muito bem quando saí do mar com água salgada pingando dos cabelos e das próprias roupas, estava com um sorriso no rosto e pela primeira vez percebi que tudo que tinha pensado a respeito de minha mudança, de agora ser a garota feliz não podia ser mais verdade, não quando sorrisos brotavam do nada em meus lábios, sem que eu nem sequer percebesse que estava ali.

Eu me sentia feliz.

Perdida no meio do nada, sem saber exatamente para onde estava indo nem o que esperar quando chegasse lá, mas feliz.

Me sentei aproveitando o que restava do calor do sol, enquanto o via ir embora.

Eu adorava o efeito do sol sob sobre a minha pele, o modo como me fazia querer ficar ali para sempre, congelada naquele momento de paz.

Mas não, eu tinha uma família me esperando e por mais que fosse chato ficar pensando nisto o tempo todo sem nunca receber informação nenhuma a respeito dela eu gostava de imaginar, de me lembrar e até mesmo de me iludir.

Eu não tinha certeza de absolutamente nada, mas eu gostava de pensar a respeito, eu sabia que era muito errado me iludir daquela forma, esperar tanto tendo tão pouca informação.

Suspirei e olhei para trás, a mesma operação do dia anterior se repetia.

Depois de caminharmos como loucos paramos em um lugar apropriado para acampar, na verdade para mim não fazia diferença nenhuma parar ali ou trezentos metros atrás levando-se em consideração que estávamos mesmo no meio do nada.

Não havia realmente nada aqui que não tivesse lá trás.

Me mexi um pouco sentada e gemi, tudo doía, podia jurar que até a queratina das minhas unhas estavam morrendo de dor.

Respirei fundo, agora o sal misturado ao ar já me parecia natural e não pinicava mais em meu nariz.

Era até agradável na verdade, me lembrava vontade de viver, cheio de sabor.

- E aí?- uma pequena montanha de ossos e carne se acomodou ao meu lado de modo brusco, desajeitado e principalmente despreocupado, quase me jogando areia.

Olhei para o lado para saber quem era.

- Oh, Zack?- eu realmente esperava outra pessoa...

-Sim, eu, estava esperando o príncipe encantado ali?- ele apontou para Max que no momento se ocupava com a fogueira.

AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora